Opinião

• 08 de Novembro de 2009

  Natal e o óbvio ululante!

  

   

   

              As belezas naturais e a posição geográfica de Natal vêm desde a criação do mundo por Deus. Nem por isto, se torna enfadonha a busca de propostas viáveis para o melhor aproveitamento econômico e social desse privilégio, sobretudo em relação à geração de empregos e oportunidades. Às vezes, por falta de um grito, se perde uma boiada!

              A criatividade de Aluízio Alves levou-o a defender anos e anos, a extensão para o RN da energia gerada nas águas de Paulo Afonso – semelhantes as que Moisés dividiu no Mar Vermelho -, como forma de acelerar o nosso desenvolvimento.  Tempos depois, Garibaldi Alves usou as águas citadas na Bíblia para executar oportuno programa hídrico no RN. Tarcísio Maia, Lavoisier e José Agripino transformaram as dunas de Natal – formadas de depósitos marinhos milenares –, na aprazível “via costeira”, cartão postal do turismo potiguar. A criatividade não dispensa a obra de Deus, dos descobridores e os conhecimentos passados, por mais evidentes que sejam. 

              Falo isto, a propósito de diálogo que tive com Aldemo Garcia, diplomata conterrâneo e atual Cônsul do Brasil em Toronto, no Canadá, na sua recente vinda a Natal. Conversamos sobre uma preocupação comum - a ele e a mim -, citada com freqüência nos livros - artigos e discursos - sobre a minha atividade parlamentar. Trata-se da vocação natural da cidade de Natal para o “turismo nacional e internacional de eventos”. Tudo isto, por conta do “óbvio ululante”, que é a nossa posição geográfica avançada frente à Europa e a África. Embora óbvia, pouco (ou quase nada) se faz para aproveitá-la.

              Refletimos que o RN poderia propor a versão no século XXI – com os presidentes Lula e Obama – do histórico encontro ocorrido em 1943, na Rampa em Natal, entre os presidentes Getúlio Vargas e Roosevelt, que decidiu o destino do mundo livre. O fato divulgaria a cidade na mídia mundial e a consolidaria como um dos melhores locais o “turismo de eventos”.  Guadalajara no México cresceu com o turismo de eventos, que repercute em, pelo menos, 56 setores da economia.

              Lembrou Aldemo que, em junho passado, realizou-se na Rússia a Iª Cúpula de Chefes de Estado dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo das maiores economias emergentes. Durante o encontro, decidiu-se que a próxima reunião será no Brasil em maio de 2010, em cidade ainda a ser escolhida.

              Fortaleza já acolheu a reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Porto Alegre sediou quatro edições do Forum Social Mundial. São Paulo, a Reunião dos Ministros de Finanças dos países do G20 e a Conferência Internacional sobre biocombistíveis. Belém o Fórum Social Mundial, com a participação de cerca de 100 mil visitantes do Brasil e do mundo. Esteve presente até a famosa TV árabe “Al Jazeera”, do Catar. Port of Spain, na pequena Trinidad e Tobago -população de apenas 1.3 milhão de pessoas - foi a sede recente da “Cúpula das Américas”, que reuniu 34 Presidentes e Primeiros-Ministros do continente americano. Salvador patrocinou a “Cúpula da América Latina e Caribe”, com a presença de 33 chefes de Estado.

              É a hora de Natal ter o seu primeiro evento internacional, justamente quando assume a secretaria-geral do Itamaraty (vice-ministro das Relações Exteriores), o embaixador conterrâneo, Antonio Guerra Patriota.  “Não há nada como um sonho para criar o futuro” (Victor Hugo). Natal poderá sonhar em sediar a “II Cúpula de Chefes de Estado dos BRICs”, em 2010. A nossa posição geográfica será o grande trunfo, mesmo sendo essa característica o óbvio ululante, que muitos ainda teimam em não enxergar.

  • Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal

  Publicado aos domingos
  nos jornais DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
  Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte 

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