Opinião
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16 de Agosto de 2009
Pacto, sim; Acordão, não!
Foi anunciado “pacto político” no Rio Grande do Norte entre o PMDB, PR, PP, PMN e PTB. Com a reforma política sepultada – o que é profundamente lamentável -, os partidos locais ensaiam entendimentos prévios, que embora girando em torno de pretensões eleitorais nas próximas eleições majoritárias, considera-se “um primeiro passo” para a melhoria do nível da disputa em 2010, desde que sejam acrescentados outros ingredientes.
Repito sempre que política se faz com a aproximação de convergências e superação de divergências. Esse processo, todavia, supõe firmeza de idéias, de propostas e ética de conduta. Quando tais valores dão lugar apenas ao oportunismo fisiológico, a conta de somar se transforma em diminuir, pela rejeição popular, que percebe a busca exclusiva do continuísmo, a qualquer custo. O povo é muito mais sabido do que se pensa!
O fundamental nos “pactos” é a sua legitimidade, ou seja, a visão clara do que a sociedade poderá ganhar, em função do entendimento político realizado. Também quais as “idéias-chaves” defendidas e que tipo de mudança real é oferecida ao cidadão. Sem isto, não haverá pacto, mas sim mero oportunismo eleitoral.
Há exemplos de pactos na história política nacional. Após a II Guerra Mundial, o Brasil assistiu o pacto político, considerado impossível, de Prestes com Getúlio Vargas, em torno da união nacional pela redemocratização. O interesse público prevaleceu.
Em 1967, Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek firmaram pacto para o início do então inadiável processo de redemocratização do Brasil.
Em 1984, o PMDB e a ala dissidente do PDS (“a Frente Liberal”) criaram as condições para uma candidatura alternativa à do Sr. Paulo Maluf, apoiado pelo governo do general João Batista Figueiredo. O acordo político teve como objetivo a retomada do Estado Democrático de Direito.
A sociologia explica os entendimentos políticos como a necessidade de consolidação do contrato social, que elimina a chamada “guerra de todos contra todos”.
Os ventos a favor da renovação política sopram no país. O povo quer mudanças, sobretudo dos métodos de fazer política. O RN deseja ouvir propostas sérias e alternativas viáveis, que garantam empregos e novas oportunidades.
Faltou ao pacto do PMDB, PR, PP, PMN e PTB explicitar os seus compromissos com o futuro. Não pode limitar-se a declarações eleitorais de apoio a candidatura no plano federal e indecisão no plano estadual. Ainda há tempo para o preenchimento dessa lacuna. Por outro lado, os demais partidos devem ser estimulados a discutirem as questões estaduais e nacionais. Há espaço para o lançamento de um “pacto com o povo” e não apenas entre partidos.
Pouco importa prever se o anunciado pacto estadual dará certo ou não. Ele deve ser interpretado como a abertura de uma discussão ampla do que será melhor para o RN, em 2010. Ninguém duvide: não há vitoriosos, nem derrotados, por antecipação. A credibilidade será a principal exigência do eleitor na próxima eleição. Para alcançar essa credibilidade, os candidatos terão que se apoiar em propostas exeqüíveis. Esta é a verdadeira renovação aspirada pelo povo.
Que se firmem outros pactos no Estado e com eles aumente o debate político competente no Rio Grande do Norte, infelizmente ausente há muito tempo!
O que não se admite, em nenhuma hipótese, é que o anuncio do recente pacto potiguar seja o convite velado para um “acórdão”. Aí seria demais!!!
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
Publicado aos domingos
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