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Opinião

  • 02 de Agosto de 2009

    Fidelidade e o “imbróglio” potiguar

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                 "Dá dó" falar em fidelidade, diante do quadro partidário nacional e, particularmente, do Rio Grande do Norte. Fidelidade a que e a quem? Claro que a fidelidade aos partidos é o fundamento básico da democracia. Sempre cultivei o princípio da fidelidade política recíproca, embora no Brasil seja notória a dissociação entre as cúpulas partidárias e os militantes.

                Não se discute que política é a arte de agregar e harmonizar os contrários, com a aproximação de convergências e a superação de divergências. Pessoalmente, fiz isto a vida toda. Em 1988, fui candidato a vice-prefeito de Natal, com apoio do PDT, Partido Comunista e outros semelhantes. Cheguei à presidência do PARLATINO referendado por todos os segmentos político-ideológicos da América Latina e do Caribe, inclusive Cuba, Venezuela e no Brasil o PT. Tive duas vezes, por unanimidade, a solidariedade de mais de 4.000 parlamentares (senadores e deputados), sem divergências.

                Assinei em Brasília, a ata de fundação do PFL (hoje DEM) e integrei o primeiro diretório nacional. Até hoje, mantenho a vinculação partidária, embora discorde da área conservadora do partido, que anula perante a opinião pública a verdadeira concepção da doutrina liberal-social, historicamente o oposto da direita conservadora.

                Regra geral, os partidos brasileiros são latifúndios intocáveis. Por isto, a fidelidade partidária é artificial. Os filiados deveriam ser liberados para opções partidárias, após a reforma política, infelizmente sepultada. Outra exigência ética seria a abertura da discussão interna nos partidos acerca do programa partidário. No DEM, por exemplo, caberia definição de rumos para adequá-lo à proposta de John Locke, que criou o liberalismo como alternativa ao absolutismo monárquico. Na história política do Brasil, os movimentos liberais-sociais de mudanças sempre se colocaram na vanguarda. Basta mencionar a inconfidência mineira, a Sabinada, a Confederação do Equador, Hipólito da Costa com a fundação do Correio Brasiliense, a abolição da escravatura, Rui Barbosa, Revolução Constitucionalista de 1932 e os exemplos de resistência à Revolução de 1964.

                O sistema partidário nacional pune quem preserva a coerência. Colhem melhores frutos àqueles que aderem ao "troca troca", ou ao "faz de conta". Transformam-se em líderes do dia pra noite. Tais comportamentos de incoerência terminam sendo "bom negócio" para barganhas, que dificultam governar depois. Ninguém atenta para isto. As coligações se formam, com a falsa aparência de que é necessário somar. Nem se constata se há realmente votos a somar, ou apenas ficção e oportunismo.

                Em política, a experiência comprova que, algumas vezes, somar significa diminuir. O povo percebe cada dia mais, que os comportamentos fisiológicos e a busca da sobrevivência, a qualquer custo, caracterizam um "imbróglio", palavra registrada no Aurélio como sinônimo de "trapalhada, confusão, mixórdia e embrulhada"?

                Depoimentos idôneos na mídia, durante a campanha de 2010, poderão dá ao eleitor desavisado essa percepção de "imbróglio". A última eleição suplementar de São José de Campestre refletiu a triste realidade partidária e a incoerência dominante. Quais as idéias inovadoras lançadas no pré-debate eleitoral do estado para criar empregos e oportunidades? O que pensam os partidos? Afinal, quem é governo e quem é oposição? Aliás, se conhece muito bem quem é governo. No anonimato ficam àqueles detentores de mandatos, que estão de fora e fazem tudo para entrar nos palácios oficiais, mesmo rejeitados. Mas, que tentam, tentam! Não se sabe se conseguirão...

    Publicado aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
     

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