Opinião
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26 de Julho de 2009
A popularidade de Lula
Circulam a toda hora comentários sobre a extraordinária popularidade do Presidente Lula, que atinge o percentual de 80% de apoio popular.
Reconheço o valor científico das pesquisas, se não manipuladas. Na atividade política divido os efeitos de pesquisas em curto e longo prazo. Curto prazo seriam os números atuais sobre a popularidade de Lula. Longo prazo as projeções eleitorais para 2010. As primeiras merecem fé. As segundas significam ilusões de ótica, quase sempre viciadas pelos interesses de quem as contrata.
Não invalido a popularidade presidencial. Se chegou aonde chegou há inegável mérito. Além das idéias e programas próprios, contribuiu muito o que “Lula não fez”. Senão vejamos.
Lula não alterou o plano real, a estratégia econômica brasileira, que completou 15 anos. Aliás, fui o presidente da Comissão Mista (deputados e senadores), que aprovou a proposta no Congresso Nacional e relator o então senador José Fogaça.
Lula não revogou a lei de responsabilidade fiscal, destinada a estabelecer normas de conduta ao administrador público, com a finalidade de alcançar equilíbrio nas contas públicas, através de gestão transparente e planejada do patrimônio comum (LC 101/00).
Lula não desfez a idéia inicial da bolsa família, idealizada pela Sra. Ruth Cardoso (“Comunidade solidária”) no início de 1996, embora a metodologia atual seja diferente da originária.
Lula não mudou a política monetária do Banco Central do Brasil e nomeou presidente o Sr. Henrique Meireles, intransigente defensor do FMI, eleito em outubro de 2001 deputado federal pelo PSDB de Goiás e ex-presidente de um dos maiores bancos internacionais do mundo – o Banco de Boston.
Lula não deixou de viajar intensamente para projetar a imagem do Brasil no exterior e ativar o comércio internacional.
Lula não eliminou o regime de câmbio flutuante, criado pelo ministro da Fazenda Pedro Malan. A medida permitiu até hoje determinar a taxa de câmbio pelas forças do mercado e as intervenções na cotação da moeda pelo BC serem ocasionais, com o objetivo de conter desordenamentos nas condições do mercado.
Lula não revogou a proteção dada às patentes, marcas e avançou com a lei de Inovação (10.973/2004), que concedeu incentivos à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.
Lula não discordou da flexibilização da CLT e apresenta como uma das metas a atingir no seu governo.
Lula não se afastou das boas relações com os Estados Unidos, ao ponto do Presidente Obama, durante a recente reunião do G-8 na Itália, pedir-lhe ajuda para convencer o Irã a não usar energia nuclear para fins bélicos. Na Casa Branca, Lula é “o cara”!
Lula não sepultou o Proálcool como alternativa energética mundial e incentivou programas semelhantes de uso de energias limpas e renováveis.
O que Lula “não fez” decepcionou, certamente, alguns dos seus correligionários. O bom senso prevaleceu. A maioria do seu partido – o PT – inegavelmente avançou e reformulou posições. Independente de posição política é justo reconhecer novas conquistas na condução do governo - além daquilo que não foi feito -, sobretudo em época de crise, como a atual.
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
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