Opinião
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14 de Junho de 2009
Com a palavra quem decide!
Voltaram à grande imprensa nacional as pesquisas em curso sobre o tratamento contra “Parkinson”, em realização no Instituto de Neurociências do RN. Anunciou o professor Nicolelis, que se os testes em macacos já em execução forem tão bons quanto foram nos roedores (ratos), em 2010 os estudos serão em pessoas humanas. Isto significará verdadeira revolução na medicina mundial, com a cura da doença de Parkinson, através da estimulação elétrica do cérebro. Tudo feito na cidade de Macaíba.
Este trabalho científico poderá assegurar o primeiro prêmio Nobel para um brasileiro. Há meses, a revista Science – a mais respeitada publicação científica mundial – pela primeira vez em seus 128 anos de existência, dedicou a sua capa ao neurocientista Miguel Ângelo Laporta Nicolelis e citou a experiência instalada em nosso estado.
Acho muito pouco o apoio dado à iniciativa pioneira do professor Nicolelis e a sua competente equipe de pesquisadores. Aliás, na sua última declaração à imprensa, ele mencionou que para criar o Instituto Internacional de Neurociência de Natal se submeteu a entraves burocráticos, que lhe exigiram 65 assinaturas para provar a sua própria identidade. Nos Estados Unidos, a iniciativa privada faz questão de associar o nome a uma inovação científica. No Brasil, inexiste essa mentalidade.
No RN, qual o movimento empresarial que houve, visando mobilizar doações – descontadas do IR – para o fortalecimento da experiência do Instituto de Neurociências? Infelizmente, se trata de enxergar ou não enxergar longe. Uma questão de mentalidade!
A propósito, por que não aproveitar o trabalho do professor Nicolelis em Macaíba, respeitado internacionalmente, para estimular pesquisas na área fitoterápica, a partir das abundantes espécies da mata atlântica, cuja floresta estende-se do RN ao Rio Grande do Sul? A mata Atlântica é a segunda floresta neotropical em tamanho, depois da Floresta Amazônica.
A fitoterapia permite a inovação de medicamentos, através do uso exclusivo de matérias-primas vegetais com finalidades profilática, curativa e diagnóstica. Não há mais dúvida de que biotecnologia será a ciência do século XXI, da mesma forma que a física desempenhou papel idêntico no século XX.
Considerando o ambiente propício à pesquisa cientifica, iniciado pelo Instituto de Neurociências de Macaíba, por que o governo e a iniciativa privada não incentivam a instalação de um pólo farmoquímico, em reforço a nossa vocação de pólo exportador e turístico, que se consolidaria com uma área de livre comércio, ao lado do aeroporto de São Gonçalo do Amarante? Tal iniciativa estimularia pesquisas em organismos vivos para identificação de células e moléculas geradoras de produtos fitoterápicos, todos com patentes e uso industrial.
Cingapura, que era um país inexpressivo, há dez anos adotou estratégia semelhante, sendo atualmente respeitável centro de pesquisa biotecnológica global. A chance existe. Vencerão aqueles que partirem na frente. A biotecnologia ou a engenharia genética criam medicamentos de ponta, além de produtos utilizados até na biodegradação de vazamentos de óleos, ou lixos tóxicos. A Petrobrás – com expressivo investimento no estado – poderia entrar em projeto de instalação de um pólo de pesquisa fitoterápica no Rio Grande do Norte, incentivando a pesquisa científica aqui iniciada, através do trabalho pioneiro e competente do Professor Nicolelis.
Com a palavra quem decide!
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
Publicado aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do NorteFaça seu comentário abaixo:
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