Opinião
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07 de Junho de 2009
Natal esta mesmo na copa?
A escolha de Natal para sediar a Copa do mundo de 2014 deve-se a sua posição geográfica privilegiada e a proximidade da Europa e da África. Foi o pré-requisito fundamental que, aliado ao esforço de elaboração de um bom projeto, deram a oportunidade da cidade se projetar perante o mundo, mais uma vez.
Houve inegável ousadia do governo estadual e da Prefeitura de Natal no compromisso firmado com a FIFA para a construção do “complexo arena das dunas”. Para cumpri-lo são necessários, no mínimo, um R$ 1 bilhão e 700 milhões de reais. Trata-se de cifra altíssima.
Diz-se que é melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma, do que ter a oportunidade e não estar preparado! A viabilização econômica do “complexo das dunas” deixa algumas perguntas sem resposta.
Onde o RN irá captar tanto dinheiro, numa hora de crise mundial ? E o retorno desse investimento? É bom lembrar que estão parados vários empreendimentos de grupos estrangeiros no estado. Trouxeram até artistas de Hollywood para lançamentos imobiliários, hoje desativados.
A escolha de Natal foi apenas um gesto de confiança da FIFA e CBF à proposta oficial apresentada. Se a proposta não se viabilizar, o compromisso desaparecerá. Na semana que se inicia, a FIFA e a CBF já querem receber todos os documentos e detalhamentos do projeto, tais como, as planilhas de custos, os materiais a serem usados, a liberação dos imóveis, a minuta dos futuros contratos de parcerias público-privadas, o fluxo de caixa e outros dados objetivos. Outro fator decisivo será o dia 2 de janeiro de 2010, quando impreterivelmente as obras terão que ser iniciadas, com os primeiros desembolsos dos quase 2 bilhões de reais, além de rigorosa fiscalização mensal. Não haverá lugar para desculpas.
Claro que os investidores, somente serão conhecidos, após as licitações da PPP. Isso não impede que existam opções de grupos privados idôneos, pré-propostas concretas e o cronograma de aplicação dos recursos. Uma coisa é investir, outra é dizer que tem interesse em investir. A triste realidade demonstra, que muitos somente desejam investir, com a ajuda da “bengala” dos cofres públicos! Falam até em PAC.
Natal como subsede da Copa 2014 assegura grande oportunidade de projeção da nossa cidade. A escolha não se resume aos três ou quatro jogos internacionais, aqui disputados. Abrirá outras perspectivas, que poderão gerar milhares de empregos. Depende de criatividade e competência. Um caminho seria a classe política ir ao Presidente Lula e a pretexto de viabilizar a Copa em Natal reivindicar que, a exemplo do que ele já concedeu recentemente a Roraima, seja criada uma área de livre comércio ao lado do futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O governo federal justificou que Roraima era fronteira terrestre do Brasil. Natal é fronteira marítima e aérea na América Latina e Caribe. De uma só cajadada se matariam dois coelhos: o projeto da subsede da Copa se consolidaria pelo interesse de investidores internacionais no “pólo exportador e turístico” a ser implantado e o novo aeroporto se viabilizaria definitivamente, o que não aconteceu até hoje.
Torço para que Natal seja subsede da Copa. O bom senso recomenda evitar euforia. Cidade escolhida não significa cidade definitiva para os jogos. A FIFA deixou isso muito claro. A decepção coletiva seria cruel. Temos que evitá-la, a todo custo!
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
Publicado aos domingos
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