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Opinião

  • 11 de Fevereiro de 2007

    ÉTICA OU HIPOCRISIA?

     

     

     

                   Penso, logo digo...(blog). Este é o meu lema. Uma pesquisa nacional, divulgada quarta-feira última pela ONG Transparência Brasil, aponta que em 2006 a compra de votos no país foi três vezes maior do que em 2002. “O eleitor foi atingido pela desintegração geral da classe política nos últimos quatro anos” - disse Cláudio Abramo, diretor da instituição.

    Só não enxerga essa realidade quem não quer. As últimas eleições foram as mais corruptas da nossa história republicana. Não se trata de pessimismo. Tudo nasceu da influência de dois partidos dominantes no Brasil atual: “o bolsa família” que emprega sem trabalhar e “as pesquisas manipuladas”, que distorcem os dados, criam falsas expectativas e terminam elegendo. Para completar o quadro, a corrupta reeleição, que coloca o governante como coordenador e ordenador de despesas da sua própria campanha. E que tudo se fez em nome da lei, democracia e liberdade de expressão.

    Alguma punição pelo uso de tais práticas notórias? Nenhuma. Ao contrário, estímulos para repeti-las. Meu Deus, que democracia a nossa!

    É realmente surrealista reconhecer a legitimidade de um Governo e de Parlamentos com tais práticas eleitorais amplamente vitoriosas. O nosso sistema político-eleitoral arcaico e obsoleto premia a chantagem, a traição, o “jogo duplo”. Tem razão quem defende a reforma política como a principal das reformas. A coerência partidária transformou-se em vergonha. A palavra competente mudou de significado. Competente, agora, é o “mau-caráter”. Quem preserva princípios, além de incompetente, nunca sai do lugar, nem terá “vez”. A receita do sucesso é ameaçar e trair para chegar a ser líder, no “troca-troca” de partidos e favores. Rui tinha razão quando afirmou: “Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro”.

    REMUNERAÇÃO DE PARLAMENTARES ETC...

    Neste cenário controvertido mistura-se a ética com a hipocrisia, quando se discute, por exemplo, a delicada questão da remuneração de ministros, juízes, promotores, parlamentares, funcionários. Muitos talvez defendam que diante desse mar de lama, o melhor caminho será desprestigiar os poderes constitucionais. Grave engano. Pensar assim é o mesmo que destruir o hospital pela existência da doença.

    A democracia custa caro. A ditadura é barata. O preço dos êxitos democráticos nos Estados Unidos deve-se à remuneração digna de juízes, parlamentares, promotores e servidores públicos em geral. Não se diga que é coisa de país rico. As nações pobres precisam valorizar mais que as outras, o mandato público e a “toga”, para terem o lucro final da independência do eleito e do julgador.

    Transparência é o melhor remédio contra a corrupção, desde que aplicada sem modismos ou atitudes hipócritas. Será impossível um Juiz, Ministro, Promotor ou Parlamentar atender às exigências da sua atividade fazendo “voto de pobreza”. Isto não significa a defesa de excessos salariais como o pretendido aumento dos congressistas. A questão é outra. O Estado precisa pagar com dignidade os que governam, legislam, julgam e prestam serviço público – civis e militares. Ao lado disso, impõe-se uma lei: definir que qualquer crime ou transgressão na atividade pública provoque a perda de mandatos e funções, no mínimo por 20 anos, além de privação da liberdade. Sem choro, nem vela.

    Certamente, quando a lei for assim, diminuirá a compra de votos e prevalecerá a verdadeira ética.

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    Com a morte do ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do RN, Dr. Paulo Gonçalves, o Estado perde um dos mais dignos e honrados homens públicos da sua história.

    Discreto, firme, leal e competente, Dr. Paulo nunca deixou de acompanhar os fatos da política local e nacional. As suas observações eram sempre inteligentes e objetivas. Ele escreveu, com mandatos sucessivos, páginas de ética pública, sobretudo em Acari – a sua terra – e Jardim do Seridó, onde viveu. Privei da sua amizade e rogo a Deus que o receba na Eternidade com as honras que merece.

    O livro de Enélio

    Denso e documentado, o último livro do amigo e intelectual Dr. Enélio Lima Petrovich: Visão de um espectador. Trata-se de pesquisa acurada e oportuna sobre autores e livros. Na expressão do presidente da Academia Paraibana de Letras, Joacil de Britto Pereira, uma obra “com engenho, arte e talento”.

    Concurso

    A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC – abre concurso para o preenchimento de 102 vagas no cargo de analista administrativo e 307 para especialista em regulação de aviação civil (nível superior), além de 44 para técnico administrativo e outras 131 para técnico em regulação (nível médio). A remuneração oscila entre R$ 1.598,88 e R$ 4.797,73. Serão aceitas inscrições a partir de amanhã até 13 de março. Podem ser feitas via Internet www.nce.ufrj.br/concursos .

    Publicado em 11.02.2006 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.


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