Marca Maxmeio

Opinião

  • 20 de Outubro de 2007

    MENINOS, EU VI!

     

     

     

     

          Fico perplexo diante do Governo Federal. Não pelas decisões tomadas – algumas até aprovo -, mas pelo fato de poder dizer como o poeta Gonçalves Dias, na “Canção do exílio”: “meninos, eu vi!”.

       Passei 23 anos como parlamentar. Vi o deputado Luís Inácio Lula da Silva nos debates pós-constituinte de 1988 e o PT antes de chegar ao poder. Eram simplesmente contra tudo e contra todos.        

       Certa vez, no aeroporto de Brasília, participei de uma conversa, na qual estava Lula. Indignado, defendia o “fora FHC” (movimento pró-impeachment de Fernando Henrique). A razão era a nomeação para o Banco Central de Armínio Fraga, que trabalhara para Georges Soros, um mega-investidor internacional. Esbravejou contra as multinacionais e a “desgraça” do lucro, para ele o único objetivo de toda empresa privada. Condenou as privatizações da Vale do Rio Doce e da telecomunicação. Era a favor da ampla estatização.

       Passaram-se os anos. No último domingo, estava em São Paulo e li a FOLHA. Deparei-me com entrevista do Presidente Lula - aquele mesmo “revolucionário” de quem fui colega na Câmara Federal-, na qual afirmou em relação à empresa privada e aos empresários: “de minha parte não existe preconceito. Tenho consciência de que estão ganhando dinheiro no meu governo como nunca”.

       Acreditei, porque li. Recordei o que pensava Lula, por tê-lo conhecido no passado. Admito a evolução da pessoa humana. Mas é difícil entender a lógica do Presidente. Confessou que, como dirigente do PT, só fazia discurso para um lado. Sem dúvida, um novo conceito de ética. Afinal, a ética política é discurso de “mão única”, ou convicção?

       Ah! Quase esqueci. Na conversa de Brasília, Lula desancou em cima de FHC, que defendia “concessão para as estradas”. Na semana passada, o Brasil assistiu o seu governo fazer “concessões privadas” para 2.6 quilômetros de estradas. Sabe quem ganhou a concorrência? Uma empresa multinacional, do mesmo tipo daquela que Armínio Fraga prestou serviço e Lula condenou. A propósito de multinacionais, elas nunca ganharam tanto dinheiro como atualmente. O Banco Central registrou o seguinte recorde: entre 2003 e 2006, para cada US$ 10 que entraram no país, US$ 6 foram enviados ao exterior. A maior remessa de lucros para fora da história do Brasil, em prejuízo dos investimentos internos estrangeiros, gerando empregos. E tudo isto num governo de quem execrava as multinacionais.

       É no mínimo esquisita a “coerência petista”. Veja-se o fato do presidente prestigiar o seu atual ministro da Educação, que se declara favorável à privatização da pesquisa, a exemplo da Coréia do Sul, onde 80% dos gastos na área é responsabilidade da iniciativa privada. Antes, isto seria “sacrilégio” para o petismo. A ministra Dilma Rousseff não fica atrás. Já sonha com a sucessão presidencial em 2010 e muda os seus conceitos radicais de esquerda. Opina sobre as concessões privadas, dizendo, que “este é um momento muito importante, porque mostra que estamos comprometidos com a presença do capital privado na infra-estrutura”. Tal opinião, em passado recente seria coisa de neoliberais vendidos às multinacionais!!!

       Na FOLHA, Lula justificou a “empresa privada ganhar muito dinheiro”, por significar “mais geração de empregos, investimentos e salário”.

       Quer dizer: antes, o PT pouco se importava com as oportunidades e empregos. Agora, é diferente. Talvez porque, como afirmou o presidente, o poder “toma conta da gente e dá energia”.

       Muitos dirão que a mudança para melhor deve ser aceita. O país ganha com isto. Tudo bem. Mas, no mínimo o "cristão novo" deve reconhecer o seu equívoco, sob pena de perder a autoridade em relação aos seus adversários de ontem, que sempre defenderam algumas propostas, hoje por ele acolhidas.  

       Caso o PT não faça a sua "mea culpa" estará provado que caminhamos mesmo para a ética de que "os fins justificam os meios", sendo o poder como o violino: se pega com a esquerda e se toca com a direita.

       Tudo isto, meu caro leitor, não é ficção. “Meninos, eu vi” no passado e leio no presente.   (Comentários)

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       A partir de abril de 2008 as empresas de televisão por assinatura terão de devolver em dobro e em dinheiro as cobranças indevidas ao cliente. A regra foi aprovada, na última semana, por regulamento baixado pela Agência Nacional de Telecomunicações.

       As empresas serão também obrigadas a ter um telefone gratuito para as reclamações, dar informações e resolver o problema em cinco dias. Qualquer alteração no plano contratado, o cliente deverá ser informado até 30 dias antes da mudança e não será obrigado a continuar no plano. No contrato devem constar os critérios claros de reajuste. Em caso de interrupção do sinal, superior a 30 minutos, será reduzido o valor proporcional ao tempo em que o cliente ficou sem TV. O consumidor, em cada ano, poderá pedir até quatro meses de suspensão do serviço, sem pagar nada.

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    Concurso (I)
    Abertas as inscrições para concurso na Polícia Rodoviária Federal até 7 de novembro. Serão 340 vagas; salário de R$ 5.084.00 e lotação nos estados do Mato Grosso e Pará.

    Concurso (II)
    A Aeronáutica encerra terça-feira próxima as inscrições em concurso para o preenchimento de 15 vagas de engenheiros e 110 profissionais da saúde.

    Brasília
    Fui convidado para proferir palestra, quarta-feira próxima às 14 horas, no plenário 8 da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, na Câmara Federal, em Brasília. O tema será "a lei de patentes no Brasil", da qual fui autor do texto final, aprovado em 1996. Além de parlamentares, estarão presentes representantes de segmentos da indústria nacional.  

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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