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Opinião

  • 09 de Setembro de 2000

    UFRN E A TRANSPOSIÇÃO

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    UFRN E A TRANSPOSIÇÃO

    Vejo com bons olhos o projeto de transposição das águas do São Francisco para o nordeste. Trata-se de solução proposta e discutida desde o século passado, cuja re-inclusão no debate nacional deve-se ao então Ministro do Interior, Aluízio Alves no governo Itamar Franco, seguida depois pelo atual Ministro da Integração Regional Fernando Bezerra. Tudo que signifique mais água para uma região sofrida como a nossa, traz perspectivas de mais bem estar e aumento da produção agrícola. Portanto, a minha posição é  favorável.

    Estranho, todavia, o nível em que se colocou nos últimos dias o debate entre o Ministério da Integração Regional e técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sou testemunha ocular da seriedade e competência da nossa Universidade, desde a sua fundação na década de 60. Trata-se de centro de ensino, pesquisa e extensão, em cuja história há movimentos pioneiros, como, por exemplo, o funcionamento do CRUTAC (Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária), idéia do Reitor-Fundador Onofre Lopes, depois estendida a todo país com a criação no Ministério da  Educação de uma Comissão Especial para incentivar o programa nas demais Universidades brasileiras.

    DISCORDÂNCIAS EM DOCUMENTO                                                  

    Um grupo de especialistas da UFRN elaborou documento, de natureza absolutamente técnica, no qual expõe discordâncias em relação ao projeto atual e pontos de vista quanto à viabilidade do projeto de transposição do rio São Francisco. Considero o fato normal e útil, na medida em que nasce de um Centro Universitário tradicional como a nossa Universidade Federal. Os técnicos integrantes da Comissão têm notória qualificação profissional. Não se trata de posição político-eleitoral, onde o objetivo seja promover ou exaltar grupos ou pessoas. Por mais bem intencionado que esteja o Governo Federal no projeto de transposição do São Francisco – e pessoalmente acredito que esteja – é inadmissível ferir ou agredir uma instituição como a UFRN, rotulando-a de anti-Rio Grande do Norte, simplesmente pela existência de críticas num relatório técnico, que deve ser combatido à luz do dia, com argumentos e esclarecimentos de peso.

    Praticar a democracia pressupõe conviver com os contrários. Numa sociedade livre, jamais qualquer tipo de questão, salvo quando claramente exista má fé ou ardil, pode ser enquadrada no princípio “acreditar ou morrer”. Principalmente, numa obra de interesse público, envolvendo muito dinheiro. O Nordeste precisa de água para o seu futuro. Mas precisa também de liberdade para discutir e encontrar estes caminhos do futuro.

    Ainda há tempo – e espero que este seja o caminho – do Ministério da Integração Nacional sentar-se à mesa com a nossa UFRN, passar uma borracha no que aconteceu em nome do interesse público, e discutir ponto a ponto o relatório técnico existente. Ao final, o Governo Federal tomará a decisão que lhe parecer melhor, sem deixar rastros de qualquer tipo de intolerância, em relação a uma instituição pública respeitável, patrimônio do povo potiguar, como a nossa Universidade Federal.

    ACONTECE

    Novos juízes
    As vagas de juiz classista, extintas na Justiça do Trabalho, poderão ser ocupadas por juízes togados. A determinação está contida na Resolução 708/00, do TST.

    Corregedoria
    A propósito de Justiça do Trabalho, registro a posse do conterrâneo e Ministro Francisco Fausto na Corregedoria Geral do Tribunal Superior do Trabalho. Em 2002 o Ministro potiguar deverá ser o Presidente do TST, premiando a sua honrada e vitoriosa carreira de magistrado e jurista.

    Sugestão de lei
    Sugestão ao Governo do Rio Grande do Norte: o Estado de Minas Gerais acaba de isentar do pagamento de taxas as pessoas com mais de 60 anos, que requeiram a segunda via de documentos roubados ou furtados. A idéia é boa e poderia ser aplicada também em nosso Estado. Fica a sugestão.

    Saiu a lei
    Já está em vigor a lei 9974/00, que pune com rigor as operações, industriais ou comerciais, com agrotóxicos. Os que causarem danos á pessoa ou meio ambiente serão duramente punidos.

    D. Lucas
    A indicação do Monsenhor Lucas para bispo de Limoeiro, PE, será apesar do merecimento uma grande perda para a igreja potiguar. Trata-se de sacerdote virtuoso e zeloso, com larga folha de serviços prestada.

    Dever de justiça
    É impressionante a expansão atual no RN da atividade econômica de criar e vender camarão. É um dos principais itens da nossa exportação. Tudo isto nasceu no governo Cortez Pereira em 1973. Naquela época, o Estado foi palco de outras iniciativas administrativas igualmente pioneiras, como incentivo à produção do bicho da seca e a implantação na Serra do Mel do maior projeto de colonização do país, atualmente responsável por grande parte da produção de castanha de caju, também item prioritário das nossas exportações.

    Cortez, candidato
    Hoje, Cortez Pereira, um dos mais criativos governadores da história do RN, com humildade se submete ao sacrifício de ser candidato a prefeito de Serra do Mel para salvar o projeto por ele implantado. Lá existem investimentos nacionais, suíços, alemães e de outros países. A campanha eleitoral de Cortez está sendo feita com extrema dificuldade financeira. Está na hora de amigos e admiradores ajudarem Cortez Pereira a eleger-se prefeito de Serra do Mel e salvar um projeto de colonização que dá ao Estado empregos e divisas. É o mínimo que se pode fazer por um homem, cujo nome será permanentemente lembrado, especialmente nas atividades da agroindústria norte-rio-grandense.

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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