Opinião
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15 de Julho de 2000
ODILON, O RESISTENTE
ODILON, O RESISTENTE
Transcorria o ano de 1966 e no mês de outubro, em plena efervescência revolucionária, seriam realizadas as primeiras eleições para o Congresso e Assembléias estaduais, após 64. Eu tinha 21 anos de idade. Estudava na Faculdade de Direito do Recife, cidade para onde fora, a convite do jornalista Calazans Fernandes, trabalhar como repórter especial no Jornal do Commércio (JC), depois Diário de Pernambuco e Folha de São Paulo (sucursal do Nordeste). Acabara de fazer cobertura jornalística na chegada a capital pernambucana do então presidenciável general Costa e Silva, quando explodiu uma bomba no saguão do Aeroporto Guararapes. A “censura” impediu a publicação de tudo que presenciara. Vivia-se clima de grande tensão política.
Num “ papo” na redação do JC, Calazans confessou-me a sua admiração pelo Deputado Odilon Ribeiro Coutinho. Perguntou-me se o conhecia. Respondi, que já fizera com ele algumas entrevistas. Logo arrematou Calazans: “Ele me disse que, da geração nova do Estado, lhe tem em alta conta e desejaria que você ingressasse no MDB/RN para ser candidato a deputado federal”.
Nesse quadro de incertezas, as lideranças políticas do Rio Grande do Norte fundaram a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido oficial. Na oposição aos militares, o MDB, liderado nacionalmente pelo deputado Ulysses Guimarães.
O Dr. Odilon Ribeiro Coutinho, paraibano, usineiro, intelectual, era na época deputado federal pelo RN. Ele recusou a proposta de ingressar na Arena, com reeleição garantida, liderou a resistência e fundou no Estado o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que, segundo o jornalista Afonso Laurentino Ramos, “ cabia dentro de um fusca”. Eu fui um dos poucos passageiros desse fusca, atendendo ao convite do Dr. Odilon para que deixasse o Recife e viesse para o Estado, numa hora de crise das liberdades democráticas. Não foram poucos os conselhos de “cautela”, que recebi de familiares e amigos, alertando para os riscos de iniciar a minha vida política contrariando a Revolução vitoriosa de 64 nas ruas com pressão e baionetas. Optei pela minha crença democrática. Aliei-me ao Dr. Odilon, que se lançara candidato de oposição ao Senado da República. Assinei a ficha de fundador do MDB e candidatei-me a deputado federal. Participei de comícios, falando nas praças em cima de meio-fio ou tamborete e muitas vezes com a tropa militar armada há alguns metros. A coragem, a altivez e o espírito público de Odilon sempre me impressionaram. Era um apóstolo da democracia.
Terminada a eleição, perdemos nas urnas. Mas, sob a liderança de Odilon, ajudamos a acender em terras potiguares a chama votiva de fé nas liberdades humanas. Voltei do Recife e aqui estou até hoje. Odilon partiu para a eternidade, na última semana. Homenageio-o, como a mão amiga, que me ajudou a dar os primeiros passos na minha já longa história política. Estou certo, que o exemplo de Odilon, o resistente, vencerá os tempos e transformará a sua morte num painel visível e luminoso, sinalizando a vida pública brasileira, com inscrições de dignidade e respeito às liberdades humanas.
VOCÊ SABIA?
- O trabalhador pode usar o seu FGTS para
comprar ações da Petrobrás?
Sim, até o dia 31 próximo, o optante pode adquirir cotas de fundos para aquisição de ações da Petrobrás com 20% de desconto sobre o preço do leilão com até 50% do saldo das contas ativas e inativas do FGTS.
- Como é possível comprar as ações da Petrobrás com o FGTS?
Através da compra de cotas de fundos mútuos de privatização, que estão sendo oferecidas na rede bancária local, ou de clubes de investimento FGTS, como da Força Sindical.
- O trabalhador ganhará mais do que o rendimento normal do FGTS?
É impossível dar esta segurança. Trata-se de opção de risco. Este é o capitalismo popular, onde o trabalhador participa dos ganhos ou prejuízos da Bolsa. Os países livres e desenvolvidos do mundo têm esta prática.
- Há alguma previsão que oriente o trabalhador?
Sim. Foram divulgados estudos mostrando que o preço de leilão da ação ordinária é de R$ 58, definido pelo Governo. Até março de 2001 a previsão é de que esta mesma ação custe na Bolsa R$ 66.50, o que daria valorização normal de 28.4%. Como o investidor do FGTS, de acordo com o desconto de 20%, adquirirá agora esta ação por R$ 46.40, a valorização até março poderá chegar a 43%. Nada disto é absolutamente certo. São previsões.
- E o tempo ideal de aplicação?
Neste particular há unanimidade: só deve optar por aplicação em ações da Petrobrás quem deixar o dinheiro por pelo menos dois anos. Quem sabe que dependerá desse dinheiro para comprar casa ou outra despesa pessoal não deve ir para um fundo mútuo de privatização. Os lucros são proporcionais ao tempo de aplicação do dinheiro, desde que a economia ande bem, como atualmente.
- O Governo garante esta operação?
Não. Esta é uma operação livre e pessoal. Por isto, deve ser analisada a solidez da instituição financeira escolhida pelo investidor.
- Existe valor mínimo e máximo para aplicar e qual o prazo?
- Há penalidade para quem sacar antes de um ano?
Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte - O trabalhador pode usar o seu FGTS para
comprar ações da Petrobrás?
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