Opinião

• 01 de Julho de 2000

  DESDE 1992....

  

   

   

   

  DESDE 1992....

  Iniciei a coluna escrevendo sobre a reforma tributária. Recebi uma mensagem e resolvi mudar o tema. Trata-se de ofício do Departamento Inter-sindical de Ação Parlamentar (DIAP), respeitada instituição de análise político-social ligado às centrais sindicais (CUT) e  ao PT, que desde 1992 edita publicação anual, apontando os cem parlamentares (Deputados e Senadores) mais influentes do Congresso Nacional (“os cem cabeças do Congresso”). Informou-me o DIAP a inclusão este ano mais uma vez do meu nome, sendo – como o próprio órgão registra – o único parlamentar do Rio Grande do Norte que esteve em todas as listas, desde 1992. Aliás, recentemente, conforme divulgado no DN de 05.04.00, pesquisa aplicada em todo o Estado (Fiern-Consult)  revela julgamento idêntico da população norte-rio-grandense em relação ao meu desempenho parlamentar. Alegro-me, sem que desperte a menor sombra de vaidade ou orgulho.

  VENCER & PERDER                                        

  Aprendi moço, quando fui alcançado  por cassação injusta de mandato de deputado federal, sem direito de defesa, a lição de Eça de Queirós: “não haveria direito de vencer se não houvesse direito de perder”. Na política, perdi até hoje mais do que ganhei e a única explicação de estar onde estou é a proteção permanente de Deus, que nunca me faltou, nem faltará. Na minha história de vida, sempre cultivei a gratidão, o respeito a hierarquia natural e a rejeição ao puxasaquismo, a inveja, a hipocrisia, o mau caratismo. Abri caminhos na vida pública sangrando as mãos.   Insisti com obstinação e vocação de servir.  No balanço atual venci.  Por isto, mais uma vez, recebo o prêmio do DIAP.

  FELIZ JULGAMENTO

  No exercício da quinta legislatura de deputado federal a acusação que recebo é de “emocional”.  Este é um julgamento altamente positivo, numa época de tanta sujeira e marginalidade na política. Certa vez, perguntaram a Carlos Lacerda porque ele tinha reações emocionais. Lacerda explicou que era latino, com sangue correndo nas veias, espírito cristão do perdão e jamais desejaria assemelhar-se aos  “frios”, “calculistas”, que não se emocionam e condenam sumariamente as pessoas, levando consigo verdadeiros úteros ambulantes nos ouvidos, onde procriam as intrigas que lhes chegam ao conhecimento. Como todo ser humano, procuro ser racional, embora algumas vezes atinja o limite da paciência.  Sempre soube perder, com resignação e paciência. Suportei adversidades, exclusões, acusações injustas.  Estimulo aqueles de conduta correta e rejeito os “vendilhões do Templo”, a semelhança de Cristo no Evangelho. Firmeza no homem público é uma exigência básica para atingir a credibilidade e não pode ser confundida com agressividade ou arrogância. Até porque é necessário desnudar aqueles que  escondem a desfaçatez e a incompetência sob as formas  de prudência e equilíbrio.

  Interpreto o prêmio do DIAP como a prova maior do dever cumprido para com o povo potiguar. É a vitória da vocação de servir que trouxe do berço, o qual, embora não tenha sido de ouro nem apoiado em tradições de poder,  teve o sólido alicerce da moral e da honradez dos meus pais e familiares.
   

  ACONTECE

  Advogados
  O meu colega de turma na Faculdade de Direito de Natal, Dr. Antônio Peixoto de Araújo, (professor da UFRN; ex-chefe do contencioso do Banco do Brasil e Juiz Federal do Trabalho aposentado) retorna a militância advocatícia, juntamente com a sua esposa, também advogada, Dra. Maria Vilany Pinheiro de Araújo. O escritório está instalado na rua Açu, 675. Desejo pleno êxito.

  Eleições
  Terminado o período de convenções avança o processo eleitoral das eleições municipais. A partir de ontem é proibido nomear, contratar ou demitir servidor sem justa causa; realizar transferências voluntárias de recursos da União aos Estados e municípios, salvo aqueles para execução de obras preexistentes ou serviço em andamento e os casos de emergência e calamidade pública; candidatos a prefeitos e vice proibidos de participar de inaugurações de obras públicas; proibição do poder público contratar show nas inaugurações.

  Outros prazos
  Quarta é o último dia para o encaminhamento do registro de candidatos e também para os Tribunais de Contas comunicarem à justiça eleitoral os casos de contas rejeitadas por irregularidade insanável. A partir de sexta próxima estará permitida a propaganda eleitoral ( a propaganda gratuita em rádio e TV somente será iniciada em 15 de agosto).

  Julgamento
  O Tribunal de Justiça do RN, na última terça, manteve, por unanimidade, a sentença que condenou o sindicalista Fernando Lucena por injúria, calúnia e difamação contra a minha pessoa, crimes praticados através de declarações à imprensa local há dois anos. Ele apontou como verdadeiros fatos divulgados quando da cassação do meu mandato em 1976. Nessa época era proibido recorrer à justiça do ato revolucionário. Fiz, agora, o que cabe a um homem público fazer: pedir o julgamento legal, por não ser possível conviver com dúvidas éticas perante a opinião pública.  Por espírito cristão não alimento vingança. Mas tenho família e amigos e a eles devia o esclarecimento sobre a minha cassação, praticada com base no arbítrio e sem direito de defesa. O julgamento é longo e deixa claro que fui vítima de armadilha político-revolucionária à época, hoje desmascarada e esclarecida pela justiça. Transcreverei nos anais da Câmara dos Deputados para que a história  compare os fatos de 1976 com o julgamento judicial e criterioso de hoje.

  Coluna Publicada aos domingos
  nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
  Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

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