Opinião
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29 de Dezembro de 2001
O QUE É O ANO NOVO?
O QUE É O ANO NOVO?
Aproxima-se mais um Ano Novo e o poeta já canta: “Ano Velho, se distancia; Ano Novo, logo chega para fazer-nos Feliz”. Renovam-se sonhos, crenças, fé no futuro. A experiência da vida mostra que a maior benção será não profanar a fé, nem obscurecer a visão nos próximos 365 dias.
Para começar o Ano, vêm a mente alguns conselhos tradicionais, nunca sendo enfadonho repeti-los:
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Respeita a ti mesmo para que os demais te
respeitem;
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Sede útil à sociedade, jamais um ocioso;
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Amadureça na vida sabendo que o maior trunfo é ser
paciente com as pessoas;
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Afasta-te de amigos, cujos hábitos não são os
seus;
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Pensai antes de decidir, sem nunca ser vacilante
ou dúbio;
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Encontrai sempre tempo para meditar e admirar a
natureza como obra de Deus;
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Ser feliz não é reprimir; é conjugar a vida com a
vontade, sem perder a noção da responsabilidade.
A HISTÓRIA E O ANO NOVO
As comemorações do Ano Novo variam de cultura a cultura, mas universalmente a entrada do Ano é festejada, mesmo em datas diferentes. Com o calendário Gregoriano, o 1º de janeiro passou a ser reconhecido no mundo com algumas dificuldades.
O tempo recebe as homenagens neste período do ano, através de mitos e lendas freqüentes no Baixo Império Romano. CHRONOS é o mais popular, simbolizando o Deus infinito, que deriva no Zervan Akarema dos persas. A sua figura é humana e rígida, às vezes com cabeça de leão, associado aos cultos solares, enquanto representa a sua destruição e eliminação (Sirlot, 1968).
O simbolismo de CHRONOS inspira a magia dos tempos atuais na saudação ao Ano Novo, envolvendo traços culturais que vão desde a mesa, com suas comidas típicas, às vestimentas brancas, a casa, ao espírito irradiante de paz e alegria.
COSTUMES & SUPERSTIÇÕES
No nordeste brasileiro algumas crendices são lembradas na entrada do Ano: comer carne de porco, por ser um animal que fuça a comida, levando-a para frente, o que significa boa sorte. Não comer galinha e bode, por darem azar. No caso do bode, as superstições vão até depois de morto, por dizer-se que não é bom ter “couro de bode” em casa.
A nossa tradição aponta algumas comidas que dão sorte: lentilhas: uma colher assegura a fartura o ano todo; romãs atraem dinheiro e devem ser saboreadas em sete partes, guardando as sementes na carteira; bagos de uva: os portugueses trouxeram-nos a crença de que comer 3, 5 ou o número equivalente ao seu número de sorte de bagos de uva, garante a prosperidade, que será maior se as sementes forem guardadas na carteira o ano todo; nozes, avelãs, castanhas e tâmaras foram hábitos trazidos pelos imigrantes árabes, que igualmente garantem fartura.
Além da comida, o Ano Novo no Brasil traz consigo outras superstições, tais como: usar roupa branca como resultado da popularização das religiões africanas, que incentivam o branco como símbolo de paz, pureza e bondade; levar consigo uma peça amarela representa o poder do ouro e atrai dinheiro; uma nota de dinheiro no sapato atrairia riquezas, pois segundo os orientais toda a energia vem dos pés; lençóis novos significariam abandonar as possíveis ameaças do ano que termina.
O RITO DA MEIA NOITE
Uma superstição é a de que “pular com o pé direito” a meia noite atrai coisas boas, pois segundo a Bíblia tudo que está à direita é bom. Jogar moedas da rua para dentro de casa (quem mora no térreo), no mesmo horário, atrai riquezas para todos do lugar. Outras crenças populares no Brasil neste período do ano: pular com um copo a mão (contendo bebida alcoólica ou não), sem derramar nada e em seguida jogar o líquido para trás, de uma vez e sem olhar, deixando para trás tudo de ruim. Os atingidos pela bebida serão protegidos o ano todo. Muito freqüente é subir em qualquer coisa de nível mais alto (degrau, cadeira etc) para obter impulso e dá vontade de subir na vida.
O barulho intenso (apito, batucada, bater panelas etc.), a meia noite, portas e janelas das casas abertas, luzes acesas, afugentariam os maus espíritos, segundo os povos antigos.O candomblé leva as pessoas a acenderem velas nas praias ou jogarem flores ao mar em intenção de Iemanjá, que em troca as protegeria com saúde, amor e dinheiro o ano todo.
ENFIM, O ANO NOVO
Com todos estes traços culturais sinônimos da alma nacional, o Brasil prepara-se para 2002. Será um ano decisivo com a realização das eleições gerais. Adquirir a consciência e a exata noção do que se deseja para o futuro deste país, será certamente a maior benção para os que aqui vivem. Os abraços e gritos, do Oiapoque ao Chuí, amanhã 31 de dezembro, significarão momento mágico, simbólico, onde as aspirações comuns de todos convergirão para Deus, na esperança de que continue a ser brasileiro. Se as superstições dão resultado prático ou não, pouco importa. O fundamental é a fé a confiança que 2002, depois de tantas catástrofes em 2001, acordará o mundo para viver uma solidariedade mais intensa e duradoura.
No ritmo característico do brasileiro, um otimista nato, restará cantar a música do povo, que não dá importância às crises, ou ao mau humor: “pode me faltar tudo na vida, arroz, feijão e pão/ pode me faltar o amor;... só não quero que me falte a danada da cachaça”. Este é um povo que mesmo não tendo à mesa champagne, vinho, uísque ou cerveja, terá sempre o simbolismo da “cachaça”, que não significa necessariamente a bebida alcoólica, mas lembra a água que dá vida e alimenta a profunda fé de todos num futuro melhor do que hoje. Este é o verdadeiro ano novo do brasileiro.
Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte - ·
Respeita a ti mesmo para que os demais te
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