Opinião
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02 de Novembro de 2002
A VITÓRIA DE LULA
A VITÓRIA DE LULA
Tenho conversado muito em Brasília. Afinal, o Congresso é o retrato fiel da Nação. Parece-me claramente, que Lula venceu, mas isto não significa que o PT tenha vencido. Em São Paulo, por exemplo, Lula ganhou e o seu adversário governador Geraldo Alkimin também. Votações quase iguais. Assim ocorreu no Brasil inteiro. O eleitor separou as coisas. A vitória do PT foi adiada para depois do Governo Lula. Isto mesmo aconteceu, no passado, com o PSDB e PRN. Na disputa majoritária, o eleitor votou em pessoas; e não em partidos. Na eleição proporcional, valeu a emoção e a guerrilha política, como por exemplo, a criminosa campanha da CUT propagando, falsamente, que a flexibilização trabalhista retiraria direitos do trabalhador. Lula nunca disse isto na campanha, embora lhe tenha sido perguntado, no último debate da Globo. Ao contrário, ele já anunciou, em coerencia com o seu passado de sindicalista, que encaminhará ao Congresso a reforma trabalhista para facilitar a negociação do capital com o trabalho e garantir o emprego. Isto se chama flexibilização da CLT, a mesma coisa que a CUT deturpou e usou dolosamente para destruir adversários.
Na transmissão da faixa presidencial se encontrarão o “acadêmico” e o “sindicalista”, os mesmos habitantes de São Paulo que, juntos, combateram a Revolução de 64 e depois da redemocratização criaram partidos autodenominados de centro-esquerda e de esquerda (PSDB e PT).
A vida de Lula desmente todas as teses políticas radicais da história da humanidade. Ele é produto da mobilidade social (horizontal e vertical) do nosso país, responsável por não criar obstáculos intransponíveis à um retirante, sem dinheiro, que chegou a São Paulo para sobreviver. Há de se admitir, que o metalúrgico e líder sindical quebrou um tabú ao chegar à Presidência pelo voto legítimo do povo. Esta é a grande vitória a ser comemorada no Brasil de hoje. Deve-se lembrar, que como ele, milhares de outros brasileiros de origem simples e humilde, igualmente venceram em diferentes áreas. Lula vinha galgando a sua ascensão social há quase três décadas. Este fenomeno de superar a discriminação, somente é possível em regimes democráticos e de mercados livres. Não há um só exemplo contrário no mundo. A diferença da vida política de Lula é que, por circunstâncias, livrou-se das “oligarquias e do coronelismo nordestino” e viveu em São Paulo em área altamente industrializada e com grandes investimentos externos. Lutou para fortalecer o sindicato de trabalhadores, que, aliás, é uma conquista tipicamente democrática e liberal do século XIX para limitar o poder econômico e político. Algumas áreas do PT, no período de fundação do partido, podem até terem se inspirado em teses de partidos de esquerda radical. Porém, a vitória pessoal de Lula desmente tudo isto. Ela foi construída em São Paulo, berço do “ livre mercado brasileiro”, que oferece empregos, paga impostos e investe. Lula formou grupos de pressão nos sindicatos para exigir legitimamente justiça social para os trabalhadores. Ele não seguiu a cartilha da luta de classes, nem da guerrilha. Como todo político, sempre almejou o Poder e conseguiu alcançá-lo, sem violência. Chegando ao Planalto, saberá que para superar o desemprego e a miséria serão necessárias soluções econômicas. Aprendeu isto no abc paulista.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, declarou com lucidez: “o Brasil votou em alianças”. Isto não quer dizer, coparticipação direta no Poder, mas sim coparticipação direta na responsabilidade para com o Brasil. Não há dúvida de que existe fome, desemprego, salário baixo, má distribuição de renda, crescimento econômico reduzido. O futuro Governo dá sinais de que abrigará na execução de sua política econômica seguidores do mercado livre e fiscalizado pelo Estado. Usando sinônimos, poderão ser mudados objetivos e prioridades. Conceitos não. Um destes conceitos, é o de que, somente o sucesso da política econômica, garantirá os avanços necessários e urgentes no campo social. Como a roda não se inventa novamente, será preciso conviver com o resto do mundo e esperar para poder gastar. Do contrário, inevitavelmente, a justa pregação pelo social, poderá assemelhar-se ao risco do uso de cheque especial com saques além dos limites....
ACONTECE
Taxa de concurso
As taxas de inscrição para concursos públicos estão com os seus dias contados, diante da orientação do futuro governo federal, em favor das faixas de baixa renda. O senador gaúcho Pedro Simon é autor de proposta, na qual o candidato a concurso público não pagará mais de 1% da remuneração inicial do cargo que ele pretende disputar.Contra a terceirização
O senador Pedro Simon justifica o seu projeto, afirmando que “a terceirização da atividade de concursos, pelos órgãos públicos na elaboração dos exames e seleção, fez gerar uma espécie de especialização e industrialização dos concursos”. Diz ainda o autor: “as taxas são exorbitantes e estão sendo cobradas por centros de seleção de pessoal, discriminando e selecionando, a priori, candidatos pelo critério econômico”. A matéria irá para a Câmara dos Deputados.Reajuste para médicos
Os médicos que atendem no Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram a criação do piso para consultas especializadas e reajuste de 196% no valor pago das consultas e atendimentos médicos. Os municípios poderão aumentar estes valores com o estímulo do Ministro da Saúde Barjas Negri, que defende “maior tranquilidade e autoestima para trabalhar”.Crédito educativo
O programa do crédito educativo (hoje FIES) ofereceu 10 mil vagas a mais do que no semestre passado. O Presidente da República eleito anuncia prioridade para a concessão do crédito educativo no Brasil, o que é altamente positivo e oportuno. O Governo deverá usar o que já existe.Genéricos avançam
Além de ter sugerido a criação do crédito educativo em 1975, através de projeto de lei, atuei intensamente, na última CPI de medicamentos, em favor do lançamento no mercado dos genéricos, que já haviam sido aprovados por lei de autoria do deputado Eduardo Jorge (PT-SP). Tive conhecimento de que o grupo indiano Ranbaxy quer investir na produção nacional de genéricos, de olho no crescimento de 8% mensal. Este é o caminho para reduzir o preço dos medicamentos.Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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