Opinião
-
16 de Fevereiro de 2002
O RN E A CHINA
O RN E A CHINA
Repito sempre: este será o século da igualdade de oportunidades. O trem passará: resta pegá-lo com lógica e competência. No mundo globalizado é preciso viver de antenas acesas. A popularização da Internet, para massificar informações, é uma das missões fundamentais dos governos. A começar na escola pública, associações, sindicatos etc...
Só penso em Rio Grande do Norte. Viajo, vejo experiências, conheço pessoas, mas o meu objetivo é a terra onde nasci e vivo. Agora mesmo, tenho refletido sobre manchetes dos jornais internacionais, informando a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC). Estou convencido de que esta é uma oportunidade para a agricultura brasileira, especialmente a do RN. Por que ?
OBSERVAÇÕES DO MEU PAI
Quando nasci, o meu pai falava da riqueza da borracha. Depois da cêra de carnaúba do Açu. Em seguida, sal, tungstênio, algodão fibra longa etc. Tudo passou pelo avanço da tecnologia e o nosso Estado não acompanhou o progresso. Agora, há no mundo escassez de energia, de água e já começa a existir de alimentos. Principalmente, na China, que constitui imensa população de 1.3 bilhão de pessoas precisando comer, isto é, alimentos.
A grande pergunta: quem vai alimentar a China ? Antes, lá era uma país fechado e acaba de abrir-se para a OMC. Os americanos, franceses, japoneses e brasileiros do sul do país já estão lá, buscando acordos bilaterais, de preferência sobre tarifas. Soube pela imprensa, que o Governador Tasso Jereissati, do Ceará, no mês passado mandou imprimir “folhetos” sobre o Ceará em chinês, libanês e outros idiomas, pediu as nossas embaixadas que marcassem encontros com instituições e governos e foi mostrar fora, pessoalmente, o que “há de bom no Ceará”. Partiu na frente na disputa por investimentos, empregos, melhoria do nível de vida do trabalhador e da empresa. Esperar que as coisas caiam do céu, vivendo na “terrinha” é assinar, por antecipação, atestado de óbito.
SALVAÇÃO DO RN
O mercado chinês pode ser a salvação do RN. Por exemplo: a população chinesa está acostumada a consumir frutas frescas e não gosta de enlatados. O RN é o grande produtor latino-americano de frutas tropicais (melão, manga, abacaxi, mamão etc...). O sul do país já abre perspectivas na China para café, suco de laranja, frango, suíno, e complexo soja (grão, farelo e óleo). Diz o povo: “quem quer vai quem não quer manda recado”. O nosso governo e empresários de visão devem pegar a malinha de caixeiro viajante e mostrarem aos chineses que o RN tem frutas, confecções, turismo, castanha, sal, tungstênio (perdemos a disputa no passado para eles), “rapadura”(produto muito apreciado na China como energético) e grande variedade de alimentos “in natura” ou “semi- industrializados”.
A China vive momento desesperador para produzir alimentos. O lençol freático de Pequim, por exemplo, perde um metro de água por ano e o país reduz cerca de 900 hectares de cultivo anualmente. Com pouca água e falta de terras cultiváveis, a população cresce quase 20 milhões por ano e sobe a renda “per capita”. Os chineses a cada dia comem mais frutas, carnes, ovos e leite, com grande dependência de grãos. Diz-se que em pouco tempo a China terá que importar 300 milhões de toneladas de grãos por ano, o que é maior do que as exportações de grãos do mundo inteiro. Alimentar o povo é atualmente na China prioridade de segurança nacional.
A vocação agrícola do RN é um candidato natural para ajudar a alimentar a China do futuro, agora submetida às leis do mercado com a entrada na Organização Mundial do Comércio. Falta iniciativa e crença de que governar e administrar empresas no século XXI não é voltar-se exclusivamente para o que existe internamente no país, mas acompanhar de perto o resto do mundo e fazer aquilo que os países ricos já fazem há muito tempo. Aumentar as exportações de frutas tropicais para a China, significa negociar também com Taiwan, Coréia do Sul e Japão, grandes consumidores na mesma área. Significa implantar no Estado, em parceria com Universidades públicas e privadas, grande programa de biotecnologia agrícola, levando a tecnologia para o campo, aumentando a produtividade e melhorando a qualidade dos nossos produtos.
OS TALENTOS ANÔNIMOS
Este é um trabalho a ser feito sob a coordenação e incentivo do Governo estadual, mas diretamente através das Universidades (pesquisa) e entidades de empregadores e empregados (criando oportunidades de emprego e aumento da renda). A criação de uma Fundação privada com este fim seria um dos caminhos para refletir, onde o Governo seja cliente e a remuneração vinculada, em parte, ao sucesso de novos negócios. Esta Fundação daria “oportunidades” aos talentos anônimos, que saem de nossas Escolas e Universidades, sem perspectivas e sem meios de sobrevivência, sonhando apenas com o “emprego público”
A “nova China” é uma das nossas oportunidades. Resta ter visão de “mundo” e usar as nossas terras cultiváveis, sol e água. O resultado serão exportações com mais empregos e melhor renda. Tudo isto nascido da criatividade e do trabalho e nunca das “promessas mirabolantes e demagógicas” de populistas profissionais de palanques eleitorais. Mãos a obra.... A oportunidade bate a nossa porta....
UMA HOMENAGEM
Morreu o Deputado gaúcho Nelson Marchezan (PSDB-RS). Conheci-o desde 1975, quando exerci o meu primeiro mandato. Existiam, à época três CPI’s no Congresso Nacional: sobre o menor abandonado, ele era o Relator; multinacionais ( o dep. Herbert Levy (SP) era o Relator e “política de salário mínimo” (eu era o Relator). O fato nos uniu e aprofundou grande amizade. Marchezan tinha o perfil do lutador, do obstinado, do bom caráter.
Ele presidiu a última CPI sobre medicamentos e eu fui o relator geral. Desempenhamos o nosso papel e fomos, juntos, elogiados, unanimemente, pelo plenário com a aprovação do relatório final.
Grande figura. O Brasil perde um político combatente e com verdadeiro espírito público.
Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618