Opinião
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29 de Março de 2003
O VÔO DA ÁGUIA
O VÔO DA ÁGUIA
Desconheço até hoje alguém a favor da guerra no Iraque. Isto não quer dizer, que todos estejam contra os Estados Unidos. A América do Norte é uma nação respeitada com longa história de preservação dos valores humanos e democráticos. A Declaração de Virginia, de 16.06.1776, proclamou ao mundo a defesa da vida, da liberdade, da propriedade, da legalidade, da liberdade de imprensa e da liberdade religiosa. A Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 04.07.1776, influenciou até mesmo a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa (1789). Quanto a Sadam Hussein, ninguém duvida que seja um ditador e tirano. A condenação a esta guerra tem outras razões e não significa ser contra os Estados Unidos ou a favor de Sadam.
Tudo começou no dia 11 de setembro de 2001 com o ataque ao centro de defesa norte-americano (o Pentágono) e ao World Trade Center (centro econômico-financeiro). Foram usados na destruição aviões do próprio país atacado. Até hoje, não se conhecem os verdadeiros responsáveis pelo atentado. Renasceu aí fenômeno semelhante àquele de fevereiro de 1947, quando o presidente Harry Truman lançou a “Doutrina Truman”, que previa luta sem trégua à expansão comunista no mundo. A exemplo do atual conflito no Iraque, a “guerra fria” foi muito mais do que uma disputa armamentista ou geopolítica. Teve como objetivo colocar em jogo o “bem” contra “o mal”. O senador Joseph MacCarthy tornou-se o caçador de comunistas. A repressão alcançou figuras como o célebre Bertold Brecht, o dramaturgo Arthur Miller, Thomas Mann e atores de cinema como Lauren Bacall e Humphrey Bogart. O Governo retirou de circulação, sob suspeita, o clássico da literatura social americana “Vinhas da ira” de John Steinbeck. A “guerra fria” terminaria somente em novembro de 1989 na queda do muro de Berlim e, logo depois, com a dissolução da União Soviética em 1991.
O pai do Presidente Bush não conseguiu em 1975 retirar Sadam do poder, mesmo ganhando a guerra do Kuwait. Se os EEUU já tivessem captado Bin Laden, a honra nacional estaria lavada. Como isto não aconteceu, o inimigo é Sadam. O filho-presidente sente-se na obrigação de concluir a tarefa que o pai iniciou, até com fundadas suspeitas da participação do ditador iraquiano, no atentado de 11 de setembro. O grave é que isolando a América, nenhuma arma nuclear, por mais poderosa que seja, protegerá os norte-americanos, diante do inimigo desconhecido – “o terrorismo e as armas químicas”. Os quase U$ 300 bilhões de dólares gastos com a segurança interna não evitarão atentados imprevisíveis. O bispo católico Robert Bowan, da Flórida, tenente-coronel e ex-combatente do Vietnã, em carta ao Presidente Bush lembrou o salmo 33: “Um rei não é salvo pelo seu poderoso exército, assim como um guerreiro não é salvo por sua enorme força”.
Diante de tamanho risco, a solução seria cruzar os braços? Não. A democracia atravessa crise profunda. A liberdade é usada para semear a violência. O combate eficaz e duradouro às práticas terroristas e a preservação da liberdade, terá que ser solidário, nunca isolado e com a participação de todos os povos e nações, sob a jurisdição das Nações Unidas. Aí está o risco da atual guerra, onde a legalidade internacional foi desrespeitada. Em 1975, na invasão do Kuwait, a ONU pronunciou-se favorável ao ataque.
A “pax americana” de hoje assemelha-se a “pax romana” de Augusto em Roma. Certamente, inspirada em Maquiavel, que dizia de “nada adiantar as preleções pacifistas, visto que elas só desmobilizavam o ânimo beligerante que todo o governante deve possuir na defesa do seu poder”. Isto não faz jus à tradição de liberdade e respeito aos direitos humanos daquele país, admirado pelo mundo. Caso Bush ganhe a guerra e mostre os depósitos de armas química do Iraque, será consagrado militarmente. Politicamente, terá dificuldades intransponíveis para implantar a democracia no Iraque. A história mostra que os déspotas e monarcas do Oriente Médio foram todos eles criados e alimentados pelos EUA e Europa. Fora Israel, não há um só país democrático na região.
O Presidente Wilson, após a I Guerra Mundial, tentou levar ao mundo os valores da democracia norte-americana. Foi rejeitado pelo congresso de então, dominado pelos republicanos. Na atualidade, o mundo livre deseja que os EEUU definam, em futuro próximo, doutrina clara, nos moldes da Doutrina Monroe de 1823 ou da Doutrina de Segurança Nacional de 1946 para orientar a sua política externa ao término desse perigoso conflito – queira Deus seja o mais rápido possível. Tudo isto, em respeito ao vôo da “águia”- o símbolo americano-, cujo percurso histórico foi sempre em busca da paz, da liberdade e da democracia.
ACONTECE
Crédito educativo
Não se justifica que as despesas com o pagamento do crédito educativo não sejam, ainda, deduzidas do Imposto de Renda. Afinal, quem quita esse compromisso é o estudante contribuinte o que não se compara a uma dívida comum.Alto do Rodrigues
O município de Alto do Rodrigues jamais poderá perder a chance de ter em seu território a já iniciada “Termoassu”, onde funcionará a usina termelétrica. Até agora, o Governo Federal vem estimulando o investimento, mesmo diante dos “boatos” de que a essa altura não interessaria mais gerar os 485 MW que o projeto prevê. O prefeito Abelardo Rodrigues está atento.Hospital do Seridó
Esta instituição hospitalar de Caicó presta serviços insubstituíveis à região. Fiz apelo à Governadora Wilma de Faria para que o Estado complete a diferença não paga pelo SUS relativa às internações atuais.Telegrama
Recebi telegrama dos senhores Manoel Nunes do Rego e Lirimar Almeida Filho, diretor e adjunto da ECT no Estado. Eles resumem em competente apelo os mais graves problemas do Estado e pedem a participação permanente e eficiente da bancada federal.Galinhos
Na última quarta, o município de Galinhos completou 40 anos de emancipação política. Trata-se de uma cidade símbolo da ecologia e do turismo no RN. A sua preservação deve-se ao trabalho contínuo da prefeita Jardelina Pereira do Vale, do seu vice Francisco Rodrigues de Araújo e todos aqueles comprometidos com a terra e o seu povo. Os “royalties” que o município recebe do petróleo atraem “oportunistas”, que desejam dominar Galinhos. Quem tenha compromisso com o futuro da terra, deverá ficar de “olho aberto” nas próximas eleições municipais.Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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