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Opinião

  • 15 de Fevereiro de 2003

    O REPÓRTER QUE AINDA SOU

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    O REPÓRTER QUE AINDA SOU

    Hoje é o dia do repórter. O meu primeiro emprego foi, em 1959, como repórter aos quatorze anos de idade. O chefe de redação da Tribuna do Norte Waldemar Araújo, a pedido do seu amigo Teófilo Lopes, acolheu-me na redação do jornal. Paciente, atendeu o desejo de todo “novato”, que era ter uma coluna assinada (“Um fato em foco”).

    Em 1962, Natal era uma pequena cidade. Os contrastes sociais mostravam  a convivência da “opulência” com a  “pobreza”. Como repórter do jornal católico A ORDEM, recebi do jornalista Manuel Chaparro – português, que dirigiu o semanário por vários anos –  a tarefa de retratar tais contrastes numa série de reportagem, depois intitulada “A Cidade por dentro”. Visitei alagadiços, favelas, comunidades de Natal. Relatei várias histórias de vida. A ORDEM recebeu protestos de leitores, que me denunciaram como instigador de luta de classe, por mostrar a injustiça da pobreza e da miséria. D. Eugênio Sales deu-me total apoio. A série recebeu “Menção Honrosa”, no Prêmio Esso de Jornalismo brasileiro de 1963. Recebi o diploma na presença do sr. Mário Torres de Melo, gerente de relações públicas da Esso para o Brasil, além do jornalista Luiz Lobo, diretor da nossa Faculdade de Jornalismo; o velho amigo (já falecido) Everaldo Gomes, representando o Governador do Estado, Aluízio Alves; Monsenhor Alair Vilar; Dr. Otto de Brito Guerra e alunos da Faculdade.

    Em 1º de janeiro de 1966, circulou  A ORDEM com um editorial escrito por Tarcísio Monte, intitulado “Adeus a um companheiro”, onde se lia: “Quem fala em Ney Lopes se lembra logo de “A Ordem”. Aqui ele aprendeu, deu o melhor de si e, por último, foi secretário de redação – último posto aspirado por um jornalista. Mas Ney não é de conformações .... e para não sufocar as suas possibilidades de atuar irá para um centro maior”. Recebera convite (e aceitei) para ser repórter no Jornal do Comércio, de Recife.

    O meu primeiro desafio como repórter no Recife, foi acordar de madrugada. Em companhia do fotógrafo Clodomir Leite (assinava Clomir, depois laureado pela Revista Veja) andei nas hospedarias de Olinda, Jaboatão, São Lourenço, o cais Santa Rita e escrevi uma série de reportagem sobre o abastecimento do “Grande Recife”. Com detalhes e minúcias publiquei os textos intitulados “Recife come o que não faz e curte fome dos outros” (“a inchação da fome”), “No tráfico do boi em pé ciganagem aperta a fome”, “Fome vem com balaio na cabeça e barraco no chão” e “Recife come o que não faz e curte fome dos outros”. A SUDENE fez estudos com base nestes artigos.

    A minha maior vitória como repórter no Recife foi descobrir uma octogenária, vivendo na promiscuidade de um quarto miserável de hotel. Era a sra. Calíope Barreto Menezes, filha do grande brasileiro Tobias Barreto, professor de Direito de várias gerações, expoente máximo das letras nacionais e que legou a sua filha a herança de “pensionista da caridade pública”.  Eu e Clodomir levamos dona Calíope para um passeio nas ruas do Recife e denominamos “Roteiro da Saudade”. Diante da Faculdade de Direito do Recife, dona Calíope meditou e disse : “Aqui meu pai fez concurso três vezes, tirando em primeiro lugar todas as ocasiões. Só foi nomeado na última vez por interferência de D. Pedro II. Ele era prejudicado pelas pessoas que tinham mais dinheiro do que ele”. Em frente ao Teatro Santa Isabel, parou e exclamou: “Aqui, papai debatia, sobretudo com Castro Alves”. Esta série de reportagem teve grande repercussão em Pernambuco. A revista “Cruzeiro”, na época a de maior circulação nacional, adquiriu os direitos autorais do texto e publicou como matéria de capa. Dona Calíope recebeu do Governador Paulo Guerra  a doação de uma casa para morar e pensão vitalícia.

    Tive outros grandes momentos como repórter no Diário de Pernambuco, na Folha de São Paulo, no Jornal do Brasil (sucursais do Recife). Ainda hoje, sinto-me um repórter. Busco a notícia com a mesma intensidade do passado. E sempre com a absoluta noção, de que a ética do jornalismo se apoia na verdade dos fatos relatados pelo repórter. Trair este princípio, será transformar-se em estelionatário da informação.

    ACONTECE

    Ney Júnior
    Agradeci a indicação da Governadora Vilma de Faria ao nomear Ney Júnior como Secretário Extraordinário para cumprir encargos junto a órgãos públicos, entidades governamentais e internacionais no Distrito Federal do interesse do RN. Ele tomou posse na última quarta, na Governadoria.

    Graça de não desistir
    No dia em que Ney Jr. concluiu o Mestrado na “American University” em direito econômico internacional, repeti nesta coluna o pensamento de que “a coisa mais importante que os pais podem ensinar aos seus filhos é como viverem sem eles”.  Hoje, ao ve-lo auxiliar direto da Governadora Vilma de Faria, rezo com a convicção de D. Helder Câmara, quando exclamou: “É graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa. Mas a graça das graças é não desistir nunca”.  Honre a confiança recebida e que Deus o proteja, meu filho.

    Robinson
    A eleição do deputado Robinson Farias foi consagradora para a Presidência da Assembléia Legislativa do RN. Conquista do esforço, da competência e da persistência. Recebi, até a última eleição, o apoio dos correligionários de Robinson no Agreste.

    Talento potiguar
    Na última segunda, em Brasília, assisti na sede da Procuradoria da República a imponente solenidade de entrega das credenciais de “Procurador da República” a 50 jovens, aprovados em recente concurso público, do qual participaram 10 mil candidatos. Representei, na ocasião, o meu grande amigo Francisco Peixoto de Queiroz (Franquinho), de São Miguel, leal correligionário nos momentos mais difíceis da minha vida pública. O seu filho, Ronaldo Pinheiro de Queiroz, era um dos 50 novos Procuradores da República. Ele foi aprovado em sétimo lugar em todo o país, com apenas 26 anos de idade. Festejei a vitória do “talento potiguar”.

    Grácio Barbalho
    Faleceu o professor Grácio Barbalho. Médico, viveu intensamente integrado à comunidade potiguar. As suas qualidades intelectuais iam além da medicina. Revelou-se profundo conhecedor da nossa música popular. Perda irreparável para o nosso Estado.

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte



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