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Opinião

  • 08 de Maio de 2004

    MÃE

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    MÃE

    “O menino e o seu amiguinho brincavam nas primeiras espumas; o pai fumava um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo era inocente, na manhã de sol. Foi então que chegou a Mãe muito elegante em seu short e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear — e trouxe seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar estava muito forte.

               Depois de fingir três vezes não ouvir seu nome gritado pelo pai, o garoto saiu do mar resmungando, mas logo voltou a se interessar pela alegria da vida, batendo bola com o amigo.

    Mas de repente:

    Cadê Joãozinho?

    – Meu Deus, esse menino atravessando a rua sozinho! Vai lá, João, para atravessar com ele, pelo menos na volta!

    O pai achou que não era preciso:

    – O menino tem OITO anos, Maria!

    – OITO anos, não, oito anos, uma criança. Se todo dia morre gente grande atropelada, que dirá um menino distraído como esse!

    Agora o amigo do casal estava contando pequenos escândalos de uma festa a que fora na véspera, e o casal ouvia, muito interessado "mas a Niquinha com o coronel? Não é possível!" – quando a Mãe se ergueu de repente:

                — E o Joãozinho?

    Os três olharam em todas as direções, sem resultado. A Mãe, que viera correndo, interpelou novamente o amigo do filho. “Mas sumiu como? Para onde? Entrou na água? Não sabe?”

    De pé, lábios trêmulos, a Mãe olhava para um lado e outro, apertando bem os olhos míopes para examinar todas as crianças em volta. Todos os meninos de oito anos se parecem na praia, com seus corpinhos queimados e suas cabecinhas castanhas. E como ela queria que cada um fosse seu filho, durante um segundo cada um daqueles meninos era o seu filho, exatamente ele, enfim – mas um gesto, um pequeno movimento de cabeça, e deixava de ser. Correu para um lado e outro. De súbito ficou parada olhando o mar, olhando com tanto ódio e medo (lembrava-se muito bem da história acontecida dois a três anos antes, um menino estava na praia com os pais, eles se distraíram um instante, o menino estava brincando no rasinho, o mar o levou, o corpinho só apareceu cinco dias depois, aqui nesta praia mesmo!).

    Banhistas distraídos foram interrogados – se viram algum menino entrando no mar – o pai e o amigo partiram para um lado e outro da praia, a Mãe ficou ali, trêmula, nada mais existia para ela, sua casa e família. Toda essa gente estúpida na praia que não sabia de seu filho, todos eram culpados – "Joãozinho !" – ela mesma não tinha mais nome nem era mulher, era um bicho ferido, trêmulo, mas terrível, traído no mais essencial de seu ser, cheia de pânico e de ódio, capaz de tudo. "Joãozinho !" – ele apareceu bem perto, trazendo na mão um sorvete que fora comprar. O pai e o amigo voltaram a sentar, o menino riscava a areia com o dedo grande do pé, e quando sentiu que a tempestade estava passando fez o comentário em voz baixa, a cabeça curva, mas os olhos erguidos na direção dos pais:

                – Mãe é chaaata...”

    (Crônica (resumo) publicada no livro “A cidade e a roça”,de Rubem Braga, o melhor cronista brasileiro de todos os tempos).

    ACONTECE

    HomenagemO texto de Rubem Braga, que abre esta coluna, é a nossa homenagem à Mãe potiguar. O seu afeto, dedicação e vigília permanente na defesa do filho. A criança proclama a chatice da mãe por acompanhá-la. Mais tarde, na idade adulta, certamente sentirá falta dessa proteção e recitará como Drumond: “Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza; nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste”.

    Salário do crescimentoHá anos insisto na Câmara Federal com o projeto de lei que cria no Brasil o salário mínimo do crescimento, vincula o aumento real ao PIB (Produto Interno Bruto) e disciplina o reajuste periódico do poder aquisitivo. Agora, o PFL encampa a idéia e apresenta ao Governo Federal.

    Sócio do paísO salário mínimo do crescimento tornará o trabalhador sócio da Nação. Crescendo a produção nacional (medida pelo PIB), cresceria automaticamente o valor real do salário mínimo, sem prejuízo das revisões do poder aquisitivo do salário para atender as necessidades vitais básicas, tais como, alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

    José GobatRendo homenagem póstuma ao jornalista José Gobat Alves, conselheiro do Tribunal de Contas do RN. Convalescia há anos, vítima de trágico acidente. Faleceu na última terça. Ele e Valdemar Araújo dirigiam a Tribuna do Norte em 1959, quando tive a minha primeira oportunidade de trabalho no jornalismo. Registro o fato por ter ficado na minha memória.

    MossoróDia 18 próximo será inaugurada a Vara da Justiça Federal em Mossoró. Vitória que computo na minha vida parlamentar. Durante anos, foram muitos os apelos da OAB, da comunidade, das lideranças políticas. Quando ocupei a Presidência da Comissão de Constituição, Justiça e de redação final, da Câmara Federal, em 2002, obstruí a tramitação do projeto de lei, que criava novas varas. O STJ reclamou-me e, no acordo feito, consegui incluir Mossoró e Caicó. E mais: cada Comissão Permanente da Câmara tem direito a cinco emendas no Orçamento. Destinei uma dessas emendas em 2002 para instalar as Varas criadas, já que a dotação não poderia ser específica para Mossoró e Caicó.

    Mossoró, depois CaicóO Tribunal Regional Federal decidiu usar a verba para instalar primeiro Mossoró. Agora, a luta é para que a Vara Federal de Caicó se instale o mais rápido possível. Acompanharei o assunto junto à Presidente do TRF, Ministra Margarida Cantarelli, que conheço há anos e é uma das mais competentes magistradas do país.

    Concurso226 vagas no Instituto do Coração em Brasília. A seleção será para vagas na área de saúde e apoio administrativo, variando o salário de R$ 350 a R$ 7 mil reais. Inscrições até sexta próxima na Internet (www.centroconcursos.com.br ), ou através do fone (061) 3039.9333.

    EsforçoNo ano de 2002 fui relator do projeto de correção das tabelas do IR pessoa física. Houve pequeno avanço, porém permaneceu de 1996 para cá a defasagem 39.5% dos governos FHC e 11.32% dos 15 meses do governo Lula. Participo da frente parlamentar instalada para lutar em favor dessa causa, que beneficia o assalariado.                     

    Concurso Câmara CascudoIndiquei o conterrâneo Professor Diógenes da Cunha Lima para "Coordenador Geral" da Comissão de "experts", que julgará os trabalhos do prêmio Câmara Cascudo, instituído pelo Parlatino, nas comemorações de 40 anos de fundação. Nomeei o jornalista Vicente Serejo, membro-titular da Comissão Julgadora, composta de cinco eméritos em cultura popular na América Latina. A escritora Ana Maria Cascudo, filha do Mestre, foi qualificada como "homenagem especial", representando a família. Maiores informações sobre o prêmio Câmara Cascudo no "site" www.parlatino.org.br.  

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte



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