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Opinião

  • 15 de Outubro de 2005

    ANTES, NÃO

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    ANTES, NÃO

                Domingo próximo, os brasileiros serão chamados às urnas para responder a pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. A pergunta é confusa, independente de ser contra ou a favor. Ninguém de bom senso pode ser favorável à venda ilimitada e descontrolada de armas. Porém, ao incluir a palavra “proibida”, o cidadão pode ser levado, no primeiro momento, a dizer SIM, relacionando a arma ao crime, imaginando que a medida é para desarmar o bandido.

                Vi na TV uma senhora responder, ao ser indagada, se votaria SIM ou NÃO: “ É claro que vou votar sim. Eu não quero que só os bandidos fiquem armados. Eu quero ter o direito de me defender, se quiser ter uma arma”. Este é o caso típico da confusão provocada pela pergunta. Na verdade, esta cidadã deseja votar NÃO.

                LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO          

                A propósito, li recente crônica de Luiz Fernando Veríssimo, a seguir transcrita:

                “Aprenda a chamar a polícia! Falando em desarmamento. Eu tenho o sono muito leve e, numa noite dessas, notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal da minha casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

                Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranqüilamente. Liguei baixinho para a polícia informei a situação e o meu endereço, perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e me disseram que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém, assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

                - “Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!”

                Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade de resgate, uma equipe de tv e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo. Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do comandante da polícia. No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

                -“Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.”
                Eu respondi: “Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível”.

                (09/10/2005)

                LITERATURA DE CORDEL

                O cordel é a forma mais autêntica de expressar o sentimento popular. Autor anônimo distribuiu uns versos avulsos sobre o desarmamento. Transcrevo algumas estrofes:

                “Mas deu no rádio
                que ninguém pode andar armado,
                não entendi a notícia,
                pois pensei que a polícia
                desarmava era ladrão.
                Seu delegado, se um ladrão bater na porta,
                devo fugir pela outra?
                Me "arresponde", sim senhor!
                E se um safado me desrespeitar uma filha,
                quem vai defender a família
                do homem trabalhador?
                É muito fácil desarmar quem é direito,
                quem tem nome e tem respeito,
                documento e profissão.
                Muito mais fácil que desarmar vagabundo,
                desses que anda pelo mundo
                fazendo mal-criação.”

                O DESARMAMENTO

                O que é desarmar? A resposta é clara: tirar as armas e todos os meios possíveis de ataque e de defesa.

                Particularmente, como defensor da paz social, entendo ser quase impossível alguém se manifestar contrariamente ao ato de desarmar. Correria o risco de ser favorável à morte, à violência, à guerra.

                No caso do referendo brasileiro, a pergunta correta deveria ter sido: “A venda de armas legalizada, ao cidadão, deve ser proibida?”. Votei nessa linha na Comissão de Justiça. Porém, os deputados do PT Luiz Eduardo Greenhald, Professor Luizinho, João Paulo Cunha e outros, em nome do Governo, à época com força total, impuseram o texto que o povo responderá domingo próximo.

                De minha parte, apoio o desarmamento, desde que se cumpra a condição prévia da polícia desarmar o marginal e garantir a paz pública. Antes, não.

    IN MEMORIAM

                Registro o falecimento da senhora Zulmar Santos. Uma mulher de grande presença na vida religiosa e social do Estado. Afável e simples, a todos atendia. Participava e incentivava obras sociais. Deixa um espaço de humanismo e solidariedade cristã difícil de ser preenchido.

    SERVIÇO

    Desde a última sexta-feira já está funcionando o "Cartório 24 Horas". Agora, pessoas físicas e empresas vão poder solicitar certidões de qualquer cartório do Estado que seja afiliado, e receber os documentos no endereço indicado. Além do Rio Grande do Norte, mais 14 Estados integram o serviço pelo site www.cartorio24horas.com.br

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte



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