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Opinião

  • 08 de Outubro de 2005

    O GESTO DO MEU PAI

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    O GESTO DO MEU PAI

                Gesto é algo insondável. Pode ser uma idéia, indiferença, sentimento, expressão, fisionomia, atitude. O gesto revela a pessoa humana. O gesto conquista, mas também afasta. Quem mais percebe os gestos humanos são as crianças. Elas guardam na memória e lembram, na idade adulta, com amor ou desprezo.

                Recebi uma carta do leitor Francisco Canindé de Oliveira. Um depoimento significativo sobre o meu pai, Josias de Oliveira Souza, falecido em 1971. Sempre identifico as marcas da sua personalidade humana. Homem simples, modesto, religioso, devotado à família, e, sobretudo, um homem de gestos de valorização da pessoa humana.

                Francisco Canindé de Oliveira relata em sua carta:           

    Amigo Ney,

                Lendo a sua coluna "Opinião", em "O Poti", de 17 de julho de 2005, sobre "As manhãs do Alecrim", confesso-lhe que também fiquei emocionado. Sempre morei no Alecrim. Quando criança, eu morava em frente ao Cinema São Pedro. Ali assisti a muitos filmes.

                Lembro-me muito bem da Av. 1 (Pres. Quaresma), entre os anos de 1948 a 1950, pois nasci em 1944. Recordo-me veementemente da mercearia do "Seu Chiquinho" e do "Seu Pinheiro", de “O Vidraceiro do Norte”, etc. Particularmente, e com maior ênfase, lembro-me da Alfaiataria Globo, do seu pai, o Sr. Josias.

                Mas sobre esse aspecto, houve um episódio que nunca me esqueci: naquela época, Seu Josias abriu uma confeitaria, na esquina da Av. 1 com a Rua Amaro Barreto. A confeitaria era, por sinal, muito sortida, e, bem na frente, havia uns bonecos infláveis. Eu, na minha inocência de menino, agarrei-me a um dos bonecos, que por sinal era aproximadamente da minha estatura, e esse veio a explodir.

                Confesso que fiquei estático, sem saber como resolver aquela situação
    difícil. Foi nesse instante que Seu Josias, com toda psicologia que Deus lhe deu, chamou-me pacientemente e me presenteou com um pacote de confeitos. Esse, portanto, foi um episódio marcante em minha vida e que tenho relatado para muitas pessoas amigas.

                Portanto, Ney, hoje estou agradecendo-lhe por aquele ato praticado pelo
    senhor seu pai.
    Um ato singular, raro na humanidade”.

                Tocou-me o depoimento de Canindé. Sobretudo quando ele me agradece pelo gesto de ternura humana do meu pai. Aí cabe recordar a bela crônica de Artur da Távola (“A perda do pai”):

                “O pai é o mistério enquanto vida e a revelação depois de morto. Em um segundo, entendemos tudo o que, durante a vida, parecia-nos uma gruta de mistérios. Ele só começa a nos educar quando se vai. Só começa a viver quando já não está; seus objetos ganham vida, suas comidas preferidas passam a ter mais gosto, suas frases adquirem o sentido que só o tempo e a repetição outorgam às coisas”.

    ACONTECE

    Alberto Maranhão

                Justa homenagem o traslado das cinzas do ex-governador Alberto Maranhão para o TAM, em Natal, que tem o seu nome desde 1957, por decisão do então prefeito Djalma Maranhão. O teatro foi inaugurado em 1904, no primeiro governo de Alberto Maranhão.

    Transposição

                Agrava-se a polêmica em torno do projeto da transposição das águas do rio São Francisco. O que deveria ser considerado um ato humano e cristão, diante da calamidade periódica da seca nordestina, tornou-se motivo de greve de fome de um bispo. O religioso desistiu. Já se alimenta e bebe água. Só que milhares de nordestinos continuam sentenciados a não comer e nem beber nas estiagens futuras do Nordeste. E a água que irrigaria o nordeste faminto continuará sendo desperdiçada e jogada ao mar sem nenhuma utilidade!!!

    Talento potiguar

                A pesquisadora Joana D’arc Almeida de Aquino, com mais de 80 anos, acaba de lançar, em Natal, o livro de contos infantis “Histórias da Vovó”, com ilustrações suas e do filho, Carlos Alberto Almeida de Aquino. D. Nivaldo Monte, prefaciando a obra, escreveu: “...este livro de contos infantis, alheios e originais, fixando para a nossa alegria e alegria daqueles que tiveram a sabedoria de não deixar morrer, dentro da alma, a criança que se oculta no coração de cada um.”.

    De política...

                Comentário passageiro. Todos os pré-candidatos a governador dispõem dos programas gratuitos dos seus partidos para a propaganda pessoal. Dos pré-candidatos ao Senado, dois deles - Fernando Bezerra e Geraldo Melo - usam os espaços dos seus partidos na mídia para o lançamento de suas candidaturas, fixando os nomes para se saírem bem nas pesquisas. Os concorrentes, em desvantagem, sem espaço no horário  gratuito, acreditam que tudo isto seja apenas o "treino" para 2006. Porque, para o jogo principal, em outubro do próximo ano, certamente valerá a máxima do futebol:" treino é treino; jogo é jogo". Em 2002, ocorreu situação semelhante na Paraíba e o então deputado Efraim Moraes partiu para o Senado com 3% na pesquisa e em quarto lugar. Abertas as urnas, foi o Senador eleito, com a particularidade de que era oposição ao governador eleito, Tasso Cunha Lima. Aí está a prova de que não existe essa história de governador levar o senador. Pode levar ou não. José  Agripino se elegeu três vezes no RN com o governador do outro lado.

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte



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