Marca Maxmeio

Opinião

  • 20 de Agosto de 2005

    JOGAR CONVERSA FORA

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    JOGAR CONVERSA FORA

                 Valdemiro, o fiel escudeiro político, continua acordando cedo e vai ao mercado ouvir quem joga “conversa fora”, para informar ao seu patrão, chefe político municipal.

                - “Tenho quase 50 anos e nunca vi isto na política. Tá demais.”

                - “Até condenado da justiça dá depoimento. Um tal de Toninho da Barcelona.”

                - “Mas qual é mesmo a sua opinião: O homem cai ou não cai?”.

                - “Lembro-me de um programa da rádio nacional antiga: “balança, balança, mas não cai”.

                - “Será que ele não sabia de nada? ”

                - “Muita gente pensa que ele não sabia. Em Brasília, até passeata fizeram para apoiar o PT. A turma da CUT, da esquerda, é muito unida, amigo”.

                 - “É mesmo. No enterro do ex-governador de Pernambuco falaram que existe uma armadilha da direita contra o PT e contra a esquerda. Tudo feito por dono de banco. Os ricos contra os pobres”.

                 - “Dinheiro americano, comissão daqui, dali e dacolá, deputado e senador recebendo por baixo do pano. Isso tudo é negócio de rico contra pobre, ou é a verdade?”.

                - “Você tem razão. Um tal Bicudo de São Paulo, que foi vice-prefeito de lá e é de esquerda desde menino, disse que conhece ele de muito tempo e ele sempre faz isto. Gosta de empurrar a sujeira pra debaixo do tapete”.

                - “A sujeira debaixo do tapete não aparece. Nem escorregar ele escorrega. Passa por cima do tapete e muita gente pensa que tá tudo limpo”.

                -“É, mas um dia a casa cai.... Eu não desejo isto não. Mas lembro uma história que ouvi de um marinheiro....

                -“Que história? ”

                -“Eu era caminhoneiro e ouvi um marinheiro dizer que trabalhou num grande navio, desses que levam mercadorias para fora. O navio tinha muitos empregados. Mais de 300. Se um parafuso fosse desviado do porão do navio, o comandante sabia. Era a obrigação dele. Comandante é comandante”.

                -“Você quer então dizer que ele tinha que saber dessas histórias todas...?”

                -“Eu acho que sim.

                -“Ah, lembrei de uma coisa. Ouvi ele dizer num programa de rádio, que a culpa é de uma tal elite, exploradores do povo, oli...... não sei o que.....

                A esta altura, Valdemiro que ao lado tomava um cafezinho, não se agüentou e perguntou: “Desculpe moços, também ouvi falar dessa tal elite. Vocês sabem o que é isto?”.

                -“Elite é quem manda, quem controla votos, quem se beneficia dos favores dos políticos”.

                -“É quem votou nele prá Presidente, só porque viu que ele ia ganhar e não queria ficar de baixo. Estes “chefes políticos” precisam acabar, dá uma vassourada neles. É preciso mudar a lei e colocar na cadeia quem usa dinheiro pra comprar voto”.

                Valdemiro despediu-se e correndo chegou à mesa do café do seu patrão, informando-o: “a coisa tá ruim. Cuide de sair daqui antes que mudem a lei. Pelo que ouvi vão pegar pessoas parecidas com o senhor”.

    E para fechar o seu espanto, Valdemiro comunicou: “e o pior, patrão, vão proibir dinheiro na eleição. Vai acabar aquela “mixaria” que o senhor sempre me manda apanhar na cidade e eu trago seguro na cueca. Nem isto, vai ter mais...”.

    O velho chefe político aboletou-se na espaçosa cadeira de vime, coçou a tez levemente e disparou com indisfarçável tranqüilidade: “incomode não, Valdemiro. Já ouvi muito essa história de mudar lei. Eu tinha até medo. Mas agora, pelo que estou vendo no Brasil, é só o político pedir desculpa pelo errado e tudo bem. Num tá vendo o partido do homem...”

    ACONTECE

    Uma coisa, ou outra

                Das duas uma: ou se aprova a emenda constitucional, prorrogando para 31.12.05 o prazo para entrada em vigor das mudanças partidária e política, ou as eleições terão que ser antecipadas, mantida a reeleição para o Executivo e proibida as candidaturas daqueles que estiverem envolvidos nas denuncias atuais, salvo os absolvidos pela justiça. 

    Legal ou ilegal?

    O constitucionalista honesto sabe – por ser rudimentar – que o poder constituinte derivado do Congresso Nacional tem competência para aprovar uma ou outra das propostas acima. Admite-se até rejeitá-las, por outras razões, jamais por ilegalidade, ou inconstitucionalidade.

    Publicado em 21.08.2005 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.

     


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