Opinião
-
25 de Junho de 2005
POR FALTA DE UM GRITO...
POR FALTA DE UM GRITO...
Caracas, Venezuela – Gosto sempre de repetir a frase do saudoso Leonel Brizola: “Eu venho de longe...”.
Na última quarta-feira, tive esta sensação, quando participei da audiência com o ministro de Minas, Energia, Petróleo e presidente da PEDVESA (estatal venezuelana de petróleo), Dr. Bernard Mommer. Lembrei que, em 11 de fevereiro de 1996, eu havia dado o primeiro “grito” favorável à associação da Venezuela com a Petrobras para a construção de uma refinaria de petróleo no Rio Grande do Norte. Isso há mais de nove anos.
A história começou nessa coluna OPINIÃO, com o artigo intitulado “O nosso petróleo, a nossa refinaria” (11.02.96).
Como secretário-geral, à época, do Parlamento Latino-Americano (PARLATINO), tive a informação do amigo e então vice-ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Milos Alcalay, de que a PEDVESA desejava instalar uma refinaria de petróleo no Nordeste brasileiro.
LUTA A FAVOR DO ESTADO
Entrei, de imediato, na luta a favor do nosso Estado. Mobilizei-me. O jornalista Roberto Guedes era o coordenador do “Pacto pelo Desenvolvimento do RN”. Juntos, convidamos o embaixador Milos Alcalay para visitar Natal. Dias depois, ele nos informou que viria ao Brasil, em breve, o Dr. Rafael Caldera, recém-eleito presidente da República da Venezuela. Seria a oportunidade ideal para uma delegação do RN encontrar-se com o mandatário venezuelano e formular o pleito. A sugestão foi aceita.
Em um movimento suprapartidário, convidei o então governador Garibaldi Alves, toda a bancada federal e estadual, vereadores e entidades de classe. O encontro com o presidente Caldera foi realizado na embaixada venezuelana, em Brasília, no dia 21 de maio de 1996. Além da classe política, estiveram presentes o jornalista Roberto Guedes e o líder maçônico, Venerável Armando Fagundes.
Abria-se a porta do diálogo com a Venezuela, a favor da refinaria de petróleo do Rio Grande do Norte. Nessa época, nenhum outro estado nordestino sabia da informação confidencial, que obtive através do PARLATINO. Não havia concorrentes, portanto. Partimos na frente.
O Presidente Rafael Caldera e seus assessores foram totalmente informados do potencial petrolífero do nosso Estado.
NOVE ANOS DEPOIS...
Passaram-se mais de nove anos. Nada aconteceu. Enquanto isto, os nossos vizinhos nordestinos ousaram “pensar grande” e avançaram.
Após a posse do presidente Lula, voltou-se a falar em mais uma refinaria no Nordeste.
Pernambuco partiu na frente. Para sensibilizar o presidente Chávez, usou o nome de um pernambucano, Abreu e Lima, idolatrado na Venezuela por ter lutado com Simón Bolívar na guerra de libertação daquele país. A estratégia vem dando certo. O governante venezuelano já demonstrou simpatia pela refinaria em Pernambuco.
ÚLTIMA TENTATIVA
Usando o conceito do PARLATINO, consegui marcar audiência, quarta-feira passada, em Caracas, com o Presidente da PEDVESA e Ministro de Estado da Venezuela.
Compareci, ao lado do vice-governador do RN, Antônio Jácome, do secretário de Planejamento, Vagner Araújo e do consultor Jean Paul-Prates. Repetimos os argumentos favoráveis ao nosso Estado, como já fora feito ao Presidente Rafael Caldera, há nove anos. Em resumo, a “delegação potiguar” destacou que (1) a refinaria deverá estar próxima da fonte de matéria prima para reduzir custo, aumentar a produtividade e atender o mercado consumidor. O RN é o maior produtor brasileiro de petróleo em terra. (2) O RN é um ponto geográfico de intercessão (fica no meio) entre o Norte e o Nordeste, reduzindo os custos de transporte; (3) dispõe de água abundante e de boa qualidade; (4) estradas asfaltadas e integradas ao sistema rodoviário nacional; (5) três portos já construídos, com capacidade de expansão (Natal, Guamaré e Areia Branca) e (6) potencial para instalação, ao lado do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, de uma “área de livre comércio”, que facilitará o escoamento de subprodutos do petróleo.
O Ministro Bernard Mommer e seus assessores ouviram atentamente as informações transmitidas pela delegação potiguar. Certamente, esta foi a última tentativa para evitar que os venezuelanos confundam “gratidão cívica” a Abreu e Lima com o local economicamente certo para investir na refinaria nordestina.
DE 1966 A 2005
A vocação petrolífera do RN começou, segundo o jornalista Tomislav Femenick, com o primeiro jorro de petróleo, em 1966, em um poço situado na localidade Saco, em Mossoró.
Em 1978, com a crise energética e a permissão para o “contrato de risco”, correram para aqui empresas nacionais e estrangeiras, na busca do “ouro negro”. Permanecem até hoje.
Agora, chega a “hora e a vez da nossa refinaria”. Os venezuelanos só se enganarão se quiserem. Fizemos em Caracas o que era necessário fazer : esclarecê-los.
Alegrei-me. Sobretudo porque continuei a luta iniciada há nove anos.
“Por falta de um grito, perde-se uma boiada”. E o grito foi dado, de novo.
ACONTECE
Royalties
Mossoró deixou de ser o município campeão na arrecadação de royalties, repassados pela Petrobras. Esse mês, foram R$ 615.512,53 a menos que no mês de maio, quando o município recebeu R$ 1,72 milhões. Com essa redução, Mossoró cai para o terceiro lugar na divisão dos royalties. Guamaré passa a ser o campeão de arrecadação neste mês de junho, com R$ 1,93 milhão.
Publicado em 26.06.2005 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.
Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618