Opinião
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11 de Junho de 2005
CHORO POR TI “RN”
CHORO POR TI “RN”
Um amigo criticou-me, quando procurei a Governadora Vilma de Faria e lhe apresentei duas propostas: a inclusão do RN na ferrovia Transnordestina e a criação da “zona de livre comércio”, ao lado do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante.
Discordei do amigo. Não se tratava de entregar bandeiras, mas sim a defesa de propostas, que exigiam a presença do Governo do Estado. E como “santo de casa não obra milagre”, falei, falei, falei e pouquíssimos me deram ouvidos.
No dia 12 de maio último, o Ministro Ciro Gomes, em audiência com a governadora e a bancada federal, anunciou oficialmente a retirada do RN da ferrovia Transnordestina. Nos dias seguintes, nada de protesto. O silêncio foi geral.
Por entender muito bem o comportamento de algumas pessoas e a política local, compreendi. Todavia, propagou-se junto à opinião pública um enorme sentimento de revolta por mais essa exclusão do Rio Grande do Norte. Pesquisas demonstraram o apoio popular ao meu protesto. O povo cobrou providências. Não seria mais possível (nem aceitável) a omissão.
Principalmente, após a revelação do jornal Folha de São Paulo (04.06.05), de que o Presidente Lula anunciaria nos próximos dias a construção da ferrovia Transnordestina, cujo custo total será de R$ 4.5 bilhões, com 80% dos recursos saindo do Tesouro Nacional. A Transnordestina, espera o governo, servirá de vitrine na propaganda eleitoral de Lula.
Finalmente, li, na última semana, uma nota publicada no “site” do Governo do Estado (www.rn.gov.br), anunciando alguma atitude: “Governadora reivindica inclusão do RN na Transnordestina”. Depois de tanta água mole bater em pedra dura, era atendido o meu apelo.
Infelizmente, a alegria durou pouco. Foi substituída por grande apreensão.
Tudo a partir da reportagem publicada no Diário de Natal,, quinta-feira última, sobre audiência do empresário Jayme Nicolato, presidente da Companhia Ferroviária do Nordeste, com a Governadora Vilma de Faria. Entre as declarações do empresário, uma me chamou atenção: “ramal só sai se houver carga”.
De saída, um equívoco: não se pede ramal, mas sim a passagem da ferrovia no solo potiguar, em trechos a serem definidos tecnicamente. É óbvio que a empresa privada só investe onde há viabilidade econômica. Mas, no caso da Transnordestina, o investimento quase total virá dos cofres públicos e a lei manda que o Governo aprove o trajeto, antes da obra iniciar.
A apreensão nasceu do risco da entrega definitiva do nosso destino ao “lobbie” de uma empresa privada, cujo presidente diz, arrogantemente, à governadora, que só lhe interessa o lucro e é a primeira vez que discute este assunto no Estado.
Perplexo, espero, como os muitos potiguares que sonham, como eu, com um Rio Grande do Norte desenvolvido, que a postura da governadora Vilma de Faria seja de inconformismo.
Se não for, teremos que gritar aos quatro ventos dessa terra de Poti: “choro por ti Rio Grande do Norte”.
Choro porque a nau estará sem rumo. O estudo sobre a viabilidade econômico-financeira do Rio Grande do Norte, contratado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), já está concluído há meses e foi entregue pelo seu autor, respeitável professor Marco Caldas, do núcleo de logística integrada e sistemas da Universidade Federal Fluminense.
Fiz discurso na Câmara dos Deputados (23.05.05) e transcrevi nos Anais do Congresso as conclusões desse trabalho técnico, cujo título é: “Estudo para determinação da viabilidade de utilização de trechos da malha ferroviária brasileira – O caso do Estado do RN”.
Será que os assessores do Governo do Estado desconhecem esse estudo? A conclusão do Prof. Marco Caldas é de total viabilidade do RN para integrar a Transnordestina. Ele até admite que o trajeto no RN poderá ser ampliado.
PERGUNTAS BUSCAM RESPOSTAS
1- Por que gastar mais dinheiro do Estado, em convênio com entidades privadas, para constatar uma viabilidade já constatada por um estudo técnico (pago pelo Governo Federal), que defende a inclusão do RN no trajeto da Transnordestina?
2- Por que, mesmo diante do estudo técnico, o Governo se dobra ao argumento privado de afastamento do nosso Estado, apenas para a Transnordestina ter a forma de “Y”, ligando os portos de Itaqui (MA), Pecém (CE) e Suape (PE)?
3- Por que insistir neste “Y”, se o Governo Federal investe milhões de “$” no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante – um dos seis maiores do mundo – e cuja viabilidade econômica dependerá de dispormos dos quatro modais (aéreo, marítimo, rodoviário e ferroviário) em nossas terras?
4- Por que não considerar no cálculo da capacidade estadual de carga futura do Rio Grande do Norte as quantidades decorrentes da implantação de uma “área de livre comércio” em São Gonçalo do Amarante, alternativa viável e necessária?
5- Por que também não considerar carga os produtos do Terminal petrolífero de Guamaré, que incluem óleo diesel, gás natural, GLP, querosene de aviação e, a curto prazo, gasolina?
6- Por que o Governo do Estado não exige que o governo federal siga a orientação do estudo técnico da ANTT, de que, “mesmo com as demandas atuais e sem a participação das demandas de produtos da Paraíba”, o ramal ferroviário do Rio Grande do Norte é viável? Para que novos estudos e novos gastos?
“Choro por ti, Rio Grande do Norte”, porque se os olhos das nossas lideranças estaduais continuarem fechados, para enxergar o nosso futuro, vamos persistir no erro. E “quando não se sabe para onde se vai, nunca se vai muito longe” (Goethe).
ACONTECEIPTU
No próximo mês serão retomadas em Mossoró as cobranças judiciais do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), referente a exercícios anteriores. O IPTU é atualmente o campeão de inadimplência no município - em 2004 o índice foi de 75%. Vale lembrar que os que ainda estão com débitos referentes aos exercícios de anos anteriores podem efetuar o pagamento com 50% de desconto, em até 10 vezes.
Expofruit
Será lançada na próxima quarta-feira (15), em Mossoró, a Expofruit - Feira Internacional da Fruticultura Tropical. A solenidade de lançamento ocorrerá na área de eventos da TCM. Este ano, a Expofruit contará com mais de 250 expositores.
Publicado em 12.06.2005 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.
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