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Opinião

  • 11 de Agosto de 2012

    O “troco” do Paraguai ao Brasil

    2012-08-12-opiniao

     

     

    O Paraguai começou a dá o “troco”, em razão da recente e desastrosa posição brasileira ao liderar a suspensão do país no Mercosul.

    A conseqüencia mais provável será a redefinição da geopolítica da América do Sul, na qual o Mercosul, bloco econômico com mais de vinte anos de existência, fatalmente sairá enfraquecido. Nesse contexto, acumulam-se prejuízos para o nosso país. Como se não bastasse, já se começa a falar no patrocínio verde e amarelo para o ingresso do Equador no Mercosul. Por trás de tudo isto, nota-se Hugo Chávez ciceroneando o Brasil. O governante venezuelano é o mesmo que, a pretexto de homenagear Abreu e Lima (um pernambucano que participou das forças de Bolívar), retirou a refinaria de petróleo do RN, levando-a para Pernambuco, com a promessa de “parceria comercial”. Só que, até hoje, não pagou centavo à Petrobras. Rafael Correa do Equador, ultimamente, prendeu o editorialista do jornal “El Universo”, Emilio Palacio e fechou três emissoras de rádio, por lhe fazerem oposição.

    Onde está o respeito à cláusula quarta do Tratado do Usuhaia, que estabelece somente serem aceitos no MERCOSUL os países verdadeiramente democráticos? Tornou-se letra morta. O impeachment do Presidente Fernando Lugo do Paraguai obedeceu aos critérios da Constituição. Assim decidiu a Corte Suprema Paraguai. Ao se insurgir contra tal fato notório, o Brasil feriu de morte dois princípios internacionais: a não intervenção em assuntos internos de outros países e a autodeterminação dos povos (cada povo tem o direito de escolher o caminho a seguir).

    Da mesma forma que aconteceu no século XIX, repete-se no século XXI a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) e o Paraguai volta a ser golpeado, não mais para servir aos interesses ingleses, mas sim obedecer à liderança e a vontade dos Presidentes Hugo Chávez da Venezuela e Cristina Kirchner da Argentina. O Brasil fica em posição de reboque.

    O “troco” começou quinta feira última, quando o presidente Frederico Franco do Paraguai anunciou que pretende enviar uma proposta de lei ao Congresso para revisar o acordo energético de Itaipu, o chamado Tratado de Itaipu de 1973, assinado entre os dois países, que estabeleceu a associação na construção e na operação da hidrelétrica de Itaipu. O chefe de estado paraguaio quer utilizar a energia produzida em Itaipu - na cota que lhe pertence (50%) - em indústrias que venham a se instalar em seu território, para evitar o aumento das migrações e gerar empregos.

    Os Estados Unidos logo aprovaram o novo governo paraguaio e já acenam com um tratado de livre comércio, semelhante ao já firmado com a Colômbia. Escancara-se a janela para os americanos instalarem uma base militar junto ao “Aqüífero Guarani”, que chega até ao Brasil e é a maior reserva de água doce potável do mundo. Com que autoridade iremos reivindicar ao Paraguai o “veto” a essa base militar, depois de um tratamento estranho e incompreensível, com a suspensão do país da Unasul e do MERCOSUL? Antes, o MERCOSUL com a presença do Paraguai vetava a incursão militar norte-americana. E agora?

    O “troco” poderá ser ainda maior, se o Paraguai firmar tratados de livre comércio com a China e a Europa, o que significará enfraquecimento total do MERCOSUL. Não adianta alegar que a cota de 50% da energia de Itaipu pertencente ao Paraguai, somente poderá ser vendida ao Brasil, já que a Argentina não tem como comprar. Realmente, o Paraguai consome apenas 10% da energia que lhe pertence em Itaipu, porém investimentos vindos de alianças econômicas com a China, Europa e Estados Unidos poderão elevar os índices de industrialização do país, aumentar o consumo energético e montar um parque de produção de manufaturados para concorrer com o Brasil.

    A esta altura, talvez a única saída seja repensar as sanções impostas ao Paraguai. Resta saber se ainda há tempo de corrigir tanta insensatez?

    Leia também "o blog do Ney Lopes":
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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor 
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE


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