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Opinião

  • 13 de Maio de 2012

    A hora de por a barba de molho

    2012-05-13-opiniao

     

     A economia do mundo continua em ebulição. A inflação ameaça voltar ao Japão. A Grécia numa encruzilhada política coloca na gangorra o euro e a economia global. A Espanha em desespero estatiza bancos e o desemprego chega perto de 30%. Na Inglaterra, a Rainha instala as sessões do parlamento, em clima de protesto e apreensão.

     Será que a agonia econômica europeia encontrou um salvador socialista, o recém-eleito presidente François Hollande, que num passe de mágica retomará o desenvolvimento do continente? Ele será capaz de entregar às massas o paraíso prometido na campanha, ou, prevalecerá o seu estilo reticente, de não dizer sim nem não, antes pelo contrário.

     Atualmente, a França está dividida entre os socialistas, a direita e a ultra-direita, que se assemelha a práticas neonazistas, sobretudo em relação aos imigrantes. Sarkozy conseguiu uma fatia da direita e da ultra direita. Mas não foi suficiente. As contradições durante o mandato tiraram-lhe a credibilidade dessas facções, que preferiram ajudar a vitória de Hollande, na certeza de que será mais fácil derrotá-lo no futuro. Na política, perder muitas vezes é uma forma de ganhar.

     A dúvida que paira no ar é se a vitória de Hollande se transformará em vitória de Pirro. Em junho ocorrerão eleições parlamentares. Hoje, a maioria do Congresso de 55% da centro-direita se opõe a Hollande. As urnas poderão gerar situação política semelhante a do também socialista François Mitterrand, que não alcançando maioria “engoliu” em 1986 o primeiro ministro conservador, Jacques Chirac, que introduziu um programa conservador radical de desnacionalização e desregulamentação, utilizando os poderes de decreto do executivo e a guilhotina parlamentar para implementar as suas ideias.

     Indaga-se se Hollande irá reinventar a roda e com o simples uso da retórica revogará o pacto fiscal de redução do endividamento público, firmado por 25 países dos 27 que integram a União Europeia, para superar a crise, através dos cortes de gastos.

     As últimas eleições na Europa deram lições importantes ao resto do mundo. Voltaram a prevalecer os extremismos da direita e da esquerda e como “em casa que falta pão todos brigam e ninguém tem razão”, os partidos de governo foram derrotados. Outro fenômeno é o surgimento de partidos exóticos. Na Alemanha, o “Partido Pirata” quer desregulamentar e abolir impostos. Já obteve sucesso em Berlim e outros parlamentos regionais. Em 2013 deverá integrar o Congresso alemão. Na Suécia, os “piratas” elegeram dois deputados nacionais. Na Itália, o cômico Beppe Grillo lançou o movimento “não aos partidos”. Esse movimento “anti político” surpreendeu e hoje é a terceira força política italiana, com vitórias em quase mil municípios, inclusive cidades polos. Observa-se também que os ganhadores nas últimas eleições europeias confirmaram a máxima política, de que governar é como tocar violino: “pega com a esquerda e toca com a direita”? Aliás, esse fenômeno começou no Brasil, em 2002. As vitórias de Lula e Dilma conduziram a economia nacional para o crescimento estável, justamente pelo bom senso de ambos, ao tocarem o violino do poder com as cordas neoliberais que condenavam. A política neoliberal de FHC, assim qualificada pelo PT, foi inteiramente incorporada ao receituário do governo dos dois presidentes. O mundo se espantou, quando Lula convidou para gerir o Banco Central um “tucano”, ex-presidente do Banco de Boston, exatamente uma das instituições privadas mais condenadas nos palanques do presidente recém-eleito.

     Diante dos exemplos globais, está na hora do Brasil lembrar o provérbio de que, "quando você vê a barba do vizinho pegar fogo, ponha a sua de molho”. A luz vermelha já se acendeu, com a inflação disparando em abril, ao alcançar o maior nível em um ano, desde abril de 2011. A produção industrial despenca ladeira abaixo. Dilma mexeu até na poupança, que Lula pensou em mexer, mas não teve coragem política. Muita água irá rolar ... O perigo será um acidente de percurso, com o rompimento de uma “cachoeira” política, ou econômica. Portanto, muita cautela!

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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