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Opinião

  • 05 de Maio de 2012

    A omissão política do Congresso Nacional

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    O mundo está em reboliço. Estados Unidos e Europa enfrentam crises econômicas. Hoje, a França decide nas urnas o seu futuro. Até a Alemanha, aparentemente uma ilha de estabilidade, teve a taxa de desemprego aumentada. A América Latina, embora apresente bons resultados econômicos, atravessa um momento de indefinições políticas e escândalos sucessivos.

    Na maioria dos países latino-americanos, a fotografia política é tétrica. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner desapropriou a “Repsol” da Espanha e na busca de aplausos reavivou o conflito com a Inglaterra pelas ilhas Malvinas. Além disso, o vice-presidente é acusado de interceder a favor de uma empresa em licitação para a emissão de moeda, o que caracterizaria corrupção e tráfico de influência O país se isola do mundo desenvolvido. O Brasil, aliás, graças à habilidade do ministro Edson Lobão, tem se aproximado dos argentinos, sem se comprometer com os atos tresloucados.

    Em Honduras e El Salvador, os governos enfraquecem com a expansão do tráfico de drogas e a debilidade política dos presidentes Pepe Lobo (Honduras) e Fulnes (El Salvador). No Paraguai, o senado destituiu sete ministros da Suprema Corte e o presidente Lugo perde poderes até para a OEA, que ameaça retornar os juízes destituídos aos seus cargos. No Peru, o presidente Humala, que até agora não se mostrou aliado de Chávez, enfrenta reação em massa dos indígenas, que apoiados numa lei inconsequente decidem bloquear investimentos maciços em mineração, gerando prejuízos econômicos incalculáveis. A surpresa é o presidente Mujica (ex-dirigente dos guerrilheiros Tupamaros) que age com equilíbrio, embora tenha ensaiado apoio à Argentina na desapropriação da “Repsol” e consentido, em princípio, na revisão da anistia. No México, cresce a influência dos cartéis de drogas, que matam e desestabilizam o país.

    Na Venezuela, o câncer de Chávez provoca abalos políticos constantes, agravados pela denúncia de manipulação de sentenças nos tribunais e o assassinato de um general muito próximo ao governo. Na Nicarágua, a União Europeia considerou a eleição de Daniel Ortega fraudulenta. O Chile, embora tenha instituições estáveis, a crise se alastra em função da impopularidade do presidente Peneira, com greves sucessivas. O riquíssimo presidente Martinelli do Panamá, populista de direita, atropela as leis e desconhece o judiciário. Bolívia e Equador, seguidores do chavismo, têm perfis semelhantes. Morales perdeu a liderança dos indígenas (60% da população) e no dia 1° de maio último estatizou uma distribuidora de energia espanhola. No Equador, Rafael Correa encurrala a imprensa e enfrenta até denúncias do seu próprio irmão.

    No Brasil, o céu não é de brigadeiro, tendo em vista as denuncias de corrupção e a CPI do Cachoeira, que se sabe como começou, mas não se conhece como irá terminar. A maior estabilidade está na Colômbia e em Costa Rica. Pelo menos, até agora.

    Na recente Cúpula das Américas, os resultados foram pífios. Só quem ganhou foi o presidente Juan Manuel Santos, que desfruta de popularidade superior a 80%, em razão do combate à FARC e o crédito pelo avanço econômico da Colômbia, que alcança crescimento em 2011 de 6% do PIB.

    Numa época de globalização e interdependência entre os países, poucos se interessam em analisar e debater os rumos futuros da América Latina. O governo formula sozinho a nossa política externa e todos aceitam passivamente. É inexplicável que a democracia brasileira se dobre a tal realidade.

    Enquanto isto, a “pátria grande” de Bolívar, que seria a Comunidade Latino-Americana de Nações, se transforma numa página virada na história da região. O mais grave é que tudo acontece, com o nosso Congresso Nacional em silêncio sepulcral. Injustificável tal posição. Um verdadeiro crime político de omissão.

    Leia também "o blog do Ney Lopes":
    www.blogdoneylopes.com.br

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor 
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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