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Opinião

  • 29 de Abril de 2012

    O sabor do hotel brasileiro na Bavária

    O sabor do hotel brasileiro na Bavária

     

    Viajando na semana santa, conheci a história de uma carioca da gema, Giselle Gorian Teixeira Thurm, bicampeã brasileira de patinação no gelo (1984/85). Ela vive ao lado do esposo alemão, Erhard Thurm e filhos, em Schwangau, pequena vila alemã na Bavária, com três mil habitantes, fronteira com a Áustria, circundada pelos Alpes e a chamada vista de “um milhão de dólares” dos castelos do Rei Ludwig II, onde se destaca o de Neuschwanstein, que inspirou Walt Disney no castelo da “Cinderela”.

    A cidade de Schwangau dispõe de prefeitura, câmara de vereadores, estação de ski e serviços essenciais. Os bombeiros são voluntários que se orgulham de servir a comunidade, em incêndios provocados por combustão espontânea e fortíssimos raios. A energia consumida é eólica, térmica ou gás natural. Não se constata violência. Os habitantes dormem de portas abertas. O peixe é o alimento mais consumido, em razão de criatórios nos sete lagos regionais.

    A vida de Giselle tomou novos rumos, quando aos 18 anos de idade (1987) conseguiu uma bolsa de estudo na Alemanha. Como no conto da Cinderela, identificou o seu príncipe encantado, o alemão Erhard Thurm, ao buscar emprego no Hotel Ruebezahl (info@hotelruebezahl.de), de propriedade de Erhard, que viera do norte da Alemanha, região atualmente pertencente à Polônia. O nome “Ruebezahl” lembra conto alemão, no qual o personagem rapta uma princesa que gostava de nabos. Ao colher essas hortaliças, a raptada pediu que o raptor contasse as sementes. Enquanto ele contava, ela escapou.

    No caso de Giselle, ela não escapou e casou em 1990 com Erhard. Deixou de lado o sonho de disputar as Olimpíadas de inverno, até porque não identificou no Brasil nenhum estímulo para os atletas nessa área. Hoje, Giselle graduada em marketing pela PUC-RJ e Erhard, formado em hotelaria e cozinha, administram em parceria o hotel “Ruebezahl”, localizado em Schwangau no final da chamada “rota romântica” alemã. O “hotel brasileiro” na Bavária, como é conhecido, dispõe de um especialíssimo serviço de massagens corporais anti-stress (SPA). Exigentes, os dois enfrentam dificuldades na seleção de mão de obra. O mercado comum europeu abriu para imigrantes, porém o idioma é uma dificuldade. Não há salário mínimo na Alemanha. Um recepcionista chega a ganhar dois mil euros e um bom cozinheiro cinco mil euros, com férias de seis semanas, sem direito a hora extra e décimo terceiro.

    Situado em área rural da Bavária, o hotel oferece preços razoáveis, com pensão completa e pacote anti-stress. O serviço se caracteriza por gentilezas “caseiras”. A culinária gastronômica (várias vezes premiada) atrai turistas de todo o mundo. Os cozinheiros da região do Tirol organizam encontros no local para trocar ideias. O famoso cozinheiro alemão Witzigmann morou no Hotel e orientou no preparo do “cardápio”. Em setembro e outubro, com a caça liberada nos Alpes, a especialidade é o preparo de pratos de faisão, veado e outros animais que habitam no gelo.

    Ao lado do hotel, o hóspede desfruta das “Termas Cristal” de águas salgadas e quentes, com várias piscinas, sendo possível flutuar como no mar morto. Outra opção é visitar as cidades próximas de Garmich, Linderhoof, Oberammergau, Munique (126 km), Innsbruck (Áustria) e Wieskirche, onde está a belíssima igreja de peregrinação do “Cristo Flagelado”, tombada pela UNESCO, construída no estilo rococó, à margem de campos verdes de fazendas, ao pé dos Alpes, com visão da neve no topo e o céu azul. Também na mesma região estão a “ilha das flores” (acesso em barcos) na cidade de Mainau (www.mainau.de), limítrofe da Áustria, Alemanha e Suíça e um parque de diversão para crianças “Sky line” (www.skylinepark.de).

    Esta é a história de um alemão, com profunda admiração pelo Brasil, casado com uma brasileira. Ele sonhava construir em Petrópolis, no Rio de Janeiro, pista de gelo para patinação. Mudou de ideia e edificou um Hotel paradisíaco, aconchegante e com sabor brasileiro (www.neuschwanstein-hotel.com), ao lado dos Castelos reais de Schwangau, nos Alpes bávaros, onde vive com a esposa Giselle e os filhos. Coisas da vida!

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor 
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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