Opinião
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21 de Abril de 2012
Balança, balança... será que cairá?
Viajo como repórter. Sempre perguntando e anotando. As informações colhidas assemelham-se a leitura de um livro. Andei na semana santa por alguns países europeus. Impressionaram-me as “fofocas” nas revistas e tabloides; o racismo e a discriminação na Áustria; a estabilidade e auto-suficiência da Alemanha e as violentas turbulências econômicas em Portugal.
Ainda no avião, li escandalosas manchetes sobre um processo penal contra o genro do rei Juan Carlos da Espanha, que desviou recursos de instituição filantrópica e está ameaçado de ser preso. O Rei declarou que a justiça é igual e todos devem ser julgados e punidos. O juiz do caso isentou de culpa a esposa do acusado, infanta Cristina. Já na Inglaterra, o príncipe Charles (ex de Diana) quer se divorciar de Camila, a sua atual esposa. Numa prova de que o Reino Unido não é tão unido quanto parece, Kate, a Duquesa de Cambridge, esposa do príncipe William, está sendo debitada perante a “família real inglesa”, por escândalos e comportamentos duvidosos de seus familiares próximos. O tio materno tem ligações com o tráfico de drogas e uma rede de prostituição. A prima, como atriz, enxovalha a rainha Isabel II, em show de strip tease. A irmã, deslumbrada com a família real, se aproveita da fama para arranjar namorado milionário e aristocrata. O irmão aparece na Internet completamente nu, em bacanais. A rainha Elizabeth constrangida não está gostando das peripécias, que afetam até a economia inglesa.
Viena continua bela. Parece a sala de visita de um palácio. Entretanto, não é fácil a vida dos imigrantes, sobretudo latinos. Um motorista natural de Santo Domingo, que lá está há 15 anos, testemunhou coisas incríveis. Por exemplo, o racismo que cresce dia a dia na Áustria. Os estrangeiros são agredidos nas ruas e convidados a retornarem aos seus países. Muito pior do que Alemanha, por incrível que pareça. Nas últimas eleições, quase ganhou um radical de direita, cuja bandeira política era banir os estrangeiros. Eles acham que os migrantes tiram empregos e oneram o estado (saúde, educação...). O dominicano disse que a Áustria oferece de tudo, menos felicidade e alegria para quem é de outra cultura e lá reside. Afirmou, que usa o celular apenas para chamar ambulância e os bombeiros, quando necessário. O preconceito racial afasta até os vizinhos residenciais. Tudo isto, em pleno século XXI.
Na Alemanha, não se fala em crise. O maior país da economia do euro controla tudo, através do Banco Europeu, com sede em Frankfurt. Essa foi a razão pela qual os ingleses não aderiram ao euro. Discordaram da supremacia econômica dos alemães e mantiveram a libra esterlina. Certamente, influíram na recusa as chagas ainda abertas e ressentimentos da II Guerra. Enquanto os demais países caminham para o “buraco”, o PIB da Alemanha cresceu 3% em 2011 e neste ano deverá superar esse percentual. O dever de casa para os países em crise, recomendado pelo governo de Berlim, é apertar cada vez mais o cinto. O dos alemães afrouxa.
Em Portugal, a conjuntura econômica dá dó e piedade. O povo cordial, mas totalmente desencantado. Somente no setor de restaurante, o índice de aumento de falências é de 143%. Nos três primeiros meses do ano houve um aumento de 51.5% das falências na economia em geral, ou seja, 26 empresas fecham por dia. A despedida em massa levou no último mês cerca de dois mil trabalhadores ao desemprego. Não há sinais de que possa melhorar. Leis de urgência já aboliram o décimo terceiro mês, o acréscimo do mês de salário nas férias, reduziram-se os valores das pensões e a aposentadoria por tempo de serviço ficará, no mínimo, em 67 anos. A notícia boa que li no semanário “Expresso” foi que os medicamentos genéricos portugueses registraram aumento em volume de 15.4% em janeiro e atingiram o preço mais baixo dos últimos cinco anos, custando em média 8.51 euros, contra 20.38 euros em 2007.
Todos os fatos comprovam que, indiscutivelmente, o “euro” como moeda única está no banco dos réus. Não se sabe o futuro. A verdade é que atualmente balança, balança... será que cairá?
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www.blogdoneylopes.com.brNey Lopes – Jornalista; advogado, professor
de direito constitucional e ex-deputado federal.Publicado aos domingos nos jornais
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