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Opinião

  • 25 de Março de 2012

    Quem irá pagar a Copa do Mundo de 2014?

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    O velho amigo ministro Walmir Campelo, do TCU, visitou Natal na última quinta e viu o andamento das obras da “Arena das Dunas”. O RN deve a Walmir Campelo a decolagem do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Foi ele quem desatou os “nós” burocráticos, que impediam a licitação. Sobre a Copa de 2014, a grande questão – ainda pendente - não é a evolução das obras civis. Perdura a dúvida sobre quem irá pagar o evento monumental. No RN, caso o único benefício seja a construção do estádio, o estado terá um prejuízo irreparável. Do jeito como andam as ações públicas, não dá para ser otimista.

    O jornalista Claudio Humberto, na última semana, informou que até agora, a trinta meses da Copa, a Caixa Econômica liberou apenas 4% dos R$ 12.4 bilhões reservados às obras de mobilidade urbana, que trarão grande benefício para a população. Em Natal, estão previstas 11 obras de mobilidade urbana, com investimentos de quase R$ 300 milhões. Sabe-se que, talvez em maio, comecem aquelas que ligarão a zona norte à “Arena das Dunas” (extensão de 8 km). Ainda centenas de processos de desapropriações correm nas gavetas da Prefeitura. Dará tempo? O prazo oficial de entrega é de um mês antes da Copa. Muito precário! As intervenções nas vias públicas que circundam o novo estádio deverão ser licitadas em junho e as obras previstas para outubro.

    A única obra de mobilidade em andamento normal é o prolongamento da Prudente de Morais, com previsão de terminar no segundo semestre. Será que tudo isso acontece para na última hora se justificarem contratos emergenciais, bem mais caros, sem licitação? Bem, fiquemos por aqui para não propagar pessimismo e acreditarmos que Deus será potiguar, em matéria de Copa do Mundo.

    Outro gargalo sem resposta é quanto irá custar a Copa. Existem muitos portais na Internet, que divulgam dados sobre o evento, criados pela Controladoria Geral da União (CGU), Senado Federal, Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério do Esporte, Infraero, Instituto Ethos e Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco). Os portais estão incompletos, desatualizados e, em muitos casos, até conflitantes. A CGU informa que os aeroportos, portos, estádios e as obras de mobilidade urbana custarão R$ 26,5 bilhões, sem inclusão da mobilidade urbana e a montagem de estruturas temporárias e adequações nos modais de transporte.

    Não estão computados os gastos em segurança, telecomunicações, infraestruturas energética e turística, saúde e qualificação profissional entre outras despesas. Somente se conhecerá o custo total da Copa, depois que ela for realizada. Apenas R$ 1,2 bilhão será custeado por recursos não oficiais. A “festa” exigirá R$ 26.5 bilhões, sendo R$ 11.3 bilhões do BNDEs; R$ 7.4 bilhões dos cofres do tesouro; R$ 5.4 bilhões e R$ 1.2 bilhões de responsabilidade de estados e municípios. O especialista em workshops, Gil Castelo Branco, em recente entrevista, declarou que “o próprio site da CGU nos deixa preocupados. Conforme consulta em 5 de março, somente R$ 9,9 bilhões, ou seja, 37% foram contratados e apenas R$ 2,1 bilhões (7,8%) foram efetivamente pagos.

    O governo federal já admite rever obras “não essenciais” e sinaliza estar buscando “atalhos” para acelerar os preparativos. Fala-se de um imenso canteiro de 94 obras, sendo 50 de mobilidade urbana, 12 em estádios e entorno, 7 em portos e 25 em aeroportos. Dos 12 estádios em construção ou reforma, apenas 5 já têm mais de 50% do projeto concluído. Em três arenas, as obras estão abaixo dos 30%, entre elas a do Itaquerão, em São Paulo, o palco da cerimônia de abertura”.

    Será que tanto sacrifício compensará? Só o futuro dirá. Tem razão Gil Castelo Branco, quando lembrou o risco do mal maior, que é a corrupção. Ele citou Milton Nascimento, na canção “Bailes da Vida” (“todo artista tem de ir onde o povo está”). No caso específico dos gastos da Copa, a corrupção chega perto de onde está o dinheiro. Sobretudo, com a “isca” do esquisito “Regime Diferenciado de Contratações”, aprovado em cima da perna, que permitirá contratar obras de construção civil de última hora... O país realmente está num fio de navalha!

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor 
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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