Opinião
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06 de Fevereiro de 2012
O RN perdeu, como sempre!
O RN perdeu a refinaria de petróleo em razão do presidente Hugo Chávez e Lula terem acertado que a estatal venezuelana – PDVESA- faria uma associação com a Petrobrás, desde que a empresa fosse instalada em Pernambuco. A PDVSA até hoje ainda não conseguiu a aprovação total pelo BNDES das garantias que ela precisa dar para se tornar sócia da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
No dia 31 último se venceu o prazo para a PDVSA não só fechar a negociação com o BNDES, como também definir com a estatal como irá integralizar sua parte nos investimentos, com recursos próprios para a execução da obra, orçada em cerca de R$ 26 bilhões. Nada foi feito. E o RN “dançou”. Alguém protestou contra isto? Que eu saiba, não. Todos calados.
Em junho de 2005, estava na presidência do Parlamento Latino Americano (PARLATINO) e organizei uma missão do governo estadual para visitar a Venezuela e demonstrar ao Presidente Hugo Chávez, que o Rio Grande do Norte seria o melhor local para a PDVESA (empresa de petróleo venezuelana) instalar refinaria de petróleo no Nordeste.
Viajei à Caracas em companhia do então vice-governador Antônio Jácome, do secretário de Planejamento, Vagner Araújo e do consultor Jean Paul-Prates (atual secretário de Estado). Lá, mostramos que (1) a refinaria localizada no Estado aproximaria a fonte de produção da matéria-prima para diminuir custos – RN, o maior produtor de petróleo em terra –, aumentaria a produtividade e atenderia ao mercado consumidor; (2) o RN era um ponto geográfico de intercessão (fica no meio) entre o Norte e o Nordeste, reduzindo os custos de transporte; (3) dispõe de água abundante e de boa qualidade; (4) estradas asfaltadas e integradas ao sistema rodoviário nacional; (5) três portos marítimos já construídos, com capacidade de expansão (Natal, Guamaré e Areia Branca) e (6) potencial para instalação, ao lado do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, de uma “área de livre comércio”, que facilitaria o escoamento de subprodutos do petróleo (pólo petroquímico).
A vocação petrolífera do RN começou, segundo o jornalista Tomislav Femenick, com o primeiro jorro de petróleo, em Mossoró (1966).
A principal preocupação da missão potiguar foi anular o argumento de que o Estado não tinha porto marítimo, o que infelizmente foi alegado posteriormente pela Petrobrás para justificar a nossa exclusão na implantação da refinaria de grande porte.
Em 2005, o vice-governador Antônio Jácome e os atuais secretários de Estado, Vagner Araújo e Jean Paul-Prates, convidaram oficialmente representantes da PDVESA para visitarem à base de operações de Guamaré, RN, quando constatariam in loco a existência de um porto marítimo em operação, que recebe navios de até 125 mil toneladas e com possibilidade da sua capacidade ser ampliada. Além disso, os venezuelanos confirmariam a existência de sistema dutoviário já implantado, o que reduziria custos com novos dutos; rodovia pronta (BR 304); parque de tancagem concluído; região pouco povoada para expansão futura e o pleno funcionamento – há algum tempo – de uma pequena refinaria, com produção de óleo diesel, gás natural, GLP e querosene de aviação.
Em que pese o esforço que fiz como deputado federal, nada de positivo resultou para o RN. Em 2008, Lula decidiu que a refinaria seria em Pernambuco. Achou pouco e colocou mais duas – no Maranhão e Ceará. Excluiu o RN, o maior produtor de petróleo em terra do país. O final da novela foi o engodo do estado se contentar com pequena ampliação de uma refinariazinha, que existe desde o início do século em Guamaré e não chega nem perto das três refinarias destinadas pelo Governo Federal para o Maranhão, Pernambuco e Ceará.
Agora, a Venezuela passou a perna na Petrobrás, que terá de bancar sozinha a refinaria de Pernambuco. E o RN? Perdeu, como sempre!
Leia também "o blog do Ney Lopes":
www.blogdoneylopes.com.br
Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
de direito constitucional e ex-deputado federal.Publicado aos domingos nos jornais
DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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