Opinião
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15 de Outubro de 2011
RN - Estado rico, de gente pobre!
O Estado de Pernambuco não tem uma gota de petróleo, nem gás natural. O maior produtor regional (e segundo nacional) é o Rio Grande do Norte. Mesmo assim, quem se beneficia dos investimentos nordestinos neste setor da economia é Pernambuco. Uma prova disso será o encontro empresarial “Pernambuco Petroleum Business”, que se instalará terça feira próxima, no Recife. Já estão confirmadas as presenças de empresas âncoras, nacionais e internacionais, dentre elas a “Transnordestina Logística S.A.”, que constrói a ferrovia Transnordestina.
Autoridades nacionais, estrangeiras, representantes das cadeias produtivas de óleo, gás, offshore e naval participarão do evento, que terá palestras, debates, com apresentação de produtos e serviços de cerca de 40 empresas do setor.
Nenhuma crítica merecem os pernambucanos. Ao contrário, fazem jus a aplausos por demonstrarem competência. A Petrobras tem cerca de US$ 20 bilhões em investimentos no estado. O pólo naval pernambucano já concentra 50% das encomendas de navios e plataformas contratadas no Brasil e se credencia para receber boa parte dos US$ 224 bilhões de investimentos previstos pela Petrobras para os próximos cinco anos. Pernambuco apresenta o saldo positivo de atração nos últimos anos, de 67 empresas, entre elas a Refinaria Abreu e Lima, a Petroquímica Suape, os estaleiros Atlântico Sul, STX Promar e Construcap Orteng, a Companhia Siderúrgica Suape e a Fiat.
Enquanto isto, o RN é preterido nas suas aspirações de crescer. Nem o aeroporto de São Gonçalo do Amarante sai. Se sair será sem o aproveitamento pleno do potencial econômico de sua posição geográfica privilegiada, o que somente ocorreria com uma área de livre comércio instalada ao lado. Pode se transformar “num elefante branco”.
Há outros crimes consumados contra o povo potiguar. O único estado nordestino excluído da ferrovia Transnordestina foi o RN. Protestei veementemente à época na Câmara Federal. Publiquei livros com vários pronunciamentos, ao dispor do leitor. Falei sozinho. Lembro que em 12 de maio de 2005 participei de reunião da bancada federal e da governadora Vilma de Faria, com o Ministro Ciro Gomes. Ele anunciou, sem “meias palavras”, que o RN seria excluído da ferrovia transnordestina. O Ceará estava fora do projeto e entrou pelas mãos de Ciro Gomes. Protestei na hora! Como chamar de transnordestina uma ferrovia que exclui o mais nordestino dos Estados do Nordeste, com 95% do seu solo no semi-árido?
O incrível - e mais grave - é que transcrevi nos anais da Câmara dos Deputados, o estudo técnico do professor Marcos Caldas, do núcleo de logística integrada e sistemas, da Universidade Federal Fluminense, graduado em Londres e autoridade mundial em ferrovias. Ele conclui pela total viabilidade da inclusão do RN no percurso de 355 km e recomendou o prolongamento da ferrovia, através do Vale do Açu e Mossoró. Tenho esse documento. Todos fizeram “ouvidos de mercador”. Silêncio sepulcral. O RN foi criminosamente excluído da ferrovia.
O que se vê atualmente é o governo federal bancar uma obra tida como privatizada. A empresa particular Companhia Ferroviária do Nordeste receberá dos cofres públicos bilhões para construir e operar a Transnordestina. Os recursos empregados nessa “gerinconça oficial” são do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste; do Fundo de Investimentos do Nordeste e do BNDE’s, tudo com juros subsidiados.
E o Rio Grande do Norte? Dói muito escrever este artigo. Continuamos a ver navios!
Resta acreditar que possa melhorar pela ação da governadora Rosalba Ciarlini, quando ela superar a grave crise financeira que o Estado enfrenta.
Cortez Pereira tinha razão ao afirmar que o RN é um “Estado rico, de gente pobre”! O comentário que faço é com o risco de ser acusado – como já fui - de não desencarnar da vida pública. Realmente, não desencarnei. Infelizmente, para mim! Melhor seria nem falar nestes assuntos e deixá-los prá lá!
Leia também "o blog do Ney Lopes":
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Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
de direito constitucional e ex-deputado federal.Publicado aos domingos nos jornais
DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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