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Opinião

  • 27 de Agosto de 2011

    Fatos da época de Aluízio Alves

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    No último dia 11, Aluízio Alves, ex-governador do Estado, completaria 90 anos, se vivo fosse. Várias homenagens póstumas lhe foram prestadas, inclusive a edição de um livro, no qual escrevi depoimento, a pedido de Aluízio Filho.

    Nos anos sessenta convivi com Aluízio, sem nunca ter sido seu correligionário. Alguns fatos estão vivos na memória. Em 1959 comecei a trabalhar como revisor e repórter na Tribuna do Norte, jornal de sua propriedade. O chefe de redação era o saudoso Waldemar Araújo. Encontrei Aluízio várias vezes em “papo” na redação.

    Depois da TN fui repórter do jornal católico A ORDEM e da Emissora de Educação Rural. Cheguei a ganhar o prêmio Esso regional e um prêmio nacional de jornalismo na Semana da Asa. Fui destacado pela ORDEM para acompanhar a sucessão governamental do RN, em 1965. O governador Aluízio Alves surpreendeu o mundo político, lançando o seu adversário ferrenho, Raimundo Soares, prefeito de Mossoró. Presenciei várias reuniões em Mossoró na casa de Enéias Negreiros, de apoio a candidatura Raimundo Soares. Entre os entusiastas estavam o deputado Mota Neto e o deputado federal Odilon Ribeiro Coutinho. Tudo pronto para o lançamento. Odilon já articulava o marketing da campanha e viajou em companhia de Mota Neto e Tales Ramalho à Recife. Eles aguardariam Raimundo Soares, que deveria fazer no Aeroporto uma proclamação pública ao RN, lançando-se candidato. Dizia-se que o candidato a vice-governador seria o deputado Aluízio Bezerra. Um almoço no Rio de Janeiro, antes da viagem, com Dinarte Mariz e Tarcísio Maia demoveu Raimundo de ser candidato. Preferiu manter-se no sistema político liderado por Vingt Rosado Maia, primo de Tarcísio Maia. Como repórter colhi a histórica declaração dele: “não desejo passar à história como traidor de um amigo”.

    Se aceitasse o convite de Aluízio, Raimundo teria sido eleito governador do RN com folga. Anos depois, Vingt e Tarcísio se aliaram a Aluízio Alves.  Quando escrevi a notícia sobre a desistência de Raimundo citei uma frase dele, que Enéias Negreiros, seu amigo, revelou-me: “não gosto desse tipo de coisa e não nasci para isso. Termino abandonando tudo para viver só a minha vida”.  Na última conversa com Raimundo, ele me confidenciou emocionado, que nunca recebeu uma proposta mais limpa do que a de Aluízio. Não lhe pediu, nem exigiu nada. Apenas, que fosse candidato a governador.

    Após a eleição deixei Natal. Fui estudar Direito no Recife. Trabalhei como repórter especial no Jornal do Commércio, Diário de Pernambuco e a sucursal da Folha, a convite de Calazans Fernandes, que saira de Natal após conflito com Aluízio, de quem foi secretário de educação. Em Recife convivi com profissionais da imprensa de alto nível, como Joezil Barros, atual presidente do Diário de Pernambuco; Gaudêncio Torquato, Anchieta Helcias, Camelo, Egidio Serpa, Manoel Chaparro, Teixeirinha, Esmaragdo Marroquim, Zezito Maciel (irmão do senador Marco Maciel) e outros jornalistas. 

    Da minha época como repórter no Recife, lembro episódio ocorrido em junho de 1966. O jornal me pautou para cobrir o retorno da Europa do Ministro da Guerra, Costa e Silva, candidato a Presidente da República. Cheguei ao aeroporto dos Guararapes ainda madrugada. Coloquei-me a frente do local do desembarque. De última hora, trocaram o ponto de chegada do Ministro. Foi a minha sorte. De repente, ocorreu atentado terrorista. A poucos metros de onde estava explodiu uma bomba, que matou um jornalista, um almirante e feriu seriamente 13 pessoas. Escapei por pouco.

    Em 1966 voltei ao RN para ser candidato a deputado federal, como um dos fundadores do MDB, em oposição a Revolução de 64 e a estranha união de Aluízio e Dinarte Mariz, na política local. Fiz comícios diante das baionetas nas ruas. Fui intimado a comparecer várias vezes à Delegacia de Ordem Política e Social. Após a eleição, Aluízio se elegeu deputado federal, embora desejasse ser senador. Ele prosseguiu na vida pública. Chegou a ser Ministro de Estado. Sem dúvida, uma liderança que se confunde com a própria história do RN e do Brasil.

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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