Opinião
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05 de Junho de 2011
Os rumos do governo Dilma e das oposições
Na economia, uma má e uma boa notícia, neste final de semana. A má é que a economia mundial está em queda vertiginosa, em ritmo mais rápido do que se esperava. A gigante China cambaleia, com o governo anunciando medidas para “segurar” a inflação. Cai a cada dia a produção de manufaturados chineses. Todos temem o retorno da inflação. A boa notícia é que, mais uma vez, Deus parece ser brasileiro. A inflação em São Paulo desacelerou em maio, além do que era esperado pelo mercado. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) cresceu 0,31 por cento. Em abril, o crescimento foi de 0,70 por cento, segundo dados divulgados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Enquanto resiste ao fantasma inflacionário, o país enfrenta verdadeiro “tsunami” político. Mitterrand tinha razão ao afirmar “que a política é sempre frágil”. A presidente Dilma Rousseff no início do governo parecia dispor de um arsenal de apoio parlamentar imbatível. Na prática, era quase a unanimidade. Há semanas começou a perceber tempestades. O caso do Ministro Palocci por si só já caracteriza trovoada. O PMDB dá sinais de rebeldia. O próprio PT revela inquietações, após o governo anunciar as privatizações dos aeroportos e a recusa oficial de não eliminar o fator previdenciário.
Por trás dos fatos notórios, esconde-se a realidade incontestável da fragilidade dos partidos brasileiros, dificultando a governabilidade. Governo e oposição constituem mais conglomerados de interesses, do que grupos programáticos, sabendo o que querem, em função do interesse público. O que se constata é uma base eclética na sustentação do governo. Não há vínculos com políticas públicas prioritárias, mas sim com a sobrevivência político-eleitoral de cada um. O grande dilema está no fato de que nas democracias sem partidos representativos, os governos se submetem aos riscos desse amargo “cocktail” partidário. Sarney, Itamar, FHC e Lula fizeram a mesma coisa que Dilma para sobreviverem. Collor tentou mostrar independencia e pagou caro.
O lulo-petismo poderia dá maior segurança política ao governo. Isto não acontece , em razão do grupo levar consigo não apenas a vitória nas urnas, mas os problemas e conflitos internos. A sigla sobrevive a sombra do ex-presidente Lula, cuja capacidade de mediação parece limitada, por faltar-lhe os instrumentos do poder. Uma coisa era Lula decidindo; outra pedindo, propondo e sendo acusado de interferência indevida no governo. Os demais partidos que apoiam o governo têm a marca da transitoriedade. Hoje ou amanhã poderão sair. A presidente sabe disto.
A oposição está fragmentada. A última convenção do PSDB demonstra a falta de unidade e a abundância de combustão para alimentar a fogueira das vaidades. Falta proposta alternativa, em relação ao futuro do país. Os exemplos mundiais confirmam que as oposições crescem quando levantam bandeiras que despertem a confiança popular. O Partido Popular da Espanha está provando isto. O debate político não é por si só autosustentável. Necessita de outros elementos. No caso das oposições, não será suficiente acusar Palocci, ou repetir frases de efeito. O país quer saber o que elas propõem sobre as reformas tributária, política, trabalhistas e tantos outros temas. No caso do Código Florestal, que envolve uma visão macro da questão ambiental, o bloco oposicioniosta perdeu a oportunidade de submeter a Câmara Federal um substitutivo abrangente e propositivo. Preferiu atuar como “satélite” do PMDB e de outros dissidentes oficiais. O final foi de soma zero. Irá se repetir no Senado?
Pouca avaliação pode ser feita, em relação aos rumos do governo e das oposições. Ambos enfrentam turbulencias. Enquanto isto, mais uma vez, a reforma política não será aprovada em 2012, salvo “curativos” ridículos. O país pode melhorar dessa maneira? Certamente, que não!
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de direito constitucional e ex-deputado federal.
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