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Opinião

  • 15 de Maio de 2011

    A incerteza das eleições majoritárias

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    A experiência da vida pública confirma que as previsões de sucesso ou derrota nas eleições majoritárias são sempre incógnitas, salvo quando se aproxima o dia da eleição, com as tendências do eleitor consolidadas.  Garibaldi Filho, João Faustino e Fernando Bezerra eram considerados “governadores do RN em férias”, nas sucessões de 2006, 1986 e 2002, respectivamente. Tinham margens nas pesquisas de quase 50% sobre os seus adversários. Todos perderam as eleições. Em 1995, seria fácil derrotar na disputa por uma vaga no senado os vereadores Roberto Saturnino Braga, do Rio de Janeiro e Jeferson Perez, de Manaus. Abertas as urnas, ambos se elegeram, derrotando ex-governadores. Hoje, com a internet, twiter, facebook etc, esta realidade se torna cada vez mais presente nos resultados eleitorais. Multiplicam-se os exemplos de “zebras”. Os líderes partidários não aprendem as lições e pagam (e continuarão a pagar) elevado preço político pela teimosia.

    Saindo do plano nacional para o internacional, o presidente Barack Obama festeja o percentual de mais de 60% de popularidade, após a morte de Bin Laden. Ele começa a campanha pela reeleição no próximo ano, com ares de vitorioso de véspera. Será verdadeiro isto? Em dezembro de 1992 assisti no Texas uma Convenção republicana, na companhia dos então deputados federais Roberto Campos, Nelson Jobim e Flávio Rocha. Após uma semana de festas foi homologado o nome do presidente George Bush - 43º presidente americano -, que tentava a reeleição, com certeza de vitória. O seu trunfo era a popularidade de 90% pela vitória alcançada na guerra do Golfo (1990-1991).  O calcanhar de Aquiles foi o agravamento da crise econômica. Apurados os votos, Bush perdeu para Bill Clinton. Tornou-se célebre a frase de Clinton ao seu marqueteiro James Carville, definindo a estratégia da campanha: “é a economia estúpido!”.

    A atual taxa de aprovação de Obama será posta a prova nos próximos 18 meses, quando enfrentará o obstáculo da economia ter crescido apenas 1,8%, no primeiro trimestre de 2011. O bolso sempre fala mais alto.  A morte de Bin Laden credencia Obama, em nível de política externa. Persiste, entretanto, a dúvida em relação à agenda interna. A economia, a guerra do Afeganistão, a política de migrações, impostos, reforma da saúde e conflitos entre democratas e republicanos causam-lhe “dor de cabeça crônica”. Não se sabe em que proporção tais fatores influirão negativamente na tentativa de reeleição. Os EEUU avançaram na “guerra contra o terror”, mas enfrentam a China na “guerra econômica”. Os chineses fiéis seguidores da lição de Deng Xiaoping – “enriquecer é glorioso” - ameaçam em 2016 superar economicamente os norte-americanos. Soma-se a dificuldade de Obama conviver com os aliados no Oriente Médio. Em novembro de 2010, o “Wikileaks” disseminou mensagens diplomáticas, mostrando ligações dos Estados Unidos com ditadores. No Afeganistão, colocaram no poder o presidente Hamid Karzai e mantêm a ajuda externa de bilhões de dólares. Mesmo em tal circunstância, o chefe do governo afegãnistanes, incomodado por ter de receber com freqüência enviados americanos, desabafou: “se querem um fantoche para chamar de parceiro, nada feito”. As relações com o Paquistão, que recebe milionária ajuda militar dos Estados Unidos, estão extremamente abaladas, após a morte de Bin Laden e o atentado terrorista da última sexta feira.

    Por diversas razões são imprevisíveis os prognósticos antecipados sobre os resultados de eleições majoritárias, desde o Rio Grande do Norte até Washington DC, ou qualquer parte do mundo. Tal fato dificulta medir no início da campanha presidencial norte-americana, o tamanho das dificuldades que Obama enfrentará rumo a mais quatro anos na Casa Branca. A morte de Bin Laden foi inegavelmente uma vitória, que lhe garantiu popularidade. Mesmo assim, a reeleição continuará incerta!

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    • Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
      de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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