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Opinião

  • 24 de Abril de 2011

    China: problema ou desafio?

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    Acompanhei com interesse a visita da presidente Dilma Rousseff à China. Sem a exata compreensão do que representam os chineses no mundo global, o Brasil terá muitas dificuldades de crescimento estável. De 2000 para cá, o comércio entre os dois países aumentou vinte vezes.

    Tenho relativa experiência de convivência com a China. Lá estive várias vezes. Como deputado e presidente do Parlatino, mantive negociação política com o Sr. Wu Bangguo, presidente da Assembléia Popular Nacional da China (foto). Ao final, a Assembléia Popular chinesa foi aceita em 2005 como membro-observador do Parlatino, que representa 22 parlamentos latino-americanos e do Caribe. Na ocasião, o Sr. Bangguo ressaltou a importância da integração política da China com a América Latina, o que logo conduziu ao restabelecimento das relações diplomáticas com a Costa Rica. El Salvador caminha no mesmo sentido do reatamento de relações. O Sr. Wu Bangguo fez questão de visitar em São Paulo a sede do Parlatino (setembro de 2006), para agradecer pessoalmente. Na ocasião, foi condecorado com o Grã-Colar da Ordem do Mérito Latino-Americano. O Parlatino, em parceria com o parlamento chinês, promoveu “Conferência” sobre medicina tradicional. Seguiu-se a aprovação de várias leis na América Latina, recomendando ao sistema público de saúde atender com remédios tradicionais, à base de plantas e outras técnicas chinesas, de menores custos.  O SUS brasileiro aderiu. Atualmente, a Assembléia Popular da China colabora na construção da sede permanente do Parlatino, na cidade do Panamá.

    Após a recente visita presidencial, permanece a indagação se a China é problema, ou desafio para os interesses nacionais. Permita-me o leitor algumas observações pessoais. De nada adiantará o discurso do choramingo, pedidos de benefícios e repetição do óbvio ululante. De um lado, o governo terá que fazer o “dever de casa”, priorizando as reformas política, tributária e trabalhista. Os chineses formam um “cluster” na Ásia (aglomeração de empresas e interesses), a exemplo dos “tigres” asiáticos. Na década de 90, aderiram à globalização e iniciaram a sua escalada industrial. De outro lado, a competividade chinesa não constitui problema apenas para os empresários brasileiros. É um problema do mundo. A iniciativa privada nacional terá que considerar o fato da China ser o maior destino das nossas exportações e com quem temos superávit de 5.2 bilhões de dólares. Será que a China irá desvalorizar o seu yuan para beneficiar as exportações brasileiras? Ingenuidade pensar isto. Compete às empresas agregarem valor às suas commodities, como resultado de ganhos de produtividade e de inovação. Esta tarefa é nossa e não deles. Há espaços para expansão de mercado no agronegócio, processamento de minério de ferro no Rio Grande do Norte, alimentos e sobretudo na oferta do etanol, a grande opção energética que o Brasil oferece ao mundo. Os resultados virão com a prática do “guanxi”, que na China significa abrir a porta para iniciar negócios, agilizar trâmites administrativos e desenvolver bons relacionamentos. Eles preferem lidar com as pessoas que conhecem e confiam e não com quem sempre se lamenta. Agindo assim, a China se transformará em desafio e não um problema para o Brasil.

    O PARLATINO E A CHINA

    O autor deste artigo, à época presidente do Parlatino, recebeu em 2006 na sede do Parlatino em São Paulo, Sr. Wu Bangguo (foto), o segundo homem na linha do poder chinês. O líder chinês foi condecorado com o Grã-Colar da Ordem do Mérito Latino-Americano e assinou convênio de cooperação com o Parlatino. Ele permanece na presidência da Assembléia Popular Nacional da China e recepcionou a presidente Dilma Rousseff em Pequim.

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    • Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
      de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

     

     

                    Acompanhei com interesse a visita da presidente Dilma Rousseff à China. Sem a exata compreensão do que representam os chineses no mundo global, o Brasil terá muitas dificuldades de crescimento estável. De 2000 para cá, o comércio entre os dois países aumentou vinte vezes.

                    Tenho relativa experiência de convivência com a China. Lá estive várias vezes. Como deputado e presidente do Parlatino, mantive negociação política com o Sr. Wu Bangguo, presidente da Assembléia Popular Nacional da China (foto). Ao final, a Assembléia Popular chinesa foi aceita em 2005 como membro-observador do Parlatino, que representa 22 parlamentos latino-americanos e do Caribe. Na ocasião, o Sr. Bangguo ressaltou a importância da integração política da China com a América Latina, o que logo conduziu ao restabelecimento das relações diplomáticas com a Costa Rica. El Salvador caminha no mesmo sentido do reatamento de relações. O Sr. Wu Bangguo fez questão de visitar em São Paulo a sede do Parlatino (setembro de 2006), para agradecer pessoalmente. Na ocasião, foi condecorado com o Grã-Colar da Ordem do Mérito Latino-Americano. O Parlatino, em parceria com o parlamento chinês, promoveu “Conferência” sobre medicina tradicional. Seguiu-se a aprovação de várias leis na América Latina, recomendando ao sistema público de saúde atender com remédios tradicionais, à base de plantas e outras técnicas chinesas, de menores custos.  O SUS brasileiro aderiu. Atualmente, a Assembléia Popular da China colabora na construção da sede permanente do Parlatino, na cidade do Panamá.

                    Após a recente visita presidencial, permanece a indagação se a China é problema, ou desafio para os interesses nacionais. Permita-me o leitor algumas observações pessoais. De nada adiantará o discurso do choramingo, pedidos de benefícios e repetição do óbvio ululante. De um lado, o governo terá que fazer o “dever de casa”, priorizando as reformas política, tributária e trabalhista. Os chineses formam um “cluster” na Ásia (aglomeração de empresas e interesses), a exemplo dos “tigres” asiáticos. Na década de 90, aderiram à globalização e iniciaram a sua escalada industrial. De outro lado, a competividade chinesa não constitui problema apenas para os empresários brasileiros. É um problema do mundo. A iniciativa privada nacional terá que considerar o fato da China ser o maior destino das nossas exportações e com quem temos superávit de 5.2 bilhões de dólares. Será que a China irá desvalorizar o seu yuan para beneficiar as exportações brasileiras? Ingenuidade pensar isto. Compete às empresas agregarem valor às suas commodities, como resultado de ganhos de produtividade e de inovação. Esta tarefa é nossa e não deles. Há espaços para expansão de mercado no agronegócio, processamento de minério de ferro no Rio Grande do Norte, alimentos e sobretudo na oferta do etanol, a grande opção energética que o Brasil oferece ao mundo. Os resultados virão com a prática do guanxi”, que na China significa abrir a porta para iniciar negócios, agilizar trâmites administrativos e desenvolver bons relacionamentos. Eles preferem lidar com as pessoas que conhecem e confiam e não com quem sempre se lamenta. Agindo assim, a China se transformará em desafio e não um problema para o Brasil.

     

     

     

    O PARLATINO E A CHINA

     

    O autor deste artigo, à época presidente do Parlatino, recebeu em 2006 na sede do Parlatino em São Paulo, Sr. Wu Bangguo (foto), o segundo homem na linha do poder chinês. O líder chinês foi condecorado com o Grã-Colar da Ordem do Mérito Latino-Americano e assinou convênio de cooperação com o Parlatino. Ele permanece na presidência da Assembléia Popular Nacional da China e recepcionou a presidente Dilma Rousseff em Pequim.


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