Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 02 de Agosto de 2008

    Medo do futuro

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    A eleição de 2008 no Rio Grande do Norte começa com o eleitor apático. Indiferente. Distante. O fenômeno parece ser nacional. O número de indecisos nas pesquisas honestas revela essa realidade.

    Por que tudo isto?

    Haveria uma revolta da população? Quais as razões?

    Será que a tendência é crescer o número de indecisos?

    O eleitor desejaria outras opções?

    A mística de Lula apoiada em práticas como o “bolsa família” estaria inibindo resistências e a condução do processo eleitoral sendo entregue, de mão beijada, ao governo petista?

    Por outro lado, o medo da volta da inflação está “secando a bola” do petismo?

    Mesmo assim, a oposição parece acuada pela popularidade de Lula e todos – direta ou indiretamente – temem combate-lo?

    Repetem-se acordos políticos, diretos ou tácitos, sem eira nem beira.

    O que vale será apenas “sobreviver”, a qualquer custo?

    Afinal, o que está acontecendo para justificar o quadro eleitoral incolor que presenciamos?

    Sinceramente, acho que o eleitor pelo que assiste diariamente na política nacional está absolutamente consciente de que não há perigo de melhorar, salvo honrosas exceções.

    A descrença atingiu o seu nível mais elevado.

    O cidadão enxerga o futuro e sente-se solitário no meio da tempestade da falta de perspectivas. Ele relembra há quantos anos já vem votando. E é sempre a mesma coisa. O sonho de que tudo irá melhorar definitivamente nunca chega. No máximo paliativo..

    No Brasil atual, notou-se até bem pouco tempo a antevisão de melhorias no salário, oferta de empregos e economia estável. Agora, a maioria já percebe que a incerteza da inflação – que volta galopantemente – colocará em risco a sonhada melhoria da qualidade de vida.

    O que se assistiu nos últimos anos – o povo começa a entender – foi muito mais conseqüência de uma tendência mundial, do que a “lição de casa” bem feita pelo governo brasileiro.

    O país melhorou um pouco, em razão da grave crise norte-americana, que fez o dólar cair no mundo todo. O nosso país não iniciou qualquer grande projeto, sobretudo de infra-estrutura (energia, água, esgoto, transporte...), que assegurasse estabilidade para o futuro.

    Apenas, estamos surfando nas águas e ondas favoráveis da economia mundial. Só isto. Da mesma forma que a Argentina, México, Venezuela e outros países latinos. Nesses países já começa o declínio com o retorno da inflação.

    Os aumentos vêm de fora. O governo fica imobilizado. Como ficou FHC quando enfrentou as crises econômicas da Tailândia, México, Rússia e Argentina.

    As leis do mercado fogem ao controle dos governos. Todas as economias estatizadas do mundo ruíram.

    Note-se que, recentemente, o Governo Federal tentou regular a venda de arroz em estoque para exportação. Como não proibiu a exportação de arroz que não estivesse em estoque, os produtores venderam para o exterior o que não estava estocado e comercializaram no mercado interno o que existia estocado.

    De que adiantou a ação do Governo Federal?

    Nada. Absolutamente nada.

    Atravessamos crise econômica semelhante aquela dos anos 70, provocada pelo petróleo. Tudo começou com os Estados Unidos e União Européia incentivando programas de bioenergia como alternativa para o combate ao aquecimento global. O uso de milho, por exemplo, na produção de etanol nos Estados Unidos provocou violenta alta dos preços dos grãos.

    A perspectiva é que até o ano 2020 haja um aumento de 600 milhões de pessoas com fome no mundo.

    Não procede essa história de que o etanol brasileiro derivado da cana de açúcar é causa da fome universal. É perfeitamente possível compatibilizar a produção de cana de açúcar com a de alimentos. Essa é uma questão vital para o desenvolvimento nacional. Não podemos abrir mão, independe de partidos ou facção política. Impõe-se a união de todos.
    Caracterizam “falso alarme” as previsões de caos propagadas por Fidel Castro e documentos do Banco Mundial (Bird), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Fundo Monetário Internacional. Segundo os relatórios, além de aumentar os preços dos alimentos, os biocombustíveis poderiam aumentar a disputa pela água.

    Trata-se de “hipocrisia e nenhuma crítica é justificada. Nem a ambiental, nem a social, nem a econômica”. O mundo passa por uma civilização tipicamente do petróleo e o surgimento de combustível alternativo – como o etanol – gera reações inexplicáveis. O Brasil é o único país em que o consumidor escolhe entre um combustível fóssil (gasolina), ou renovável (que é o álcool). E a opção pelo álcool se dá pelo menor preço. Conseguimos concorrer com o petróleo, o que era considerado impossível.
    Essa história de encarecimento de alimentos é tendência secular no mundo. Chegou-se a admitir, em passado recente, que a queda das commodities agrícolas condenaria faltamente o setor primário à pobreza. Agora, propaga-se justamente o contrário.

    Não há razões para as nuvens sombrias. Ao contrário do que se alardeia, o crescimento dos canaviais brasileiros aumenta a produção de alimentos, pelo fato de que o plantio da cana de açúcar exige rotatividade das culturas.

    Dessa forma, quase 20% das áreas cultivadas são renovadas com outras espécies, como feijão e soja. Tudo indica que a orquestrada reação externa tenha como objetivo inibir o crescimento econômico do Brasil.

    O alerta lançado no ar nada mais é do que uma “bolha”, muito parecida com aquela que aconteceu com a subida de preço dos imóveis nos Estados Unidos. Todos justificavam o “boom” americano. De repente, se descobriu que uma “bolha” estava por trás do aparente fenômeno econômico. Ficaram evidentes a fragilidade do aumento da renda “per capita” do norte-americano e o enganoso aumento de produtividade da economia.

    O caso brasileiro é o contrário. Tentam criar antecipadamente a “bolha” de que o aumento internacional dos preços de alimentos vincula-se à produção do etanol. Omitem que os alimentos aumentam de preço no mundo pelo fato de maior número de pessoas terem acesso a eles nas economias em desenvolvimento – especialmente China e Índia.

    Esses países priorizam a produção de bens industriais, serviços e aumenta a demanda por alimentos. Daí a subida dos preços. Os especialistas são unânimes em reconhecer que a produção de nossos biocombustíveis não compromete o meio ambiente, nem a produção de alimentos.

    Utilizam-se exclusivamente as áreas já degradadas pela agricultura extensiva, ou pelo gado. Os riscos em relação à Amazônia são imaginários, sobretudo porque a região não tem solo e clima apropriados para a produção de etanol.

    Outro fator é que na Amazônia inexistem condições favoráveis ao escoamento da produção dos canaviais para o transporte e exportação.

    Do ponto de vista tecnológico, a produção de biocombustíveis pode ser alcançada também sem o aumento da área plantada, através do uso de rejeitos de outras culturas agrícolas. Tais processos apresentam balanço ecológico altamente favorável.

    Nesse quadro econômico quem “paga o pato” são as eleições de 2008. O povo está mais interessado em sobreviver, do que acreditar nas mensagens políticas, que só relembram decepções acumuladas no passado.

    Com a eleição municipal em “banho maria” e o povo descrente só resta fazer votos que a economia se estabilize para que a decepção coletiva seja contida.

    Se isso não acontecer permanecerá no horizonte o medo do futuro!

    Coluna semanal
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