Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 20 de Junho de 2008

    "Boca calada"

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    Respeito humanamente o constrangimento pessoal da governadora Vilma de Faria com os últimos acontecimentos, envolvendo familiares. Ninguém tem o direito ao achincalhe ou a busca de dividendos político-eleitorais, em momentos que envolvem a relação de uma mãe com o seu filho. Caberá à justiça, assegurado o amplo direito de defesa, chegar a julgamentos idôneos.

    Tratando-se, porém, de episódio público e que envolve políticos de destaque no Estado não é possível deixar de comentá-lo, sob o aspecto restrito das conseqüências e efeitos externos e futuros.

    E é isto que faço.

    Ouvi de um amigo a opinião de que a Governadora Vilma de Faria é, no momento, a liderança politicamente mais competente do Rio Grande do Norte.

    Indaguei-lhe as razões. E veio a explicação.

    Ela conseguiu neutralizar, em termos de crítica ao seu governo e às suas ações, todos os segmentos políticos e partidários do Estado. Há uma unanimidade em torno da sua liderança. Não se vê, nem se ouve, nada que conteste o Governo do estado e o seu sistema político.

    Antes, era o PT a voz discordante. Sobretudo a deputada Fátima Bezerra que, no passado, disputou a Prefeitura de Natal com a governadora Vilma de Faria e nunca a perdoou. As relações entre as duas sempre foram civilizadas, porém ásperas, politicamente.

    De repente – e tomando todos de surpresa – a governadora faz estranho acordo com a deputada Fátima Bezerra e seus aliados petistas, apoiando o seu nome para a Prefeitura de Natal. Abdicou de um candidato próprio do seu Partido, preparado há anos, que era o deputado federal Rogério Marinho.

    Enfrentou turbulências internas no PSB, mas venceu. Impôs o nome de Fátima Bezerra como candidata do PSB à sucessão do prefeito Carlos Eduardo.

    Vitória política de Vilma!

    No relacionamento do Governo do Estado com o prefeito Carlos Eduardo, de Natal, começaram a surgir notórios “curtos circuitos”. Tudo levava a crer num rompimento próximo. O prefeito Carlos Eduardo voltaria para o “ninho” antigo da família Alves. Se isto ocorresse, o prenúncio seria de forte e arrojada oposição à Vilma. Sobretudo, considerando a máquina de comunicação ainda em poder da família Alves, no RN.

    Vilma neutralizou toda essa possível contestação política a si com o acordo feito no Palácio do Planalto, aceitando o nome de Fátima Bezerra, articulado por Carlos Eduardo.

    Alegou que Rogério Marinho não crescera nas pesquisas.

    Alguns perguntaram: e por acaso Fátima Bezerra cresceu?

    Nada adiantou. A questão não era resultado de pesquisa, até porque isto vale muito pouco cinco meses antes da eleição. A governadora sabe bem disto, porque em 2002 ela começou a sua campanha com 4% nas pesquisas e Fernando Bezerra com mais de 70% de apoio popular.

    O resultado todo mundo conhece. Vilma ganhou a eleição e Fernando Bezerra não foi sequer para o segundo turno.

    O objetivo da governadora, ao aceitar o acordo proposto pelo Governo federal e por Carlos Eduardo, era neutralizar duas possíveis correntes políticas de oposição: o PT e a aliança do Prefeito de Natal com os “Alves” (leia-se PMDB). E conseguiu.

    Administrativamente, recebeu muito pouco do governo Lula, até agora. Salvo a promessa de uma verbinha aqui, outra acolá, sujeitas a contingenciamentos orçamentários futuros.

    Ao contrário, perdemos de uma “só tacada” a refinaria e a área de livre comércio. Foram jogados na lata do lixo milhares e milhares de empregos e oportunidades.

    Pernambuco, Maranhão e até o Ceará consolidam refinarias de petróleo em seus territórios e o RN fica com a esfarrapada desculpa de que o parque da Petrobrás irá ser ampliado, com a instalação de pequena unidade de refino em Guamaré. Aliás, isso já era prometido há anos.

    Quanto à área de livre comércio, ao lado do futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o “baque” foi maior.

    O senador Romero Jucá – líder do Governo – brigou e lutou a favor da redefinição da área de livre comércio em Roraima. Alegou que o seu estado era fronteira terrestre e não podia ter uma simples ZPE em disputa com todos os demais Estados brasileiros. Teria que ter algo mais amplo como pólo exportador, justamente uma área de livre comércio. Saiu vitorioso.

    O Rio Grande do Norte é uma fronteira aérea e marítima de maior dimensão do que Roraima. O ponto geográfico mais próximo da África e da Europa.

    Mesmo assim, o nosso Estado ficou literalmente a ver navios. Todos se dobraram à vontade do Planalto.

    A classe política e empresarial não lutaram pela nossa área de livre comércio. Apoiaram tudo que o Governo federal quis, em detrimento do RN . Silêncio e consentimento geral! A história relatará os detalhes.

    Perdemos, no mínimo, mais de cinqüenta mil empregos e oportunidades. A visão dos que decidem ou influem no RN foi olhar para baixo, mais uma vez!

    Aceitando a candidatura de Fátima e não protestando pela exclusão do RN da refinaria e da área de livre comércio, a Governadora consolidou a parceria política com o Presidente Lula.

    Vitória política de Vilma!

    Juntou-se ao PMDB, com quem disputou há menos de dois anos, o governo do Estado do RN.

    O senador Garibaldi Alves, ocupando a elevada função de Presidente do Congresso Nacional, mudou de opinião e concordou com a nova “paz pública”. Trouxe consigo o “primo” deputado Henrique Alves e todo o seu partido. Retirou a candidatura de Hermano Morais e apoiou a deputada Fátima Bezerra, candidata de Vilma.

    A partir daí o PMDB deixou de fazer oposição ao governo do Estado.

    Vitória política de Vilma!

    No quadro sucessório de Natal e do Estado, as principais correntes políticas têm vinculação – direta ou indireta - com candidatos apoiados pela governadora Vilma e o seu governo.

    Em Natal, todas as candidaturas mais expressivas se dizem ligadas politicamente à governadora Vilma, sendo, portanto, neutralizado o discurso de oposição.

    Nas principais cidades do Estado, quando Vilma não está no palanque, está um aliado do seu governo.

    Dezenas de exemplos podem ser citados.

    Em Mossoró, Vilma segue como candidata ao Senado e o seu correligionário, Senador Garibaldi Alves, recebeu em praça pública o apoio do DEM para sua reeleição do Senado.

    Abre-se a porta para um grande prejuízo eleitoral futuro do senador José Agripino, na medida em que penetra em seu próprio Partido um aliado do PT e da governadora. No mínimo a cabeça do eleitor fica confusa. Em política como no amor é difícil justificar tais posições.

    Dizer que depois muda é no mínimo admitir a “traição” aos compromissos assumidos.

    Vitória política de Vilma!

    Quanto à liderança do senador José Agripino, realmente a governadora não conseguiu aproximação política. O senador mantem-se fiel aos seus compromissos partidários, porém o seu “estilo político” não foi, não é e nem será de fazer oposição contundente à Vilma.

    Vitória política de Vilma!

    Confesso que não havia feito tal análise.

    Mas cheguei à conclusão de que o meu amigo tem razão: a governadora Vilma de Faria neutralizou em todos os setores e áreas as vozes discordantes ao seu governo e sistema político. Navega em calmaria, mesmo enfrentando uma séria crise.

    Para quem concorda com os fatos e situações descritas (não é o meu caso), a governadora Vilma demonstra realmente exercer uma liderança politicamente competente no Rio Grande do Norte.

    Instalou no Estado a “boca calada”.

    Coluna semanal
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