Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 16 de Maio de 2008

    O que penso

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    Em respeito aos internautas (leitores) devo ser mais jornalista, do que político nas opiniões que emito neste portal.

    Como jornalista preservo princípios, sobretudo o da liberdade de expressão.

    O Rio Grande do Norte vive um ciclo político decisivo para o seu futuro. O povo irá dizer nas urnas – em 2008 ou 2010 – se a coerência é um instrumento essencial na vida pública, ou deve ser colocada definitivamente na lata do lixo.

    Não discuto a tese propagada pelos Partidos Políticos, de que a eleição municipal é assunto local, ou seja, deve ser definida em cada município, de acordo com as peculiaridades locais.

    Claro que um Prefeito vi9ncula-se a própria terra onde ele vive. Porém, quando se afirma isto há necessidade de também ser colocado para análise o perfil da terra onde atua esse Prefeito. E esse perfil não se confunde com o dele próprio, nem com o do seu partido.

    Esse perfil deve ser o retrato 3x4 do povo, das suas tradições, dos seus sonhos, das suas aspirações futuras.

    Na democracia não há prefeito sem povo. Sem voto livre.

    Sendo verdadeiro tal raciocínio, as composições ou acomodações políticas refletirão o máximo respeito às raízes populares, inclusive a coerência em relação ao “time” a ser formado para os palanques de hoje e os de amanhã.

    De que adiantaria, por exemplo, um treinador de futebol escalar uma equipe com mais atacantes do que o necessário? Em nome de fazer “gols” ele iria prejudicar a defesa e o efeito seria contrário, ou seja, levaria “gols” e perderia o jogo.

    Qual o papel dos torcedores?

    Certamente, abrir os olhos do Treinador, de que sabedoria demais ao colocar muitos atacantes, em prejuízo da defesa do time, poderia levar a equipe à derrota.

    No ciclo político do Rio Grande do Norte atual estamos assistindo um espetáculo parecido com uma partida de futebol.

    A torcida – que é o eleitorado – fica assistindo passivamente os Treinadores – que são os “donos” de partidos políticos – escalarem equipes as mais diferentes e variadas para jogarem nos municípios do Estado. Não há a preocupação de equilibrar princípios doutrinários, ideológicos, o que no futebol equivaleria a levar em conta ser atacante, defensor, ter bom preparo físico, tática etc....

    Nada disto. Em nome da sobrevivência “vale tudo”.

    A “vez” está dependendo exclusivamente da preferência individual de quem decide e da influência absoluta do Poder, ou seja, o governante, “dono de partido”, que se assemelham ao “treinador” do time. Ficam totalmente de lado - sem nenhuma importância - a coerência, a lógica, o talento, as bandeiras em defesa de idéias criativas, ideologias, doutrinas etc...

    Nenhum desses valores é levado em conta. Repito a expressão de que tudo está sendo colocado na “lata do lixo”.

    Tais pontos de vista seriam apenas teóricos, ou correspondem à realidade do Rio Grande do Norte?

    Vamos aos casos e exemplos concretos.

    Na sucessão municipal de Natal de 2008 aconteceu o impossível. Em menos de uma semana mudou tudo. Da água pra o vinho.

    O prefeito Carlos Eduardo não perdoou Rogério Marinho ter sido eleito em 2005 presidente da Câmara Municipal de Natal contra a sua vontade. Deu o “troco”.

    Em 2006 – por exemplo -, quando os Alves se juntaram aos Maias, houve uma longa preparação. Mais de dois anos de conversa. O então PFL, por exemplo, foi golpeado nas costas, quando a governadora Vilma, após assumir compromisso, resolveu vetar a indicação por aquele partido do vice-prefeito na chapa de Carlos Eduardo. Achou que seria Maia demais.

    Tomado de surpresa, o senador José Agripino procurou-me e em solidariedade a ele e ao PFL aceitei disputar a Prefeitura de Natal com todo o Partido – o então PFL – comprometido com a governadora Vilma em Natal e no interior do Estado.

    Ficaram comigo praticamente, apenas, o senador José Agripino e a sua esposa. 

    Resultado: o povo percebeu a inconsistência e incoerência do PFL e resolveu manter-me na Câmara Federal. Uma pesquisa aplicada dias depois constatou isto.

    Não perdi. Apenas tive o meu mandato de deputado federal – o mais votado do PFL em 2002 – ratificado pelo eleitor de Natal em 2004.

    Fátima Bezerra, que teve votação semelhante a minha em 2004 recebeu a solidariedade do seu sistema político e em 2008 é candidata a Prefeito de Natal.

    O “recall” que a minha candidatura em 2004 poderia dá para 2008, nem sequer foi cogitado. Ao contrário.

    Voltando a união dos Maias e Alves em 2006, vê-se que houve preparo e antecedentes, que de certa forma justificaram o encontro dos dois grupos.

    A “união” de 2008 é relâmpago – aconteceu em menos de uma semana – e está vinculada unicamente ao Poder do Governo, a barganha, ao poder econômico e político de mãos dadas.

    E o povo será que está consciente dessas contradições?

    Isto ocorre só em Natal?

    Em absoluto. Está acontecendo em todo Rio Grande do Norte.

    Por exemplo: em Caicó o candidato a Prefeito é de Vilma e o Vice do DEM. Em Macaiba do PMDB e do DEM.

    Em Mossoró – o mais contundente – os senadores José Agripino, Garibaldi e Rosalba juntos, unidos.

    A candidata Fafa Rosado proclama que em 2010 apoiará para o Senado José Agripino e Garibaldi. Tudo fechado e resolvido por antecipação.

    Chega-se ao máximo. De um lado e de outro.

    O discurso da incoerência deixou de ser privilégio de tal ou qual partido e passou a ser de todos.

    O que vale é procurar sobreviver, a todo custo.

    O que é um sistema ou partido político, senão coesão de idéias, solidariedade e princípios?

    Como é possível o PSB, PMDB, DEM, PR ou qualquer outro partido no RN ter essa unidade, se já começa agora com um pedaço de um lado e outro pedaço de outro lado?

    Se 2010 ficasse pra depois, talvez fosse possível entender algumas posições tomadas. Mas já anunciando as alianças para 2010, tudo vira uma “Babel”.

    A conclusão é que no RN todos parecem “japoneses”.

    Não há espaço – pelo menos nos partidos maiores – para fazer política com um mínimo de coerência, ou “bandeiras” a defender.

    O espaço é para a troca imediata.

    Muitos justificam o que ocorre como “sabedoria política”(????!!!!!!!).

    Ou seja, é preciso segurar fulano em 2008, porque 2010 é outra coisa?

    Outra coisa?

    Que outra coisa? Seria legalizar a traição do futuro?

    Neste quadro heterogêneo e inseguro como ficará o eleitor?

    Não sei. Tenho dúvidas de que se rebele. Afinal, o contingente de carentes é muito grande e a “bolsa família” cura todos os males políticos.

    Estou convencido de que o “discurso de indignação oposicionista” está sendo sepultado inteiramente em nosso Estado – agora em 2008 e talvez em 2010.

    Pessoalmente, a única vez que ouvi dizer que a deputada Micarla de Souza seria candidata de oposição em Natal foi na entrevista do Vice-Governador Iberê Ferreira, neste final de semana. Antes nunca ouvira falar isto. Nem em declaração da própria candidata.

    Em Mossoró, as manchetes da imprensa foram para a “unidade” em 2010 com a chapa do Senador já formada – José Agripino e Garibaldi – e Rosalba para o Governo do Estado.

    Será que para “acomodar” Vilma, a candidatura de Rosalba poderá ter o mesmo destino de Rogério Marinho? Seria o efeito “bumerangue”!

    Já que em 2008, tudo indica que não haverá oposição, a chance de “resposta popular” aos acordos espúrios seria transferida para as urnas de 2010, considerando que prefeito é um assunto local.

    Mas, como o povo dará essa resposta em 2010, se já agora em 2008 quem poderia encarnar uma posição de resistência se junta abertamente com os contrários? Vejam-se os exemplos atuais em vários municípios potiguares, como os citados acima.

    Quem irá lutar por mudanças, se os partidos se unem sem critério ou coerência?

    Onde nascerão quadros para as disputas futuras, se a insegurança está disseminada?

    Difícil responder.

    O Rio Grande do Norte no país continua o Estado mais “fechado” politicamente. A característica de “guerreira” e as posições progressistas da atual Governadora não existiriam, se ela não tivesse juntas a origem Maia e Mariz, além das benesses da Revolução de Março de 1964.

    Esta a verdade, verdadeira.

    Desculpem!

    Opinei como jornalista. Isto porque, é meu dever ético usar a liberdade de expressão para dizer o que penso.

    Até porque, estou sempre de “olho aberto”.

    Coluna semanal
    blog NO MINUTO
    www.nominuto.com.br


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