Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 10 de Maio de 2008

    Se há prazo, há tempo

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    Ferve o caldeirão político estadual.

    Uns perplexos. Outros eufóricos. Muitos sem acreditar no que ouvem.

    Escrevi aqui na semana passada: “Rebelião - se existir - será sob “encomenda”. Somente para “inglês ver”.

    A deputada Micarla de Souza, por exemplo, poderá ser usada para justificar “rebeldias aparentes” na base do governo. Pura cortina de fumaça. Nada consistente, em termos de discurso de oposição, que pelo andar da carruagem não existirá na eleição de Natal em 2008.

    “O governo federal, estadual e municipal comandam de ponta a ponta.

    “A governadora Vilma poderá “permitir” que “alguns” da sua base apóiem outro nome, sem perderem nada no seu governo. Mera “permissão” consentida, como estratégia para inibir o “discurso de oposição”

    Será que adivinhei?

    Certamente que sim. Venho de longe e conheço as pessoas. Elas são as mesmas. Não mudam. É possível mudar temperamento, idéias e até posição política.  Porém, não se muda a natureza humana. É o exemplo da fábula “a rã e o escorpião”, de Esopo.

    A rã ajudou o escorpião atravessar o rio. Foi fiel e correta. Acreditou na palavra dele. No meio da travessia, o Escorpião não se conteve e meteu-lhe o “ferrão” com veneno.

    Estarrecida e sem compreender a ferroada, a rã pede explicação ao escorpião daquele ato extremo, que levará ele também à morte. De forma sarcástica o escorpião exclama: “desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza”.

    Quem poderia encarnar uma reação política consistente contra o que vem ocorrendo no RN?

    No quadro atual, somente teria chance quem fosse “bem visto” pelos “donos de partidos”. Não vejo possibilidades. Não há interesses em nada novo. Há nomes competentes e sérios, porém sem possibilidade de montar sequer o palanque e serem ouvidos pela população. A retaguarda e a estrutura são indispensáveis para chegar ao povo na eleição majoritária.

    Pelo andar da carruagem, o sistema do Governo Estadual ficará incólume. Sem defecções expressivas. Quem ameaçava resistir repete louvações à governadora. Elogios além da medida. Fala-se sobre tudo, menos em oposição ao “acordão”. Ao contrário, são oferecidos eficientes serviços políticos para manter intocável a chamada “base aliada”.

    Que tipo de resistência é essa?

    Tenho admiração pela deputada Micarla de Souza, sobretudo por ela continuar a luta do seu pai – Senador Carlos Alberto – que abriu caminho com as próprias unhas na política do estado. Foi sempre perseguido e combatido. Inegavelmente venceu.

    Micarla tem, portanto, uma boa origem política.

    O que não me convence é o desejo dela e do seu partido em não assumirem uma postura de oposição. Não digo oposição de desaforos, ou desrespeito. Não.

    Apenas uma oposição propositiva, criativa, desenhando o futuro de modernidade para uma cidade como Natal, que até hoje ninguém teve a coragem de propor.

    Micarla – como os outros – parece estar buscando a “sobrevivência”. Ou seja, quer ganhar a eleição.

    Só que para ganhar a eleição – a meu ver – teria que inovar de verdade e combater este “acordão” imoral que foi feito.

    Juntaram-se forças antagônica, sem nenhuma justificativa ideológica, de propostas, ou de idéias. Nada absolutamente nada. A única razão é manter o poder pelo poder. Usufruir a qualquer custo. Quem falava no passado justamente de “caciques unidos” na eleição de 2006, agora faz o contrário.

    O povo quer mudança verdadeira.

     E aí vem o perigo da estratégia de Micarla de Souza ao abrigar pessoas intimamente ligadas ao “acordão” em seu palanque.

    É melhor que fiquem todos juntos. Antes só do que mal acompanhado.

    Que mudança ou protesto ela representará?

    É trocar seis por meia dúzia.

    O povo desconfiará. E o povo é muito desconfiado. Quer sinceridade.

    O cidadão poderá indagar: “que história é essa? Estão combinados? Qual a diferença política entre eles?”.

    Muitas vezes o povo raciocina de forma objetiva, ou seja, entre ficar com quem não teve a coragem de protestar e assumir mudanças avançadas é melhor ficar com quem assumiu posição política sem subterfúgio.

    Para ganhar na oposição é necessário ser oposição. Repito: nunca descambar para insultos, ou baixarias. Oposição combativa no discurso, nas propostas, no amanhã. Oposição contra o que se faz hoje e terá que ser mudado amanhã.

    Não há lugar para o “morno”. A mulher está grávida ou não está. Não há meio grávida.

    No palanque do “acordão” estarão vários candidatos a governador. Alguns, candidatos deles mesmo. Mas se consideram candidatos.

    A tendência será aumentar conflitos no palanque de Fátima. E no de Micarla também, se ela optar pelo “faz de conta”..

    Os sociólogos dizem que “na natureza não há saltos”. E na política não há milagres.

    Natal é, de certa forma, uma cidade imprevisível e o povo já se rebelou no passado.

    Uma coisa é certa. Quando Natal se rebela exige posições claras e definidas dos candidatos. Nunca dúbias.

    Outro fato óbvio é que para haver rebeldia precisa existir opção.

    Assim foi na eleição de FHC. Lula ganhou na capital por expressiva margem, contra tudo e contra todos.

    Em 1978, Radir Pereira – fiel escudeiro do PMDB – foi excluído completamente do processo. O então governador Tarcísio Maia fez a “paz pública”. Trouxe para o seu palanque o ferrenho adversário Aluízio Alves, à época ainda cassado.

    A exigência foi Aluízio e o seu grupo apoiarem Jessé Freire para o Senado.

    Radir Pereira insurgiu-se. Protestou. Ele era um deputado estadual, com origem em Currais Novos. Nunca fora votado em Natal.

    Radir lançou-se à luta como candidato ao Senado da República. Combativo. Sozinho. Isolado. A “cúpula” do seu partido seguiu Aluízio Alves e a “paz pública” patrocinada – como agora se repete – pelos governos federal, estadual e municipal.

    Radir perdeu no Estado. O “rolo compressor” funcionou.

    Porém, em Natal, Radir derrotou todos os “caciques” reunidos, para usar a expressão da governadora Vilma, na eleição de 2006. Venceu por larga margem de votos.

    Agenor Maria quando se elegeu Senador repetiu o mesmo fenômeno.

    Não faço juízo de valor sobre Rogério, Micarla, Fátima ou qualquer outro candidato. Nada tenho contra eles e até os respeito.

    Analiso, apenas, os fatos públicos e notórios.

    E nessa análise chego a várias conclusões e previsões. Algumas prefiro não dizer

    Outras ouso dizer.

     Por exemplo: de acordo com o “andar da carruagem” a governadora Vilma tende a ganhar a eleição de 2008 em Natal, seja quem for o eleito. Salvo se aparecer algum nome de peso, o que é praticamente impossível a esta altura do campeonato. Logo, qualquer eleito poderá beneficiar os Palácios do Planalto e Potengi.

    Inegavelmente, a governadora tem mérito nessa estratégia. Ela inibiu a reação de certos partidos com acenos da ilusória “união de todos”.

    Calou a oposição!

    O Governo ganhou tempo, avançou e no final fez o que o Presidente Lula recomendou. Assistimos agora o fruto de tudo isto. A candidatura da deputada Fátima Bezerra com o seu partido – o PT – esnobando antes do jogo começar, chegando ao ponto de exigir que a coligação seja apenas para elegê-la.

    Quer dizer: nada de coligação proporcional com quem se aliou ao PT.

    O PSB, PMDB etc são bons para eleger Fátima, mas não merecem confiança para eleger os seus vereadores.

    Incrível, mas verdadeiro!

    Uma coligação que começa assim, como iria sobreviver se ganhasse a eleição

    O palanque está pesado.

    A confusão é tamanha que ainda admito uma parada para organizar.

    Afinal, o senador Marco Maciel diz sempre: “enquanto há prazo há tempo”.

    Coluna semanal
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