De Olho Aberto
-
14 de Março de 2008
Diga ao povo que fico
Pode até não dá certo. Porém, estou absolutamente convencido de que o Presidente Lula e o PT estão com a estratégia em marcha para aprovar o “terceiro mandato presidencial”. Quer dizer: Lula será o candidato petista à Presidência da República em 2010.
Dependendo do andar da carruagem não me surpreenderá se o seu companheiro de chapa for o atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
A “isca”, que começa a ser lançada para fisgar o peixe e aprovar a nova reeleição é despertar a “mosca azul” nos atuais governadores – já no segundo mandato-, de que eles poderão ser também reeleitos.
Quem sabe, o “presente” se estenda igualmente para os prefeitos municipais reeleitos em 2008 poderem disputar o mesmo mandato em 2012.
A história de vida do Presidente Lula revela muita habilidade pessoal na condução daqueles assuntos que lhe interessam. Nunca abriu o jogo de saída. Cria situações, lança argumentos, repete as suas versões e lá na frente chega onde quer chegar.
Será assim também em relação ao seu terceiro período de mandato?
O atual Chefe da Nação entrou para o sindicalismo em 1969. Até então se dizia avesso a qualquer tipo de política. Era apenas um metalúrgico.
Entrou no sindicato, disputou cargos na diretoria e nunca mais deixou. Reelegeu-se várias vezes. Depois, afastou-se para disputar mandatos eletivos, porém sempre com o vínculo sindical.
Durante o período revolucionário, o Presidente Lula nunca recebeu uma punição dos militares. Diz-se até que os estrategistas da Revolução de 64 aceitavam-no pelo fato de não ser comunista e colaborar para a imagem mundial de que no Brasil havia liberdade sindical.
Ele nunca foi cassado, nem teve os seus direitos suspensos. Jamais foi preso. Teve apenas uma detenção de 31 dias. Ficou numa sala em boas condições no DOPS de São Paulo. Foi muito bem tratado. Era delegado à época o atual Senador Romeu Tuma, homem de confiança da Revolução.
Após três derrotas seguidas como candidato a Presidente da República elegeu-se em 2002, comprovando a regra de quem em política alguém só morre, quando o coração pára. Antes disso, tudo é possível, inclusive ganhar eleição e chegar ao poder.
Tanto no primeiro período, quanto no segundo período presidencial em marcha, o Presidente teve muita sorte. A economia internacional atravessa um dos melhores momentos da história universal.
Com extrema habilidade, o Governo Lula credita-se até da queda do dólar. Assim mantém a sua popularidade em alta.
Comunica-se diretamente com o povo. Não usa intermediários. O seu principal marketing é ele mesmo.
A política assistencialista do “bolsa família” assegura-lhe grande penetração popular.
Na faixa dos ricos e abastados o governo é aplaudido. Nunca se ganhou tanto dinheiro no Brasil, sobretudo no setor financeiro.
Enfrenta reduzida oposição de parte da classe média. Não de toda. Somente naqueles segmentos mais esclarecidos e como tal insatisfeitos com o fato do país não crescer. O Brasil é lanterna entre as nações emergentes, pelo seu crescimento econômico pífio. Não há condições de resistir a um abalo – por menor que seja – na economia mundial.
A matriz energética está estagnada. Não há investimentos. No início desse ano foi um pânico a possibilidade do inverno ser fraco. Já se tinha como certo o “apagão”. O governo tomou medidas preventivas para ativar outras formas de geração de energia, que não fosse à hidráulica.
Mais uma vez, Deus protegeu Lula e o Brasil. O inverno começou e está “pegando”.
Não teremos apagão em 2008. Porém, continuará o risco para os anos seguintes.
Enquanto a Argentina atingiu 9% de crescimento do PIB, o Brasil chega perto de 5%. O Presidente vai à televisão e festeja. A mídia divulga. As pesquisas provam que todos acreditam no que o Presidente afirma.
Afinal, a grande maioria da população não é obrigada a conhecer de economia, nem saber o que acontece no mundo. Acredita no Governo.
Com maestria política, quando enfrenta uma crise, o Presidente declara ao povo que teve uma “herança maldita” de FHC. Mas, ao mesmo tempo, - sem que a opinião pública perceba – mantém toda a política econômica e financeira do seu sucessor (a grande explicação para a estabilidade da economia brasileira) e anuncia a continuidade da política de privatizações, que agora atinge até aeroportos.
Um respeitável Ministro do Supremo Tribunal Federal, na presidência da Corte Eleitoral, Marco Aurélio Mello, é intimidado com representação contra a sua conduta de magistrado, assinada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
O que fez o Ministro Marco Aurélio para merecer esse tratamento do Governo e do seu Partido?
Apenas, manifestou publicamente a sua estranheza pelo fato do Governo Federal lançar, às vésperas das eleições municipais e a pretexto de unificar a sua política social, o “Programa Territórios da Cidadania”, uma espécie de “mutirão”, no qual serão distribuídos bilhões de reais em 958 municípios brasileiros. E mais: o Presidente declarou enfaticamente que “a partir de agora são dois dias da semana em Brasília e o resto andando pelo país”. Quer dizer, “andar pelo país”, e distribuir favores e assistencialismo a céu aberto, em nome da “democracia”, da “liberdade” e do “amor aos pobres” (!!!!)
O Ministro Marco Aurélio nas suas declarações limitou-se a repetir a lei eleitoral, que no artigo 12 § 10° da lei 11.300/06, proíbe claramente no ano eleitoral o lançamento de programas sociais (inclusive o elastecimento) e o aumento de gastos, para evitar desequilíbrio no pleito.
O magistrado assim agiu, autorizado pelo artigo 23, XVIII, do Código Eleitoral, que lhe assegura competência - como Presidente do TSE - para tomar quaisquer providências que julgue conveniente à execução da lei eleitoral.
Por ter comportamento fiel aos seus deveres está respondendo a acusações feitas pelo PT.
Comenta-se que o Presidente e o PT sabem que o Ministro Marco Aurélio será inocentado. Porém, assim agem para intimidá-lo e levantar suspeitas futuras sobre quaisquer decisões que venha a tomar contra interesses do Palácio do Planalto.
Incrível, mas verdadeiro!
Com todas estas evidencias – além de outras não mencionadas – estou convencido de que o Presidente Lula deseja – de verdade – o terceiro mandato.
Essa história de lançar Dilma Roussef e Patrus Ananias é “conversa para inglês ver”. Embora sejam pessoas qualificadas pessoalmente, jamais decolarão numa eleição presidencial. Jamais. Falta-lhes carisma para isto.
No final, qual será o caminho?
Certamente, muitas reuniões, assembléias, “discussões em profundidade” - como costuma dizer o PT – e a concordância de que o único nome viável para ganhar a eleição é o do próprio Presidente Lula.
A economia reagindo bem; acalmadas as forças armadas com as concessões que estão sendo feitas; aumento para o funcionalismo público; os programas assistenciais ampliados; várias instituições e religiões cooptadas, o caminho para o terceiro estará pavimentado.
A mudança constitucional poderá ser feita num “passe de mágica” pelo Congresso Nacional.
Movimentos populares nas ruas?
Talvez, porém de apoio à possibilidade de continuidade do Presidente. O povo só conhece a versão oficial dos fatos. E se alguém se opuser logo lhe cairá na cabeça à pecha de “que está contra os pobres”.
Queira Deus que esteja enganado, mas a previsão é que o capítulo final dessa novela seja o Presidente Lula, a exemplo de D. Pedro I, afirmando da sacada do Palácio do Planalto: “como é para o bem de todos e a felicidade geral da nação diga ao povo que fico”.
Coluna semanal
blog NO MINUTO
www.nominuto.com.br
Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618