Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 19 de Outubro de 2007

    Mar de Lama

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    Marco Túlio Cícero. Orador eloqüente no Senado romano denunciou as iniqüidades políticas do seu tempo. O seu mais famoso desabafo é aquele em que menciona os “limites da paciência do cidadão”, quando afirma: “Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?” (“Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”). Esta frase de indignação é repetida há mais de 2 mil anos. Cada um coloca o nome que deseja no lugar de Catilina. E como existe, atualmente, fartura de nomes no RN, adaptados à situação abordada por Cícero!!!

    A classe política – com raríssimas exceções - perdeu a compostura. Está tudo muito pior do que há pouco tempo atrás. O despudor é completo, mesmo com as ações policiais recentes de combate a corrupção. E por que isto? Certamente, pela razão do Governo somente “jogar para a platéia”. Não há uma só medida saneadora radical, que higienize a atividade política. O Governo Federal – que domina tudo – limita-se a pequenos “curativos”. Se lhe convém salvar Renan, salva. Se lhe convém entregar a cabeça de Renan para aprovar a CPMF, entrega. Não há convicção. Há conveniência.

    A opinião pública sofre a influência da mídia dirigida e forma opiniões a base de situações pessoais, a maioria de frustrações. Aliás, a opinião pública majoritária (as exceções são minoritárias) não está diferente daquela que, entre os dois ladrões e Cristo, optou pelos dois ladrões. Salvam-se uns poucos, que extasiados diante das “práticas ilícitas dos políticos”, em troca de favores e verbas públicas, repetem o resto do discurso de Cícero: “não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste....., em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas? Oh tempos, oh costumes!”.

    Mas, o que fazer?

    É incrível a realidade eleitoral brasileira. Nem bem acabou uma eleição – a de 2006 – e já começa outra de 2008. O mesmo cenário: mobilização, despesas, pressões, “chantagens”, “blefes” etc. A única coisa realmente nova que aconteceu foram às decisões da Justiça Eleitoral sobre fidelidade partidária, abrangendo as eleições majoritárias e proporcionais. Do ponto de vista ético foi grande avanço. Já que o Congresso atual – o mais omisso dos últimos tempos – não fez absolutamente nada.

    Diante disso, a Justiça usou o seu poder regulamentar e de interpretação e estabeleceu o critério da fidelidade do eleito ao seu partido. Sob o aspecto jurídico há inquietações, pelo fato das últimas decisões assemelharem-se a um paciente, que sofria de males diversos e a cirurgia realizada foi apenas para curar um desses males. O risco de vida permanece. Mas, na verdade, é melhor a justiça eleitoral lutar por mais ética na política, do que a permanência do vazio legal a que o país ficou exposto pela ausência de ação legislativa do Congresso Nacional e de iniciativa do Governo Federal.

    Com uma lupa à mão procura-se quem defenda idéias, propostas, sugestões, sobretudo para oferecer mais empregos e oportunidades ao povo. Nada aparece Só “adesões” a peso de ouro de fulano e sicrano, ou as velhas e tradicionais práticas paternalistas dos governos, que “dão o peixe ao invés de ensinar a pescar”.

    Quem está na política ouve todos os dias as mesmas frases: “temos que acertar” (isto quer dizer prometer e liberar dinheiro); “ou, o Sr. se decide, ou já recebi uma proposta” (a chantagem de exigir quantia tal, já dizendo que outro dará). O mais grave de tudo é que está correndo “realmente muito dinheiro”, no Rio Grande do Norte. Há candidatos que se preparam para 2010 a base, exclusivamente, de somas financeiras astronômicas e “leilões” abertos de cargos e funções públicas, sem necessidade sequer de marcar o “ponto”. E fazem tudo isto com tranqüilidade absoluta. Não são incomodados por ninguém, pelo menos até agora.

    Iremos para 2008, salvo os julgados do TSE, com a manutenção do “status quo”. Pessoas de bem – regra geral – terão muita dificuldade de alcançar cargos públicos, por meio de eleição. Continuarão os mesmos e os partidos atuando como verdadeiras quadrilhas. Infelizmente, as eleições serão realizadas em mar de lama. Basta enxergar de Olho Aberto, tudo que está ocorrendo.

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