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Brasília em Dia

  • 04 de Setembro de 2010

    Risco de novo 11 de Setembro

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    Em dois de novembro próximo, serão realizadas eleições para o Senado e a Câmara dos Deputados nos Estados Unidos. Os democratas controlam as duas Casas (58 senadores e 256 deputados). Historicamente, o partido que chega à Casa Branca perde lugares no pleito seguinte. O governo Obama vive um momento politicamente crítico, mesmo tendo aprovado reformas polêmicas na área bancária e no sistema de saúde.

    Com motivação exclusivamente político-eleitoral, acendeu-se um pavio em Nova York, neste período de pré-eleição. Trata-se do projeto de construir uma mesquita e um centro cultural islâmico a dois quarteirões do local dos ataques do 11 de Setembro, onde ficavam as Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC). Os republicanos lideram virulenta campanha contrária. Alegam que a iniciativa significa provocação às famílias das vítimas do 11 de Setembro de 2001, com o saldo de quase 3 mil mortos em ataques lançados com aviões em Nova York, Washington e na Pensilvânia.

    Os democratas – com o presidente Obama à frente – defendem o direito de liberdade de culto e argumentam que a mesquita edificada consolida nos Estados Unidos o diálogo inter-religioso. “O comprometimento dos Estados Unidos com a liberdade de religião é inabalável”, afirmou Obama. “Como cidadão e como presidente, eu acredito que os muçulmanos têm o mesmo direito de praticar sua religião como qualquer um neste país”. Entretanto, a maioria dos eleitores do estado de Nova York (63%) se opõe ao projeto de construção da mesquita. Uma apuração da CNN/Opinion Research constatou que quase 70% dos norte-americanos se manifestam contrariamente ao projeto.

    Toda a polêmica gira em torno da interpretação da chamada primeira Emenda da Constituição americana, que assegura: “O congresso não deve fazer leis a respeito de estabelecer uma religião ou proibir o seu livre exercício ou diminuir a liberdade de expressão ou da imprensa ou sobre o direito das pessoas de se reunirem pacificamente e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações por ofensas”.

    Está claro que a primeira Emenda protege a liberdade de religião. Nos Estados Unidos, a liberdade religiosa é considerada um direito sagrado – the first right. Compreende até mesmo a liberdade de não crer. A doutrina constitucional entende que a luta pela liberdade de religião dá origem aos direitos fundamentais. No conceito, incluem-se outros direitos, tais como: liberdade de consciência, liberdade de crer ou não crer, liberdade de culto enquanto manifestação da crença, o direito à organização religiosa e o respeito à religião.

    Os republicanos esbravejam que na Arábia Saudita e em outros países islâmicos não é permitida a existência de igrejas católicas ou protestantes. Por isso, Nova York deveria ter comportamento idêntico. Esquecem que a diferença é estabelecida pelos valores democráticos americanos, que não podem ser nivelados aos dos muçulmanos, neste particular, sob pena de extinção. Por outro lado, os muçulmanos fazem parte da sociedade norte-americana. Do final do século XIX ao início do século XX, milhares deles emigraram para os Estados Unidos, vindos do império otomano e da Ásia, formando colônias e assimilando a cultura local.

    Consta que a construção de mesquitas na América é um fato historicamente comprovado. Em 1915, albaneses muçulmanos construíram a primeira no Maine. Elas servem também como centros de atividades sociais e políticas. Desempenharam papel importante na mobilização dos muçulmanos para se registrarem como eleitores e obterem o direito a voto. Atualmente, 70% da população muçulmana vota.

    O presidente Obama demonstra segurança legal ao defender a construção da mesquita e do centro cultural islâmico em Nova York. Negar seria tornar letra morta a regra constitucional americana, que consagra a liberdade de religião, a qual sempre foi respeitada no passado. Todas as instituições religiosas são livres para estabelecer os locais de culto, formação de clero e proselitismo, com severa proibição à discriminação.

    O único aspecto estratégico a ser pesado e medido será o risco de que a mesquita, ao lado do local onde ficavam as antigas Torres Gêmeas do World Trade Center, despertem o ódio da Jihad islâmica e dos estrategistas da Al-Qaeda, que consideram apóstatas os atuais líderes muçulmanos que tomam a frente do movimento. Neste caso, um novo 11 de Setembro poderia estar nascendo.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

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