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Brasília em Dia

  • 28 de Agosto de 2010

    A preocupação de Dilma

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    Em julho, a conta-corrente brasileira – que engloba as operações de bens e serviços com o exterior – teve o saldo negativo de US$ 4,5 bilhões, o pior resultado desde 1947. No ano, o déficit ficou em torno de US$ 28 bilhões (quase 3% do PIB). A forma de equilibrar seria o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED), que correspondeu a apenas 58% do déficit na conta-corrente. O país recorre a empréstimos de empresas nacionais no exterior, ações e renda fixa. Sintomas preocupantes!

    Em 2002, diante da crise da Argentina e do risco de recrudescimento da inflação, FHC propôs aos candidatos Lula e Serra a famosa “Carta ao Povo Brasileiro”, que levou o país a pedir socorro ao FMI e elevar os juros. Em 2010, a candidata oficial guarda a “sete chaves” a iminência de uma crise. Preserva-se eleitoralmente. Em vez da “Carta ao Povo Brasileiro”, assinou a “Carta ao Povo de Deus”, na qual defende a família e reduz a polêmica sobre o aborto e a união de homossexuais.

    A ex-ministra Dilma Rousseff está diante de uma caixa de Pandora e não pode deixar de admitir colapso econômico futuro. Contra números não há argumentos. Em 2002, o presidente argentino De la Rua tardiamente tentou evitar a catástrofe, sendo fulminado pela hiperinflação gerada no período Menem, justamente pelo crescimento desordenado e pelo desequilíbrio das contas públicas.

    O risco do retorno da inflação não resulta de suposto “aquecimento” econômico, mas de uma combinação de fatores internos e externos. Por mais meritórias que sejam as metas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é impossível jogar para “baixo do tapete” a arrepiante estatística dos gastos, que aumentaram 84,9% só no primeiro semestre deste ano, passando para R$ 8,935 bilhões. O superávit primário mensal de R$ 2 bilhões foi o pior em junho, desde 2003, quando atingiu R$ 1,6 bilhão. Queda de 1,8%.

    A dívida pública é afetada. Em junho, avançou 1% e atinge a cifra inacreditável de R$ 1,3 trilhão, ou seja, 65% do PIB. Contribuem as emissões de títulos, principalmente papéis prefixados e os juros elevados. Nos últimos meses, o crescimento ocorreu em consequência de um fato: o governo federal emitiu R$ 30 bilhões em títulos, comparados com o que resgatou em meses anteriores. Além do mais, o tesouro reconheceu o pagamento de juros da dívida, no valor de R$ 11 bilhões.

    O mais grave é o exemplo do governo federal, que incentiva os governos estaduais a caminhar na mesma direção. No último semestre, os gastos estaduais registraram superávit de R$ 14 bilhões – o pior desde 2006, também um ano eleitoral.

    Em que pesem a estabilidade de preços, o superávit no balanço de pagamento e a redução da dívida externa, o governo “abriu o cofre” de forma escancarada. As despesas públicas atingiram em abril o maior nível desde 2003. Representaram 18,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Nem a China aguentaria esta taxa!

    Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, elas correspondiam a 15,7%. Fugindo à proibição da lei eleitoral, o governo tem usado os recursos das estatais para aumentar ainda mais a despesa e gerar dividendos eleitorais.

    A verdade é que o recorde alcançado no crescimento das receitas disparou o “gatilho” dos gastos. Aliás, diga-se de passagem, o excedente do superávit primário alardeado pelo governo resulta exclusivamente do aumento da arrecadação e não de uma política racional de corte das despesas públicas. Observa-se notória fragmentação da política fiscal em função de dois fatores: os níveis do salário mínimo estão acima do limite defendido pela própria equipe econômica e ocorre gigantesca ascensão do déficit atual, no patamar de R$ 47 bilhões na previdência, em relação aos funcionários públicos, e R$ 43 bilhões, no tocante aos trabalhadores privados. Verdadeira bola de neve!

    Não se trata de pessimismo, nem pré-anúncio do caos. Apenas convém enxergar a realidade como ela é. Enfrentamos a crise econômica de 2008 e nos saímos bem. Isso não significa “céu de brigadeiro”. A candidata Dilma Rousseff conhece como ninguém os meandros do atual governo. Talvez por isso ela se preocupe com o futuro da economia nacional e já anuncia que estuda alternativa caso ganhe a eleição de 3 de outubro.

    Todo cuidado é pouco para evitar que o Brasil repita o quadro deplorável da Argentina ocorrido em 2002!

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

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