Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 05 de Junho de 2010

    Eleições na América Latina

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    As últimas eleições na América Latina têm demonstrado certo isolamento dos métodos políticos autoritários dos governos da Venezuela, Bolívia e Equador. O maior exemplo é a Colômbia. O candidato governista, Juan Manuel Santos, que segundo as pesquisas pré-eleitorais estaria empatado, quase ganhou no primeiro turno. Em 20 de junho, disputará o segundo turno com o candidato Antanas Mockus, do Partido Verde, em ampla vantagem.

    Aponta-se como causa da reviravolta eleitoral colombiana, condenação popular a entrevista do presidente Chávez, na véspera do pleito, ao jornal “El Tiempo”, quando declarou não ser possível ter relações com o candidato de Álvaro Uribe “porque se presta ao jogo do império para agredir um país irmão (…). O império ianque é esperto em dividir os povos e levá-los à guerra, porque isso os beneficia”. A intenção de Hugo Chávez era impedir a vitória de Santos para estender a sua revolução bolivariana à nação vizinha.

    No Panamá, ganhou o oposicionista Ricardo Martinelli, empresário milionário de 57 anos, que estudou nos Estados Unidos.  Martinelli, juntamente com presidente da Costa Rica, Oscar Arias – Premio Nobel da Paz - reconhece a eleição de Porfirio Lobo, em Honduras. O presidente Chávez apoiou o candidato derrotado, Balbina Herrera.

    No Chile, depois de 19 anos de governo da coalizão de centro-esquerda, a chamada “Concertación” perdeu a presidência para o candidato da “Alianza”, Sebastián Piñera, um dos homens mais ricos do país, dono da companhia de aviação LAN, de um sinal de televisão aberto e do time mais popular do Chile, o Colo Colo. Mesmo com uma popularidade acima de 80%, a presidente Michelle Bachelet não conseguiu transferir os votos para o seu candidato Eduardo Frei, que já foi presidente do Chile, um nome verdadeiramente respeitável. A maior causa da derrota foi a mudança do discurso de Frei, que defendeu mais Estado e menos mercado, ao contrário de como agiu no seu primeiro governo. Generalizou-se a desconfiança, sobretudo dos trabalhadores, com o temor da perda de empregos e volta à inflação.

    No Uruguai, ganhou o candidato do governo, ex-ministro de Agricultura José Mujica. Perdeu o ex-presidente Luis Alberto Lacalle, que governou entre 90-95. O novo presidente tem demonstrado equilíbrio e bom senso. Identificou-se com as posições liberais do Chile e ameaça lutar para transformar o MERCOSUL em mercado livre, a exemplo do que defende o presidenciável brasileiro, José Serra. Mujica confirma que o “poder é como o violino, se pega com a esquerda e se toca com a direita”.

    Em El Salvador, ganhou a oposição com Mauricio Funes, jornalista e ex-correspondente da cadeia de televisão norte-americana CNN. Promete ser um aliado de Washington DC, mesmo dizendo-se de esquerda.

    No Brasil, cerca de 130 milhões de eleitores irão às urnas para elegerem o presidente da República, governadores de 26 estados e Distrito Federal, deputados federais (513), 2/3 dos senadores (54), e deputados estaduais (1059). A campanha está nas ruas, inclusive com a propaganda eleitoral antecipada, comandada pessoalmente pelo presidente da República. Recentemente, o pré-candidato José Serra endureceu o discurso e denunciou o que é óbvio: “o governo da Bolívia é “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil”. O ex-governador de São Paulo deixou claro, que não fazia “acusação”, mas sim “constatação, ao declarar que 80% a 90% da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia, cujo governo faz “corpo mole”.

    Observe-se que o presidente Evo Morales propôs uma nova Constituição na Bolívia, onde está claramente definido que a folha de coca constitui “recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia e fator de coesão social”. A nova regra reduziu substancialmente o uso permitido e tradicional da coca, em favor do aumento de quase 50% da produção de pasta-base (“crack”) e de cocaína. A Folha divulgou declaração de uma autoridade da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal, de que a cocaína distribuída no país vem da Bolívia, a maior parte na forma de "pasta" para refino. Enquanto isto, o BNDES financia estrada para facilitar o escoamento do tráfico, além de concessões econômicas inadmissíveis, na área da Petrobrás.

    A resposta governista às denuncias do aumento do tráfico de entorpecentes ocorreu no último Fórum Mundial da Aliança de Civilizações, no Rio de Janeiro. O presidente Lula abraçou afetuosamente o presidente Evo Morales e fez piada às gargalhadas, ao dizer: “vamos posar aqui; vamos fazer inveja no Serra”. Em viagem à Bolívia, em 2009, o governante brasileiro colocou no pescoço um colar com folhas de coca, para fotografias ao lado de Morales (!). A indagação que será respondida nas urnas brasileiras é se a intimidade do governo brasileiro com Morales, Chávez e Rafael Correa será aplaudida e aceita pelo eleitor. Quem viver verá!

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    Revista Brasilia em Dia

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