Brasília em Dia
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24 de Abril de 2010
Obama tem razão
Vivendo em mundo globalizado, uma das alternativas para alcançar avanços e progresso – em qualquer área – é o debate de temas da pauta internacional. Daí porque, justifico plenamente os governantes que priorizam tais questões. Neste particular, o presidente Lula também seguiu a orientação de FHC, embora a sua política externa mereça críticas, sobretudo em relação à absurda tentativa de aproximação com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Mandela, ao assumir a presidência da África do Sul, voltou-se para o mundo. Conseguiu mostrar o potencial econômico e social do seu país. Era fortemente criticado internamente. Dizia-se que, eventualmente, “visitava” Pretoria. Ele agiu certo. Sem esta preocupação, o “apartheid" dificilmente teria sido superado e a África do Sul não atrairia investimentos externos.
A participação parlamentar no acompanhamento efetivo da política externa – como ocorre nos EEUU – é igualmente prioritária. Infelizmente, a Constituição do Brasil praticamente elimina a presença congressual nesta área. Incrível que os legisladores tenham aprovado em 1988 tamanha aberração. O Congresso Nacional – ao contrário do modelo mundial - é proibido de analisar o mérito de tratados e acordos internacionais. Transformou-se em fantoche. Coloca, apenas, o carimbo final. Os parlamentares perdem o mandato, se por acaso assumirem missões externas. Os Estados Unidos prestigiam os políticos voltados para a política externa. Num mundo globalizado, como justificar que a classe política se ausente – por proibição legal – de debate tão importante para o país?
A propósito da necessidade de frequentes gestões de política externa, teve exito a última reunião em Brasília do chamado BRIC (Brasil, Russia, Índia e China). Ficou evidente, que a Russia, Índia e China não se aliam ao Brasil na aproximação política de alto risco com Ahmadinejad. Os três países mostraram-se cautelosos. A China, mesmo dependendo de 12% do petróleo e gás iraniano, chegou a admitir sanções do Conselho de Segurança. Apenas, o Brasil mantém-se irredutível em acreditar na possibilidade de negociar com um país, cuja meta principal é eliminar Israel e apoiar ações terroristas.
O Irã reafirma categoricamente a sua recusa em obedecer às regras preventivas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que procura reduzir em 90% os estoques iranianos de material disponível para enriquecimento atômico. O Tratado de não-proliferação nuclear, aprovado em 1968, tem por objetivo básico evitar a proliferação de armas nucleares. No caso iraniano, a proposta recentemente frustrada trocaria o urânio iraniano de baixo enriquecimento, por urânio enriquecido na França e na Rússia, nos limites exigidos para uso em medicina nuclear. Com esta fórmula, se tornaria possível controlar os materiais nucleares iranianos, garantindo que não se destinariam ao fabrico de bombas. O Irã se recusa a qualquer diálogo neste sentido.
Como conciliar o uso pacífico da energia atômica, com as ameaças quase diárias do presidente Mahmoud Ahmadinejad? O presidente Obama abordou este risco, na recente “Cúpula de Segurança Nuclear”. Alertou para a hipótese do terrorismo ter acesso à bomba atômica, considerando a proximidade física e política da república islâmica às zonas de atuação da Al Qaeda e conexas. A questão fundamental em jogo resume-se em encontrar maneiras de impedir que terroristas obtenham material nuclear originário de reatores, laboratórios de pesquisa ou de hospitais e utilizem na produção de bombas. Em tal situação, ninguém pode esconder o sol com a peneira!
Contra fatos não há argumentos. As relações iranianas com o terrorismo são incontestáveis e os atuais governantes islâmicos não negam. São até coerentes, neste aspecto. Veja-se, por exemplo, o ministro da defesa (!!!) iraniano, Ahmad Vahidi, procurado pela Interpol, por envolvimento em dois ataques terroristas a bomba na Argentina, na década de 1990, além dos atentados de 11 de Setembro. Será possível alguém com tais características praticar o uso pacífico da energia nuclear?
A possibilidade do Irã ter a bomba atômica significará o fortalecimento do conflito aberto com os EEUU e países europeus. O que o mundo ganharia? Afinal, o Irã dispõe de quantidades exorbitantes de petróleo e dispensa a energia nuclear.
Independente de qualquer conotação ideológica, ou submissão política, o presidente Obama tem razão na advertência feita, justamente no instante em que se aproxima a decisão do Conselho de Segurança da ONU aprovar ou não as sanções contra o Irã.
O risco é grande. Proporcionalmente, o risco da posição brasileira é ainda maior, salvo se até lá o bom senso prevalecer e o presidente Lula se convencer de que Mahmoud Ahmadinejad não lhe ajudará a ganhar o premio Nobel da Paz!
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