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Brasília em Dia

  • 05 de Setembro de 2009

    A independência real

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    Amanhã, Sete de Setembro. A independência do Brasil está sendo comemorada pela 187ª vez.

     

    A data ainda é associada ao quadro de Pedro Américo  “O grito do Ipiranga”, onde se vê Dom Pedro arrancando do chapéu o tope português e bradando com exaltação: “Independência ou morte”. Muita água correra no riacho Ipiranga – palco da cena -, antes daquele gesto.

     

    Dom Pedro não agiu por patriotismo, capricho ou indignação.  Ele foi extremamente pressionado pelos fatos. Restoulhe a opção de declarar a independência, ou cumprir a decisão das Cortes, que o obrigavam partir para uma viagem incógnita à Inglaterra, França e Espanha.  A presença de Portugal em nossa história terá sido positiva, ou não?

     

    Acho que positiva. Como disse Ortega y Gasset: “A vida é uma série de colisões com o futuro, não é uma soma do que temos sido, e sim do que desejamos ser”. O Brasil, ao longo da história, enfrentou turbulências nas suas relações com Portugal.  No balanço final, Portugal contribuiu valiosamente para a consolidação da nossa identidade nacional. Os fatos históricos demonstram isto. Senão vejamos.

     

    No início do século XVI, após a descoberta, o Brasil era uma colônia com abundantes riquezas naturais, que supria as necessidades do reino português. O polo econômico situavase no nordeste, com as prósperas plantações de cana de açúcar.  Portugal se interessava em assegurar o controle da rota Atlântica.  O risco da aproximação entre índios e franceses despertou as atenções portuguesas, a partir de 1530.

     

    Na chamada América Espanhola, os vários centros de poder bloqueavam as tentativas de unidade nacional das colônias.  O contrário acontecia no Brasil, que durante três séculos dependeu da Coroa. Prevaleceu o desenvolvimento centralizado,  em razão do retardamento das descobertas de ouro, aliadas  a forte administração do Marquês de Pombal e a ação missionária dos jesuítas.

     

    A independência do Brasil começa a delinear-se, a partir da Inconfidência Mineira, anterior à Revolução Francesa, de

    julho de 1789. Influíram a emancipação dos Estados Unidos (1776) e as ideias dos enciclopedistas franceses.

     

    Outro fator decisivo foi Napoleão Bonaparte ter fragmentado Portugal em três partes; enfraquecido as províncias

    ultramarinas e invadido o país. Com isto, a família real fugiu para o Brasil (1808), acompanhada de cerca de dez mil pessoas.  A opção poderia ter sido Londres. O Brasil se transformou em caso isolado da transferência do Trono da Europa para a América, o que permitiu a preservação da língua portuguesa e a manutenção da integridade territorial. Logo em seguida (1809), aqui chegou a missão francesa, a convite de D. João VI, com o objetivo de desenvolver as artes em nossa terra.

     

    Na mesma época, Bolívia e Equador, com o uso da força, registravam manifestações em favor da emancipação política, enfraquecendo os vínculos coloniais com a Espanha. No Brasil imperava a paz, sem prejuízo do sonho de independência.  Os gestos amistosos dos portugueses facilitaram o processo em marcha. Em 1815, o príncipe criou o “reino unido de Portugal, Brasil e Algarves”, o que levou a proclamação do rei D. João VI.

     

    Acontecimento da maior relevância foi a revolução liberal de 1820, que causou o retorno de Dom João VI a Lisboa. Ele deixou seu filho, Dom Pedro, como Regente do Brasil. Há quem defenda que a Independência deveria ser comemorada no dia 19 de janeiro, Nesta data, em 1822, Dom Pedro não acatou as ordens para voltar

    à Europa e declarou: “como é para o bem de todos e a felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. A partir daí caracteriza-se de fato, uma separação entre Brasil e Portugal.

     

    O marco definitivo ocorreu às margens do Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822, quando Dom Pedro se negou a cumprir ordens de Portugal, tornando realidade a luta libertária de Tiradentes, José Bonifácio de Andrada e Silva, Hipólito José da Costa e a propagação das teorias do grande libertador, Simon Bolívar.

     

    A independência conviveu com a aristocracia rural, que manteve o trabalho escravo, a monocultura e o latifúndio.

    Hoje, a sofrível distribuição de renda e as dificuldades de inserção no mundo globalizado, tornam inadiável a concretização do sonho nacional de substituição definitiva da miséria e da exclusão social pela ampliação das oportunidades, com a elevação dos níveis de bem estar social. Quando isto ocorrer, teremos alcançado a independência real.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

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