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Brasília em Dia

  • 22 de Agosto de 2009

    Biodiesel ao invés de eólica

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    Um tema sempre em debate é a questão da matriz energética brasileira. Diz-se que governar é estabelecer prioridades. Isto porque, as necessidades e inovações são muitas e os recursos escassos.

    No debate, coloca-se o dilema de priorizar ou não a energia eólica - a eletricidade gerada pelos ventos. O governo federal, através da Lei n.º 10.438/2002, criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Sabe-se, em princípio, que a energia dos ventos é cara. Para se tornar competitiva necessita de apoio e incentivos governamentais, como ocorre com os parques eólicos instalados naqueles países que decidiram multiplicá-los. Por outro lado, a eletricidade das turbinas de ar não assegura confiança no abastecimento regular. Os ventos variam muito.

    O custo de produção da energia eólica é mais oneroso que as demais. Os equipamentos, na maioria importados, ainda são caros. A relação de quantidade de energia gerada pelo investimento realizado é mais onerosa que a biomassa da cana e da hidrelétrica e atinge cerca de 30% da potência instalada.

    Anuncia-se leilão específico para contratar energia eólica, em novembro próximo, ao qual se habilitaram 441 projetos, que totalizam 13,3 mil MW. Uma boa surpresa, porém dificilmente sairão do papel para a prática, se o governo não abrir o “pacote de bondades”, através de incentivos e isenções. São aqueles empresários, que falam em livre iniciativa da boca para fora. Somente se envolvem, quando há benesses oficiais, obtidas com lobbies e jogo de influência. Tais práticas desservem ao Brasil e deixam resquícios de corrupção velada.

    Claro que não pode ser proibido investir em energia eólica. Porém, que o façam com recursos próprios e nunca transferindo o ônus do financiamento para o Governo e o contribuinte.

    O Brasil tem uma vocação natural em sua matriz energética, que é a energia hidráulica (com grandes mananciais inexplorados), representando 77.3%, seguida da bio massa – este sim o caminho correto do futuro – com 3.5%.  A geração de energia por meio das hidrelétricas é a forma mais barata de todas. O combustível da geração vem de Deus. Além disso, o país dispõe de capacidade tecnológica, por meio da indústria civil, equipamentos, serviços de engenharia, de planejamento e otimização do sistema.

    Existem, ainda, outros potenciais de extração energética em derivados do petróleo, carvão mineral, gás natural e nuclear.

    Sem dúvida, a biomassa é a melhor forma de diminuir a dependência do petróleo, sem que o governo “reinvente a roda”. Nos últimos dois anos, o mundo absorveu 10 bilhões de litros de biodiesel. Para 2012 espera-se que esse número aumente para 50 bilhões. Hoje são consumidos no Brasil cerca de 200 milhões, com aumento estimado para 2,4 bilhões, em 5 anos.

    É óbvio que a nova matriz energética brasileira apoiase na energia da biomassa, composta de plataformas de etanol, biodiesel, florestas energéticas e resíduos. Em 10 anos, o programa do biodiesel se consolida, desde que nos próximos quatro anos seja reforçada a prioridade à sua implantação, sem divisão de espaços com utopias econômicas como a energia eólica.

    Estamos num bom caminho. O país amplia a participação de fontes renováveis - energia hidráulica, produtos da cana-de-açúcar, lenha e carvão vegetal - na sua matriz energética, bem acima da média em todo o mundo. Há 30 anos, o governo federal investe no programa Proálcool, o que já resultou na liderança mundial brasileira em pesquisas e produção de etanol.

    A presença de fontes renováveis na matriz energética brasileira é decisiva para que o país tenha um número relativamente baixo de emissões de gás carbônico, em função da produção de energia.

    O caminho das pedras em matéria de prioridade energética será indubitavelmente o “biodiesel”, obtido a partir da biomassa vegetal, que estimula a atividade agrícola, o progresso do agro business e gera milhares de empregos na área rural. No Brasil, a matéria- prima usada vem da soja, pinhão-manso e mamona.

    Essa história de privilegiar a geração de energia eólica – ao invés do biodiesel – significa “cobrir um santo para descobrir outro”. O país necessita de quem invista recursos próprios e confie no seu futuro. E não de quem só reivindique isenções e incentivos, num tipo de capitalismo que jamais levará o Brasil ao pleno desenvolvimento, porque sempre os lucros serão privados e os prejuízos do governo. Basta!

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

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