Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 18 de Julho de 2009

    O desafio para mudar

    090718_emdia.jpg

     

    Realizou-se em Trinidad Tobago a “V Cúpula das Amé­ricas”. Nas conclusões, os líderes reafirmaram o compromisso de garantir o futuro dos cidadãos das Américas, com base no combate à pobreza, segurança energética e sustentabilidade ambiental.

    O destaque do evento foi o brilhante discurso do pre­sidente da Costa Rica, Oscar Arias, 65, no poder pela segunda vez e ganhador, em 1987, do Nobel da Paz Mundial.

    Seguem-se trechos das palavras do Presidente Oscar Arias:

    “Tenho a impressão de que, cada vez que os países ca­ribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas, ou recla­mar. Quase sempre é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo”.

    “Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, as primeiras daquele país. Não podemos esquecer que nesse continente, pelo menos até 1750, todos os americanos eram pobres. Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, vários países subiram no vagão, inclusive os EEUU. A Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa. Não nos demos conta dela. Perdemos a oportunidade.”

    “Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, o Brasil tinha renda per capita maior que a Coreia do Sul. Há 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cinga­pura. Hoje, Cingapura caminha para U$ 40.000 de renda anual. Bem! Algo nós latino-americanos fizemos mal.”

    “Em 1950, cada cidadão norte- americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 15 ou 20 vezes mais rico que umlatino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos. É culpa da América Latina e do Caribe.”

    “Em outro pronunciamento, me referi a um fato, que somente demonstra o sistema de valores do século XX, que continua em prática no século XXI. Não se justifica que o mun­do rico se recuse a aplicar 100.000 milhões de dólares para ali­viar a pobreza dos 80% da população de um planeta, que tem 2.500 milhões de seres humanos, com uma renda de U$ 2 por dia. Enquanto isto, esse mesmo mundo rico gasta 13 vezes mais (U$ 1.300.000.000.000), com armas e soldados.”

     “A América Latina e o Caribe não podem gastar bi­lhões de dólares em armas e soldados. Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo? Nosso inimigo, presidente Correa, é esta desigualdade; o analfabetismo; o que não gastamos na saúde;não criamos a infraestrutura de estradas, portos, aeroportos. É a desigualdade que nos envergonha.”

     “Vá alguém a uma universidade latino-americana e pa­rece que estamos nos anos sessenta, ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em nove de novembro de 1989 aconteceu algo muito importante – a queda do Muro de Berlim — e que o mundo mudou. Temos de aceitar que este é um mundo di­ferente. Por não entendermos isto, economistas, historiadores, concordam que o século XXI é dos asiáticos e não dos latino­-americanos.  E eu, lamentavelmente, concordo com eles.”

     “Discutimos ideologias e os “ismos” (qual é o melhor? Capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalis­mo, social cristianismo...). Enquanto isto, os asiáticos encon­traram um “ismo” muito realista para o século XXI, que é o “pragmatismo”. Quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coreia do Sul, depois de ter se dado conta de que seus vizinhos enriqueciam de maneira acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: ‘Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me inte­ressa é que cace ratos’. Caso Mao estivesse vivo, teria morrido de novo, quando Deng afirmou que ‘a verdade é que enriquecer é glorioso’. Os chineses fazem isso desde 1979. Crescem a 11%. Tiraram 300 milhões de pessoas da pobreza. Enquanto isto, dis­cutimos ideologias, que devíamos já ter sepultado.”

     “A boa notícia para os latino-americanos é que Deng Xiaoping fez a mudança com 74 anos. Queridos presidentes: não vejo aqui ninguém perto dos 74 anos. Por isso, só lhes peço que não esperemos completá-los para fazermos as mudanças que temos de fazer”.

    O discurso do Presidente Arias representa o desafio para a América Latina mudar.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

    Faça seu comentário abaixo:


Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618