Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 24 de Maio de 2008

    O governo Lula

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     Não se pode esconder o sol com a peneira. O governo do presidente Lula vive bom momento político. Beneficia-se de circunstâncias positivas da economia mundial. Credita-se do que não fez e, às vezes, é debitado do que não tem responsabilidade. Na média geral ganha popularidade. Apela sempre para o emocional e a propaganda em massa.

    O seu maior trunfo foi o bom senso de não alterar a política econômica, que recebeu do governo passado. Dessa forma, aproveitou as condições externas positivas dos últimos anos para aumentar as exportações, reduzir a dívida pública e ampliar as reservas. O país assinou na época do Ministro Malan o melhor acordo para o pagamento da dívida externa de toda América Latina e Caribe. No plano interno, a lei de responsabilidade fiscal – que o PT foi violentamente contra a sua aprovação – favorece as contas públicas. Os frutos são colhidos com a estabilidade atual, que aumenta a confiança na economia e protege o país de choques externos com o “boom” do mercado imobiliário americano.

    No meio da euforia, paira no ar a incerteza de que o mundo caminha para elevado nível de incertezas sobre o futuro, no médio e curto prazo, em uma década. O relatório, chamado Global Risks 2008 (Riscos Globais 2008), diz que, “a incerteza se concentra em como a economia global vai responder à disseminação da crise de liquidez de 2007”.

    Visitei muito a Argentina no auge do governo Carlos Menem. Uma vez abordei um taxista sobre política. Ele exclamou perplexo: “Deus mandou Menem. Não precisamos de mais nada, além disto!” A Argentina precisava de um governo que olhasse para o futuro e não apenas surfasse nas ondas favoráveis de ventos eventuais e passageiros. Deu no que deu. Beirou uma guerra civil e Menem paga hoje o preço da ilusão que plantou.

    Não comparo – nem desejo – que o governo Lula tenha o mesmo destino de Menem. Porém, a história é uma bússola. O momento de fartura deve ser usado para capitalizar e investir. O refrão popular, mais uma vez se aplica: “o importante não é dá o peixe; mas sim ensinar a pescar”.

    Claro que merece total apoio a política de distribuição de renda. Ninguém é contra dá de comer a quem tem fome. O que não se justifica é ser essa a única prioridade. O dever de casa para estabilizar o futuro resume-se em maior atenção com a área de infra-estrutura. De certa forma, o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) se propõe a responder tal desafio. Porém, as soluções não nascem dos “comícios” que o Presidente faz, quando visita os Estados e libera as verbas do PAC, em notório clima eleitoral.

    Os R$ 500 bilhões previstos para o PAC até 2010 terão que priorizar, em dose maior, as ações na indústria, infra-estrutura, sobretudo logística. Os investimentos em geração de energia são inadiáveis. Em 2008 não houve “apagão” maior que o do passado, pelo fato de São Pedro mostrar que é brasileiro e “ter mandado” muita chuva. Esta é a realidade.

    Outro ponto são as estradas, ferrovias e portos, a grande maioria ineficiente para atender aos padrões do mercado internacional e alavancar o crescimento. O caos aéreo não está superado. Com o aumento desordenado do processo de urbanização nacional agigantam-se os efeitos da falta de segurança, saneamento básico e transporte de massa.

    Na hora em que vozes internacionais tentam desestabilizar o programa nacional de biocombustíveis, acusando-o de gerar escassez de alimentos, chega a hora da absoluta prioridade aos investimentos no setor alimentar e agrícola, basicamente no aumento da produção de carnes, frutas e alimentos orgânicos.

    Não sou daqueles que “torcem pelo quanto pior melhor”. Reconheço alguns avanços no governo Lula. Mas, falta muito para ser uma administração que priorize o crescimento sustentável, socialmente benéfico. Há tempo, ainda, para atingir esse objetivo.

    Considero indispensável à participação da oposição, no sentido de sugerir opções e alternativas em áreas “consensuais”, sobretudo aquelas relativas ao equilíbrio fiscal, inflação, câmbio, segurança pública, geração de empregos e oportunidades, saúde pública etc. A Espanha deu o exemplo vitorioso do “Pacto de Moncloa” e o Chile da “Concertación”, que facilitam a governabilidade.

    Quando o ministro José Múcio assumiu fiz a sugestão – já tantas vezes apresentadas por outros - de um pacto político no Brasil, em artigo que escrevi nesta revista em dezembro passado. Silêncio. Aliás se justifica, porque opinião só vale quando é pedida... Não foi o caso.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br


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