Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 05 de Janeiro de 2008

    2008: novo ano velho

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    Estamos em pleno ano de 2008. A democracia brasileira continua como um carrossel enferrujado, que gira em torno de eleições sucessivas. Os carrinhos e marionetes são substituídos por certos personagens carcomidos da política nacional, que criam toda sorte de obstáculo para uma reforma política, eleitoral e partidária. Adiam-na sempre.

    Poucos assumem posição de considerá-la urgente, fundamental, suporte para a democracia e a governabilidade. Quando começa alguma discussão no Congresso Nacional sobre esse tema erguem-se as “vozes empoeiradas” de sempre.

    Uns, em nome do falso equilíbrio e da “prudência pré-fabricada” argumentam que não se pode fazer nada “em cima da perna. Outros, proprietários privados de “legendas”, fazem a defesa deslavada dos seus privilégios e instrumentos de “chantagem e enriquecimento ilícito”. Preservam, sem descaramento, os “partidos de aluguel”. Não me refiro àqueles partidos históricos, que mesmo pequenos, merecem respeito e credibilidade, por terem idéias e programas..

    Como nada foi mudado - nem será, por vedação constitucional - a conversa política em 2008 continuará a mesma.

    Imagino – e é imaginação mesmo – o diálogo de qualquer político brasileiro, ao visitar as suas bases eleitorais. Seria mais ou menos assim:

    Político - Então, amigo, vim hoje visitá-lo. Estou às suas ordens e dos nossos amigos.

    Correligionário - É! Mas o senhor sabe que o ano começa e temos eleição de vereador e prefeito.

    Político - Claro. Por isto estou aqui. Ficarei ao lado dos meus amigos.

    Correligionário - Isso é muito pouco. Precisamos de dinheiro e ajudas para eleição municipal. Eleição se gasta muito. Aqui o adversário está “danado” dando remédios, cesta básica, médico, remédio, tudo. A gente faz a mesma coisa, ou será melhor nem ter candidato.

    Político - É. Mas o amigo sabe que a Justiça Eleitoral está de “olho aberto”. Proíbe essas coisas.

    Correligionário - Coisa nenhuma. Com essa lei antiga a Justiça faz o que pode. Aliás, é ainda quem se diz presente. Mas, continuará tudo como era. Quem foi punido no passado? Um gato pingado aqui, outro acolá. A grande maioria usou o “vale tudo” e está no poder.

    Político - Não é bem assim... São circunstâncias políticas.

    Correligionário - Infelizmente é assim. Feio é perder, amigo.

    Político - A gente tem de reagir com ética e transparência.

    Correligionário - Como reagir, se permanece uma lei velha e o governo oferecendo bolsa família, vale gás, vale moradia? Eu sei que a reforma política não significará milagre, nem paraíso imediato. Porém, sem ela tudo continuará como está.

    Político - Proponho que você me dê fatos e nomes de pessoas que fazem tanta corrupção. Vou entregar à Justiça e ao Ministério Público para aplicar a lei e punir.

    Correligionário - Deus me livre de lhe dá isto. Não sou “dedo duro”. Além do mais tudo daria em nada. O pior é que o povo fica contra a gente. Dirá que estou impedindo ajudas para os pobres. O governo tem tudo e dá a quem quer, em nome da prioridade social. E quem não arrumar dinheiro perderá a eleição.

    Político - Lembre-se que o nosso partido tem uma proposta e projeto para o futuro do Brasil. Mais empregos, saúde, oportunidades, educação. Vamos discutir isto.

    Correligionário - Proposta para amanhã não ganha eleição. O povo quer proposta e projeto para hoje, desde que coloque dinheiro no bolso e cesta básica no estômago.

    Político - Essa história de cesta básica, sem promoção humana, é paternalismo, engodo, demagogia, assistencialismo. Quem propõe cesta básica e dinheiro está querendo se aproveitar da miséria do povo. A gente não tem que dá o peixe. Tem que ensinar a pescar. Preparar o cidadão para o futuro.

    Correligionário - Talvez o senhor esteja certo. Mas como nada mudou no Brasil, somente terá sucesso quem distribuir cesta básica e bolsa família. É triste. Até uma humilhação para quem recebe. Mas eu vejo até “gente grossa”, aplaudindo esse tipo de solução enganosa.

    Neste quadro realístico, 2008 se antecipa como um novo ano velho.

    Só resta a esperança de que o povo – em momento de lucidez coletiva – faça através do voto livre a reforma que os políticos – em defesa própria – deixaram de fazer.

    Será difícil? Sim.

    Mas não, impossível!    (Seu Comentário

     

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