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Brasília em Dia

  • 22 de Junho de 2013

    Conflito China vs Estados Unidos?

    2013-06-22-emdia

     

    O canal do Panamá – ligação dos oceanos Atlântico e Pacífico -, é considerado uma das “sete maravilhas” da engenharia do século XX, junto com obras como a ponte Golden Gate, o Eurotúnel, o edifício Empire State, a torre “Canadian National”, a hidrelétrica de Itaipu e os diques holandeses.

    No último dia 14, o presidente Daniel Ortega da Nicarágua sancionou uma lei especial, que ameaça a importância estratégica (militar e econômica) desse Canal. A legislação outorga a concessão de um “novo canal” interoceânico, entre os oceanos Atlântico e Pacífico, à empresa de capital chinês “HKND – Nicaragua Canal Development Inversion Company.

    Após concluído o canal, os chineses administrarão por cinquenta anos, com a prorrogação de outros cinquenta. O megaprojeto a iniciar-se imediatamente incluirá nos próximos dez anos, a construção de um canal aquático, dois portos de grande proporção, um canal seco que consiste em uma via férrea entre os dois portos de água profunda, oleoduto, dois aeroportos e duas áreas de livre comércio.

    A previsão é de que a obra traga à Nicarágua, um surto de crescimento econômico de 12%, no período de 2014 a 2016, aumento de 136% do PIB e a oferta de quase 1.3 milhões de empregos formais, em torno de 28% ao ano, durante os dez anos de construção. O canal a ser construído no lago Cocibolca – a maior fonte hídrica da região centro-americana - terá capacidade de captar 3.9% da carga marítima mundial. Ambientalistas protestam pelo fato da água do lago passar a ser usada para navegação comercial, ao invés de consumo humano.

    A história mostra que no século passado geraram protestos as concessões feitas pelos panamenhos, durante a construção do Canal do Panamá. A soberania norte-americana sobre o Canal, assegurada por tratado em 1903, concedeu direitos eternos de operacionalização do canal. O presidente Jimmy Carter, em 1977, firmou acordo de retirada americana, o que se concretizou em 1999, após uma transferência gradual de soberania, que durou uma década.

    Agora, em pleno século XXI, canal de proporções maiores do que o do Panamá será construído por uma potência como a China, país que ameaça transformar-se em líder da economia mundial, desbancando os americanos. A pergunta no ar é se a decisão do presidente nicaraguense de transferir parte do seu território para influencia dos chineses será assimilada pela Casa Branca, Europa, Japão e outras nações.

    É bem verdade, que desde as primeiras tentativas de construção de um canal, ligando o Atlântico ao Pacífico, a Nicarágua era apontada como o local ideal. Interesses comerciais e políticos de franceses e americanos dificultaram o diálogo, à época, com o governo da Colômbia, que dominava a colônia do Panamá. No início do século XX, os americanos ajudaram militarmente e o Panamá se tornou independente, o que facilitou a implantação do canal em seu território e a entrega da zona de operações aos Estados Unidos.

    O “novo canal” chinês e nicaraguense começa a ser construído na véspera do centenário do Canal do Panamá e da entrega de obras de duplicação, que custarão bilhões de dólares e permitirão acessos de super navios, capazes de cruzarem os oceanos com mais rapidez e aumento do número de toneladas transportadas, podendo chegar a 600 milhões ao ano, além de redução entre 7% e 17% do custo operacional.

    Será que os países com presença tradicional no uso econômico do Canal do Panamá aceitarão que a China utilize um acesso ao lado, para incrementar isoladamente a sua atividade comercial? Ou, será que os mesmos protestos no início do século XX, acerca do risco de dominação dos Estados Unidos no canal do Panamá, se repetirão agora em relação a China? É bom lembrar, o voraz apetite chinês por energia e o desejo já demonstrado de financiar a construção de um oleoduto, que sairia do Pacífico através da Colômbia, visando transportar o petróleo venezuelano por via marítima.

    O “fato novo” que surge, talvez possa gerar um conflito diplomático e econômico entre Estados Unidos e China. A causa será a parceria entre nicaraguenses e chineses, na construção de um canal transoceânico, altamente estratégico e concorrente do canal do Panamá.

    Queira Deus, que nada aconteça!

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